Nas últimas décadas vimos o potencial tecnológico do Brasil crescer ano após ano. E, dentro deste aumento exponencial, os setores aeroespacial e aeronáutico não ficaram de fora. Apesar de assunto novo para o conhecimento social, é um tema amplamente estudado há anos por profissionais relacionados, que visam desenvolver novas e modernas aeronaves e promover a criação de satélites, por exemplo, incorporando inovações à realidade nacional. A Indústria 4.0 foi essencial nesse processo, com o uso de Inteligência Artificial (IA), Tecnologias de Rede, Internet das Coisas (IoT), Produção Inteligente e Conectada (PIC), Materiais Avançados (MA) e Armazenamento de Energia (AE). Agora, o país corre para atingir seu lugar no céu!
Quando o tema é a incorporação de novas tendências, a indústria aeronáutica é uma das mais desenvolvidas do planeta. Podemos perceber isso ao encontrarmos as notícias de Jeff Bezos indo à lua e a batalha entre países por um lugar fora do planeta Terra. Entre essas inovações, podemos dividi-las em nove seguimentos: combate, treinamento, transporte, jatos, turboélices, jatos executivos, leves, asas rotativas e veículo aéreo não tripulado (VANT), em que os modelos são agrupados conforme o nível de impacto na Indústria 4.0 a respeito de sua estrutura de mercado, observando um prazo de dez anos. Sendo assim, o sistema é subdividido em quatro categorias:
1.Estruturas com poucas alterações significativas
2.Protótipos com pequenas alterações
3.Mudanças intermediárias no negócio com novos padrões
4.Grandes adaptações devido ao uso extremo de tecnologia
De acordo com um artigo publicado pela Universidade Federal de Campinas (Unicamp), no final de 2020, estima-se que o impacto da modernização gerará uma nova seção na indústria, com veículos aéreos urbanos. Lembra quando assistíamos a filmes como “De volta para o Futuro” (1985), e víamos os carros voadores e pensávamos em quando aquela modernidade seria real? Saiba que isso já não é mais só “coisa de filme”. O mercado de veículos aéreos urbanos está em expansão e pode se tornar palpável ainda nesta década. O setor de Mobilidade Aérea Urbana (UAM) tem atraído uma parcela considerável de investidores e já é possível encontrar startups focadas no tema, como é o caso da Eve Urban Air Mobility Solutions, ligada a Embraer, que busca desenvolver o ecossistema com modelos e formas de oferecer suporte na gestão de tráfego aéreo nas cidades. O propósito é que estes modelos sejam seguros e econômicos, para que mais pessoas possam ter acesso. Além de visar a sustentabilidade, já que serão totalmente elétricos, com baixo ruído, 80% menor do que um helicóptero, e claro, eficiente e tranquilo. Os protótipos são formados por quatro assentos e capazes de voar até 100 quilômetros. Espera-se uma oferta inicial com piloto a bordo e, futuramente, com transporte automatizado. Vale ressaltar que em março deste ano, o primeiro táxi espacial voou pela sede da Embraer, em Gavião Peixoto (SP). Com certificação de veículo elétrico de decolagem e pouso vertical (eVTOL) o táxi possuía 10 hélices, oito horizontais e duas verticais.
Agora, imagine acessar um aplicativo de celular e solicitar um avião para ir ao trabalho ou a qualquer outro lugar? Com a evolução da tecnologia, não demorará muito para nos inserirmos nesse cenário – talvez não como você esteja pensando, em um Airbus ou Boeing, mas similar capacidade de se manter no ar. No entanto, para serem utilizados, existem diversos regulamentos que precisarão ser criados, afinal, os “carros voadores” disputarão lugares com prédios, pássaros e drones de entrega, movimentando a logística e infraestrutura de inúmeros setores. Por isso, órgãos reguladores como a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos já pensam em maneiras de gerar normas que garantam a segurança durante os voos pelas cidades.
Agora que já falamos sobre o céu, que tal irmos para o espaço? Este ano, o Brasil teve um importante avanço no setor aeroespacial com o lançamento do Amazonia 1 (sem acento), o primeiro satélite de observação da Terra totalmente nacional, que busca monitorar os recursos naturais e auxiliar no combate ao desmatamento. Desenvolvido pelos laboratórios do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o modelo tem geradores solares, sistemas de propulsão, câmeras, antenas e um gravador digital de dados.
O lançamento do Amazonia 1 traz inúmeros benefícios para o Brasil como a consolidação do desenvolvimento de satélites de três eixos, o avanço da indústria nacional, validação da Plataforma Multimissão (PMM), criando confiabilidade e redução de prazos e custos para a criação de futuros satélites e da propulsão do subsistema de controle de atitude e órbita e muitos outros.
É importante ressaltar que, embora o Brasil já tenha lançado seis outros satélites, esse é o primeiro modelo 100% nacional, tanto em sua projeção, quanto em testes, integrações e operações. Isso permite que o país crie autonomia para atuar em outras missões espaciais com diferentes propósitos.
Já percebemos o quanto o país está evoluindo no setor aeroespacial e aeronáutico, certo? É impossível não criar esperanças com tantas inovações, e o melhor, todas em busca de sustentabilidade, seja com veículos aéreos elétricos ou com satélites que monitoram as ações prejudiciais ao ecossistema.
Só nos resta aceitar que nem o céu é o limite.
**Marisa Zampolli é CEO da MM Soluções Integradas e engenheira elétrica especialista em energias renováveis.