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Pacote de grandes obras movimenta mais de R$ 250 bi

Valor Econômico - 27 de março de 2013 990 Visualizações
Pacote de grandes obras movimenta mais de R$ 250 bi

São mais de R$ 250 bilhões num pacote que inclui desde a transposição do rio São Francisco até a construção da usina nuclear Angra 3, do Rodoanel de São Paulo às hidrelétricas Teles Pires e São Luiz do Tapajós, do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro a sete plataformas para a produção de petróleo do pré-sal. A lista é encorpada ainda com as obras dos estádios e de acessibilidade para a Copa do Mundo de 2014 ou o Cinturão das Águas do Ceará e outros programas de saneamento que começam a transformar a paisagem de muitas cidades brasileiras.

Todos esses empreendimentos dão emprego a mais de 200 mil operários e movimentam uma estrutura de máquinas e equipamentos compatíveis com a dimensão dos desafios que representam.
Só a construção de Angra 3, em Angra dos Reis, no litoral sul do Rio de Janeiro, mobiliza 3 mil operários em dois turnos de trabalho: dia e noite. A estimativa é que até o fim a obra represente uma jornada de 50 milhões de homens/hora. A parte civil do projeto, retomado em 2010 depois de 23 anos, vai absorver 200 mil m³ de concreto, 80 mil toneladas de cimento e 35 mil toneladas de aço. Os investimentos iniciais pularam de R$ 9,9 bilhões para R$ 12 bilhões.
A terceira usina nuclear do país terá uma potência de 1.405 MW, energia suficiente para abastecer Brasília e Belo Horizonte, simultaneamente. Trata-se de um projeto crucial para a complementação térmica da capacidade energética do país, diz Leonam dos Santos Guimarães, chefe de gabinete da presidência da Nuclebras.
O empreendimento está atrasado sete meses, por causa de recursos à Justiça de empresas derrotadas na licitação para a montagem dos equipamentos. A entrada em operação, inicialmente prevista para 1º de dezembro de 2015, passou para 1º de julho de 2016.
Até lá já deverá estar em funcionamento boa parte do novo parque hidrelétrico do país. A Hidrelétrica Teles Pires, no Mato Grosso, que terá capacidade instalada de 1.820 MW e um reservatório com 151,8 km², deve começar a operar em junho de 2015. A obra começou em 2005 e, de acordo com a Companhia Hidrelétrica Teles Pires (CHTP), emprega cerca de 5 mil operários em dois turnos de trabalho com jornadas de nove horas e meia.
A construção prevê o uso de mil equipamentos - entre caminhões, escavadeiras, centrais industriais e guindastes - e deverá consumir 120 mil toneladas de cimento. O tamanho da empreitada pode ser medido pela conta de energia, que chega a R$ 25 milhões, pelas 20 carretas que desembarcam cimento, aço e equipamentos todos os dias ou pelo volume de argila e rocha retirados do canteiro de obras: 10 milhões de m³ por mês - o suficiente para encher três vezes e meia o estádio do Maracanã.
Nas obras das hidrelétricas de Santo Antonio, com custo previsto de R$ 16 bilhões, Jirau, com R$ 9,6 bilhões, ambas em Rondônia, e Belo Monte, no Pará, orçada em R$ 25,8 bilhões, o aparato é proporcional ao volume de investimentos. A construção de Belo Monte mobiliza mais de 20 mil operários. No ano que vem, quando estiver no pico, serão 30 mil. Os quatro canteiros em plena selva só são acessados por hidrovias ou pela Transamazônica, que fica interditada seis meses do ano por causa das chuvas.
Para buscar mantimentos duas balsas fazem toda semana uma viagem de 96 horas pelo Rio Xingu, entre Vitória do Xingu e Belém, e voltam carregadas com 1.500 toneladas de suprimentos. A empreiteira Andrade Gutierrez já enfrentou desafio logístico pior. Nos quatro anos de construção dos 270 quilômetros do gasoduto Coari-Manaus sobre cursos d'água e áreas alagadas precisou manter 1.200 operários só para cuidar que nada faltasse aos outros 4.200 que executavam as obras nas condições adversas da selva amazônica. Em 16 grandes obras que executa agora no país tem de gerenciar 1.327 máquinas, equipamentos e veículos e 61.447 operários.
O mercado de grandes obras nunca esteve tão aquecido como nos últimos dez anos. A expectativa é otimista com o programa de concessões do governo federal que prevê investimentos de R$ 220 bilhões em rodovias e ferrovias, 55% a serem executados nos próximos cinco anos, diz Leandro Aguiar, presidente da Andrade Gutierrez, que tem no portfólio pelo menos mais quinze grandes construções, entre elas Angra 3 e os estádios Nacional, de Brasília, e Beira-Rio, de Porto Alegre.
Nem todas as grandes construções andam no ritmo esperado. O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) também virou uma dor de cabeça para a Petrobras. As obras começaram em 2008 e a previsão inicial era de inauguração no ano passado. Ficou para 2015. O último atraso foi provocado por 11 dias de greve dos operários. O polo, instalado em Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio, vai processar 150 mil barris de óleo pesado por dia em produtos petroquímicos. O investimento, de R$ 12,7 bilhões, pode agora passar dos R$ 20 bilhões.