Por Marcus Granadeiro
A família de normas ISO 19.650 tem como foco a gestão da informação nos processos BIM. De forma resumida, seu objetivo é fornecer a informação necessária, nem mais nem menos, para o tomador de decisão no momento exato em que ele precisa tomar a decisão. Parece um objetivo simples, mas é muito complexo e difícil de se atingir, principalmente pensando em fazê-lo por todo o ciclo de vida do empreendimento.
Nesse contexto, podemos começar abordando a parte dois da norma, que trata da fase da construção e se divide em oito etapas. Vale lembrar que apenas na sexta fase é que ocorre a produção da informação, ou seja, esse é o momento em que se vai modelar. Fica claro, ao estudar a norma, que pensar em BIM a partir da modelagem é começar de forma errada, é pular etapas, com o risco de não se obter os benefícios esperados no projeto. A razão disso está em toda a estruturação que as etapas anteriores criam, com uma madura definição de requisitos, contratação e mobilização.
Já a primeira parte indicada na norma se refere ao levantamento de necessidades. Essa é a fase em que serão definidos os requisitos do projeto, de quais informações o modelo BIM deverá possuir, quando e por quem deverá ser incorporada e quais bases para sua validação. Esses requisitos não são simples de serem levantados, pois há toda uma lógica e metodologia para que isso seja feito, representando um trabalho que envolve o entendimento das demandas de informação da organização e dos ativos que serão construídos.
Modelar por modelar, sem os requisitos bem definidos, é um risco alto para o sucesso do projeto BIM, podendo trazer frustrações de não se obter os benefícios esperados e vistos nas excelentes apresentações comerciais que existem na internet e nas feiras. Então, é muito importante saber o que e por que queremos o BIM. As respostas são variadas e nem um pouco óbvias, além de serem completamente distintas em função de qual papel nossa organização tem na cadeia produtiva.
Uma das dificuldades para essa definição está em quem discute BIM, pois raramente vemos alguém de nível estratégico envolvido na discussão do tema.. Normalmente, os técnicos, que não têm visão estratégica, acabam tomando as decisões. Para os donos de ativos o impacto será alto, mas haverá um tempo maior para acomodar e tirar o atraso. Já para a engenharia, o tempo é mais curto, pois o mercado tende a mudar e, nesse caso, não ter o pleno entendimento e visão estratégica poderá ser fatal na sobrevivência de boa parte do setor.