* Por Luis Arís
Qualidade do ar. Temperatura. Ausência de bolor. Iluminação natural ou artificial. Limpeza. Contato com a natureza. Uso de cores com impacto positivo. Inteligência do layout. Todos esses elementos influem na reconquista da saúde de pacientes hospitalares e na preservação da qualidade de vida dos profissionais de saúde. Mas, infelizmente, nem sempre os edifícios que sediam os hospitais brasileiros são projetados ou renovados pensando-se na saúde desses prédios.
Na era da medicina de precisão, o ambiente físico onde está inserido o paciente tem de contribuir para a redução de riscos, do stress e o aumento da esperança.
O foco da medicina de precisão é no paciente. Esta estratégia baseia-se em quatro “P’s”: Preditiva – uma visão antecipada sobre os riscos de saúde do paciente –, Preventiva, indicando que ações adotar para evitar o problema de saúde, Personalizada – a capacidade de chegar aos detalhes do prontuário de saúde da pessoa – e, finalmente, Participatória. Nesse caso, trata-se de entregar ao paciente o controle sobre seus dados, para que a própria pessoa se engaje na melhora de sua condição física.
A medicina de precisão está intimamente ligada à bandeira dos Smart Hospitais – mercado que, segundo pesquisa da Juniper Research de Janeiro de 2022, valerá US$ 59 bilhões de dólares até 2026. A meta é alinhar o foco no paciente com uma máquina viva – o hospital inteligente – configurada sob medida para as demandas da pessoa.
Temos no Brasil hospitais reconhecidos internacionalmente. Na edição de 2021 do ranking da revista norte-americana Newsweek dos melhores hospitais do Brasil, destacam-se centros localizados nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. É o caso do Hospital Israelita Albert Einstein, do Hospital Moinhos de Vento, do Hospital Sírio Libanês e do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Para entrar nesse ranking, esses hospitais apresentaram uma excelente performance em diversos quesitos relacionados ao cuidado com o paciente. São instituições brasileiras que caminham em direção ao modelo do hospital inteligente.
Faz parte desta jornada repensar a saúde do edifício, visto pelas entidades certificadoras do setor hospitalar como um elemento crítico na promoção do bem-estar de pacientes e da equipe de saúde. Os rankings dos melhores hospitais medem pontos como infecções pulmonares relacionadas a problemas respiratórios que podem ser causadas por falhas na ventilação do ambiente.
Sensorização dos edifícios hospitalares
Desde a pandemia, a digitalização dos processos hospitalares no Brasil avançou muito. Mas ainda há o que se fazer em relação à sensorização e monitoração preditiva dos ambientes físicos dos hospitais.
Hospitais são ambientes altamente complexos, nos quais é crítico manter, em regime 24/7, temperaturas, umidade, pressurização, qualidade do ar e iluminação precisos. Usar a tecnologia para assegurar condições ambientais constantes é crucial, também, para a estabilidade dos produtos farmacêuticos.
Os sistemas de gestão e controle predial (BMCS – Building Management and Control Systems) são projetados para lidar com esse desafio. Os gestores de instalações hospitalares precisam analisar 24x7 dados ambientais e de controle, prever falhas e apresentar relatórios alinhados com as exigências de conformidade regulatória do setor de saúde.
Foco na experiência do paciente
Com a satisfação do paciente e os resultados de saúde determinando mais do que nunca seu faturamento, os hospitais estão em busca de maneiras de aprimorar a experiência do paciente. O desempenho de seus edifícios e suas instalações de armazenamento médico é crítico para o atingimento desta meta.
Os BMCS modernos coletam dados gerados por dispositivos IoT ou IoMT (Internet of Medical Things), além de interoperar com outras plataformas digitas. Com isso, fornecem uma visão geral do desempenho de sistemas que afetam tudo, desde controle climático até iluminação.
Esse controle centralizado na TI é um dos trunfos do hospital inteligente.
Um desafio extra é o fato de muitos hospitais contarem com instalações espalhadas por diferentes pontos geográficos. Gerenciar vários edifícios em múltiplos bairros, cidades ou estados é um desafio comum. Essas redes complexas precisam ser monitoradas centralmente, pois muitas instalações remotas de hospitais não contam com times de TI.
A interdependência entre smart hospitals e BMCS
Em todo o mundo, sistemas isolados estão dando lugar a BMCS analíticos capazes de suportar a eficiência energética e a gestão plenamente preditiva do hospital inteligente.
A análise de dados de desempenho de equipamentos espalhados por todos os espaços do hospital é essencial nesta jornada. Coletando os dados e completando a análise, os gestores de instalações hospitalares podem agendar manutenções com maior eficiência e ter a flexibilidade necessária para minimizar impactos sobre os pacientes e a equipe médica.
Todas essas metas exigem que os hospitais ultrapassem a fase de soluções de monitoramento pontuais, focadas em determinados tipos de equipamentos ou espaços hospitalares. Quem contar com uma plataforma integrada de monitoramento otimizará o tempo de seus profissionais de gestão e ganhará uma visão preditiva sobre o complexo ambiente hospitalar. Ficará mais fácil manter as precisas condições ambientais típicas de um hospital inteligente.
A abordagem de monitoramento centralizado do edifício hospitalar e de seus equipamentos e sistemas transforma o hospital num ambiente customizado de acordo com as necessidades do paciente e dos profissionais médicos. Quem ganha com isso é o Brasil e cada pessoa que precisa de ajuda para recuperar sua saúde.
*Luis Arís é Gerente de Desenvolvimento de Negócios da Paessler LATAM.