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O que é neutralidade de carbono e como atingi-la até 2050?

É possível que você já tenha ouvido falar em “neutralidade de carbono” aqui e ali, afinal, o termo já circula na praça há algum tempo. Crucial para vencermos a luta contra as mudanças climáticas, esta estratégia será um termo cada vez mais familiar às pessoas e às empresas.

Já está bem documentado que o aumento das temperaturas está, de fato, causando muitos efeitos negativos. Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), é vital mantermos o aquecimento global dentro do limiar de 1,5°C para evitar danos irreparáveis.

Mas como podemos fazer isso?

Neutralidade de carbono: significado e por que é importante?

Novamente segundo o IPCC, a neutralidade de carbono pode ser descrita como “o estado em que as emissões líquidas de dióxido de carbono (CO2) relativas ao ser humano ou à sua ação são equilibradas pela remoção destas emissões durante um período especificado”.

Em outras palavras, para alcançar a neutralidade de carbono, as emissões de CO2 produzidas em todo o mundo devem ser balanceadas por uma quantidade igual de remoção de carbono (prática conhecida como compensação de carbono), de modo que o impacto líquido no meio ambiente seja igual a zero.

É um objetivo ambicioso, mas que ficou ainda mais desafiador depois dos últimos acontecimentos globais, como a pandemia e conflitos armados, retardando o entendimento em torno deste processo. No entanto, para alcançar a neutralidade carbônica até 2050 é fundamental cumprir o que ficou estabelecido no Acordo de Paris, assinado por 196 países na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas COP21 em Paris e em vigor desde 2016.

Neutralidade de carbono x Net Zero

Junto com a neutralidade de carbono, outro termo que vem ganhando cada vez mais destaque nos últimos anos é o Net Zero. Embora os dois termos sejam frequentemente utilizados como sinônimos, eles têm significados ligeiramente diferentes.

A neutralidade de carbono se refere ao estado em que as emissões líquidas de CO2 produzidas por uma organização ou indivíduo são iguais a zero. Em outras palavras, as emissões produzidas são compensadas por uma quantidade igual de remoção de CO2 da atmosfera, de modo que o resultado é zero.

O Net Zero ou zero líquido tem o mesmo objetivo, que é o de evitar a introdução de emissões nocivas na atmosfera, mas em maior escala: requer a redução real (por meio de eficiência, eletrificação ou uso de energia renovável) das emissões de todos os gases de efeito estufa (GEE) liberados (e não apenas dióxido de carbono), e não apenas a compensação ou o balanceamento.

O zero líquido é, portanto, uma meta mais ambiciosa do que a neutralidade de carbono, pois requer medidas adicionais para remover o carbono da atmosfera. A iniciativa Science Based Target (SBTi) padronizou o significado de Net Zero para as empresas, exigindo que reduzam suas emissões de GEE em 90% em toda a cadeia de suprimentos, e removam as emissões residuais por meio de tecnologias dedicadas.

O que é orçamento de carbono?

Enquanto esperam que a transição energética e a neutralidade de carbono realmente aconteçam, os analistas climáticos identificaram um valor limite que indica a quantidade de máxima de emissões globais líquidas cumulativas de CO2 relativas à atividade humana que ainda podem ser liberadas na atmosfera e, ainda assim, manter o aquecimento abaixo de um nível de temperatura específico.

Este valor é chamado de orçamento de carbono, comumente chamado de orçamento de carbono total quando expresso a partir do período pré-industrial, e como orçamento de carbono remanescente quando expresso a partir de uma data recente. Enquanto o primeiro é responsável pelo aquecimento até o momento, o segundo indica o quanto de CO2 ainda pode ser emitido para manter a temperatura abaixo de 1,5°C, conforme exigido pelo Acordo de Paris.

Por que o orçamento de carbono é importante?

O orçamento de carbono é uma ferramenta fundamental não apenas porque enfatiza a necessidade de os países trabalharem juntos para limitar as emissões globais – já que exceder o orçamento de carbono traria graves consequências para todo o planeta -, mas também para compreender a natureza finita da capacidade da Terra para absorver as emissões de efeito estufa por meio do sequestro de carbono.

Pesquisas levantadas durante as negociações internacionais sobre clima no Parlamento Europeu em 2018 revelam que, de fato, os sequestradores naturais de carbono, como o solo, as florestas e os oceanos, podem absorver entre 9,5 e 11 Gt de CO2 por ano, valor muito abaixo das emissões globais anuais de CO2 registradas nos últimos anos (somente em 2020 foram 36 Gt, por exemplo), ao passo que, no que diz respeito aos sequestradores artificiais, nenhum até agora conseguiu retirar o dióxido de carbono da atmosfera na escala necessária para combater o aquecimento global, razão pela qual é crucial reduzir o carbono.

O planeta pode atingir a neutralidade de carbono até meados deste século?

A neutralidade de carbono, assim como o Net Zero, é uma das missões mais urgentes do mundo, talvez uma das mais difíceis que humanidade já enfrentou. Mas sejamos honestos na reflexão: é realmente factível atingir a meta até 2050?

Atenho-me a um dos últimos relatórios do IPCC em que o instituto afirma que sim, é possível, mas que, para isso, algumas ações climáticas sérias precisam ser tomadas AGORA: sem uma redução IMEDIATA e PROFUNDA das emissões em todos os setores do mundo, não teremos a menor chance: a meta de neutralidade estará fora do nosso alcance.

Concordo com o presidente do IPCC, Hoesung Lee, quando ele afirma que "estamos em uma encruzilhada”. Como ele disse, “temos as ferramentas e o know-how necessários para limitar o aquecimento”, mas o que podemos e efetivamente vamos fazer com isso?

Embora pareça haver alguma evidência concreta de que governos e organizações estão tomando medidas para combater a mudança climática – à medida que uma gama crescente de políticas e leis está sendo implementada - a lacuna existente entre o que está sendo dito e o que realmente está sendo feito ainda existe e, pior, cresce. Sem falar no que ainda falta fazer: os compromissos assumidos até agora estão, de fato, muito aquém do que é exigido.

Ter uma chance real de vencer a luta contra o aquecimento global e alcançar a neutralidade de carbono até meados do século requer nada menos que uma transformação profunda e inovadora dos nossos hábitos. Mais atrasos em agir para reverter as tendências perigosas que a humanidade criou colocarão a obtenção da neutralidade carbônica até 2050 sob sério risco.

Os esforços do Grupo Prysmian para alcançar a neutralidade de carbono

Na posição de líder mundial na indústria de sistemas de cabos de energia e telecomunicações, o Grupo Prysmian desempenha um papel crucial na luta contra as mudanças climáticas a fim de atingir a meta de Net Zero.

Embora não estejam sempre visíveis, operando nos “bastidores” da vida contemporânea, os sistemas de cabos são, de fato, uma parte vital de todos os principais projetos que vão acelerar a transição energética, o que dá à Prysmian o posicionamento único, mas sobretudo estratégico, de estar entre os principais facilitadores de um futuro sistema de energia descarbonizado.

Conforme o nosso Relatório de Sustentabilidade pode demonstrar, o compromisso do Grupo já está consolidado desde 2021 com a definição das nossas “Ambições em Mudanças Climáticas” e a adesão à iniciativa Science Based Target (SBTi) – que, como disse acima, define os requisitos para uma estratégia Net Zero eficaz. Em 2022, avançamos ao estabelecer uma meta de redução de 90% nas emissões até 2035 dentro do nosso perímetro e até 2050 em toda a cadeia de valor da Prysmian.

As metas já estabelecem um caminho para isso, mas acredito que para aumentar ainda mais a credibilidade da nossa ambição de ser um player global líder nos desafios da descarbonização, vamos nos empenhar cada vez mais para promover um crescimento sustentável para o ambiente e para as pessoas. O progresso significativo alcançado em 2022 em quase todas as áreas de ESG da Prysmian confirma que estamos no caminho certo.