Por Arthur Patrício
O setor da construção civil é atualmente um dos principais responsáveis pela taxa de crescimento da economia brasileira. De acordo com dados do IBGE, em 2022, o segmento registrou uma expansão de 10,5% em relação a 2021 e, hoje, conta com cerca de 23 mil empresas, ocupando direta e indiretamente mais de 3,7 milhões de pessoas. Além disso, a previsão é que, até 2030, a cadeia de construção civil seja responsável por um investimento total de R$ 2,7 trilhões, movimentando ainda mais o cenário econômico do país.
E, em um segmento que cresce a cada ano, é evidente que investir em inovação seja imprescindível. Cada vez mais, as empresas deste mercado buscam alternativas procurando mitigar os riscos e garantir a melhor qualidade na entrega das obras. Neste sentido, as práticas do ESG vêm ganhando notoriedade no setor da construção civil e tornando-se uma aliada consistente, proporcionando um desenvolvimento adequado e otimização dos serviços entregues em seus três aspectos: ambiental, social e governança.
Environmental (E): o meio ambiente no setor de construção civil
Para entender com mais precisão como o ESG impacta o setor construtivo, é necessário separar cada um de seus conceitos. Iniciando pela primeira letra da sigla, que refere-se às questões ambientais (Environmental, em inglês), um relatório divulgado em parceria pela UNOPS, PNUMA e Universidade de Oxford, aponta que o segmento de infraestrutura e construção é responsável por 79% do total das emissões de gases de efeito estufa, reforçando sua relevância para as ações de mudanças climáticas e sustentabilidade.
Por outro lado, em 2021, dados apresentados pelo Green Building, organização com o objetivo de promover a sustentabilidade no projeto, construção e operação, indicam que, atualmente, o Brasil ocupa a 7ª posição entre 180 países no ranking mundial de sustentabilidade, reforçando a concepção de que cada vez mais as companhias buscam aplicações ecológicas no setor da construção civil.
Pensando em fortalecer ainda mais a adesão às práticas de sustentabilidade promovidas pelo conceito de ESG, o Green Building criou a Certificação LEED (Liderança em Energia e Design Ambiental, em português), a qual classifica e certifica construções energeticamente eficientes. Com isso, em 2021, por exemplo, 89 projetos foram certificados no Brasil, gerando uma redução média de 25% em energia, 40% a 60% em água e mais de 80% em resíduos sanitários, segundo dados do Green Building Council Brasil.
Tendo em vista tamanho impacto, é imperativo a implementação de novas práticas, soluções e tecnologias no setor, auxiliando as empresas a projetar uma arquitetura sustentável e ambientalmente correta.
Desta forma, por meio de tecnologias adequadas, já existentes no mercado, é possível monitorar e organizar o cenário para que os projetos tenham menor impacto ambiental, escolhendo, por exemplo, um fornecedor mais próximo do local da construção ou adquirindo materiais com baixa produção de carbono.
Social (S): o cuidado com a comunidade e os colaboradores
A segunda definição do ESG tem como base a questão Social (S), abrangendo tanto os profissionais do setor da construção civil, como também aqueles que são impactados diretamente, a sociedade. O conceito de Social visa levar melhores condições de trabalho aos colaboradores da cadeia de construção civil, sempre prezando pelo seu bem-estar e segurança, bem como a qualidade do serviço e a produtividade da empresa.
Além disso, um novo projeto de construção também influencia parte da comunidade ao seu redor, impactando, muitas vezes, sua rotina e sua comodidade. Assim, investir em ferramentas tecnológicas que aumentem a eficiência do setor, ajuda a diminuir o tempo de execução dos processos, por meio da padronização e automatização das operações e minimiza o os impactos sociais e riscos de acidentes através de um controle maior das obras em tempo real.
Governance (G): tecnologia auxiliando as práticas de governança no setor da construção civil
Fechando o elo dos conceitos do ESG, a governança (Governance, em inglês) é a última letra da sigla e, no caso do segmento da construção civil, é imprescindível para garantir a eficiência das práticas socioambientais, uma vez que contar com uma governança efetiva de indicadores de produtividade na construção civil contribui diretamente com os resultados finais da obra. De acordo com um estudo da Deloitte, uma boa gestão de projeto pode fazer uma empresa economizar entre 5% a 10% de suas despesas de capital.
A pesquisa ainda aponta que 80% das empresas de construção civil investem parte de sua receita líquida em tecnologia. Levando em consideração que uma estratégia digital otimiza todas as etapas da gestão de ativos, implementar soluções que auxiliem na governança dos projetos podem trazer maior segurança, redução dos custos, aumento da eficiência e da produtividade do processo construtivo. Com um controle mais assertivo dos contratos, licenças, operações, custos e transparência dos dados, é possível reduzir os desperdícios, os impactos sociais e promover maior consistência com relação ao fluxo de informações em tempo real.
ESG: um desafio real, mas necessário
Apesar de ser considerado como uma tendência, o ESG ainda é visto como um grande desafio por diversas companhias do mercado de construção civil, devido, muitas vezes, à imaturidade ou resistência para aderir as tecnologias necessárias para implementar suas práticas.
No entanto, é importante enfatizar que a inovação é essencial para um futuro mais sustentável para o setor da construção civil e sem ela, seria impossível evoluir e contribuir com a evolução econômica do país. Por meio de soluções tecnológicas que permitem o controle, análise e organização de informações, cenários e ativos, as tomadas de decisão tornam-se muito mais assertivas, integradas e garantem não apenas maior eficiência operacional e financeira, como também um acompanhamento socioambiental do projeto.
Arthur Patrício é Sales Leader da divisão MTWO, da SoftwareONE Brasil, companhia associada ao Green Building Council Brasil.