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Ceará deve ter mais poços em terra até 2014

Valor Econômico - 14 de maio de 2013 1790 Visualizações
Ceará deve ter mais poços em terra até 2014
 
Ainda considerada pequena e desenvolvendo uma trajetória descendente nos últimos anos, a produção de petróleo no Ceará pode dar um salto significativo em um futuro próximo, a partir da exploração de poços em águas profundas e de mais investimentos em campos exploratórios antigos, como a Fazenda Belém. De acordo com a assessoria de imprensa da Petrobras, a estatal já está analisando um projeto para perfuração de novos poços terrestres no campo da Fazenda Belém a partir de 2014.
A intenção de ampliar a exploração na área vem sendo demonstrada pela estatal, com a perspectiva de perfurar cerca de mil novos poços no local até 2015, o que quase triplicaria a produção de petróleo em terra da empresa no campo exploratório da Fazenda Belém, descoberto em 1980.
A área está localizada na parte Norte da Bacia Potiguar emersa, na plataforma de Aracati. A região tem como principal reservatório produtor a formação Açu, com o óleo sendo considerado pesado, de alta viscosidade.
Outro em águas profundas
Outro ponto que deve contribuir para elevar a produção de petróleo no Estado são os recentes investimentos da Petrobras na exploração de poços em águas profundas em território cearense. De acordo com a assessoria da estatal, atualmente, há mais um poço em águas profundas em perfuração no Estado: o Prospecto de Ararauna (1-BRSA-1158-CES), na Bacia Potiguar. Este é o terceiro poço perfurando pela estatal em águas profundas no Ceará.
Em fevereiro deste ano, a Petrobras concluiu, após cinco meses de trabalho, a perfuração do segundo poço em águas ultraprofundas no Ceará, denominado Canoa Quebrada (1-BRSA-1114-CES), e constatou indícios de hidrocarbonetos (petróleo e gás). Segundo a estatal, a descoberta já foi informada à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O volume do petróleo descoberto, contudo, ainda não foi divulgado pela empresa.
Já sobre o primeiro poço em águas profundas perfurado no Ceará, o Pecém (1-BRSA-1080), onde já havia sido confirmada a existência de petróleo, a Petrobras diz que o estágio é de conhecimento de área, não sendo possível mensurar o volume de hidrocarbonetos encontrado e garante que o poço ainda não se encontra em produção.
A estatal lembra que a descoberta do Pecém motivou o Plano de Avaliação de Descoberta (PAD), que está pendente de aprovação na ANP. Segundo a assessoria da Petrobras, somente depois que o plano for aprovado e for executado seu plano de trabalho, será possível avaliar os impactos que terá na produção de petróleo do Ceará.
O Poço Pecém foi listado no balanço do PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento) como uma das maiores ocorridas no País entre janeiro de 2011 e dezembro de 2012.
Licença
Em fevereiro deste ano, a Petrobras obteve do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais) a Licença de Operação para a exploração dos blocos BM-POT-16 e BM-POT-17, a cerca de 41,5 km da costa do município de Icapuí, no Ceará. Os blocos estão localizados na Bacia Potiguar, que inclui os territórios do Ceará e do Rio Grande do Norte.
Ao todo, devem ser explorados cinco novos poços em território cearense nesses dois blocos, sendo o primeiro deles o Ararauna. Os demais poços previstos são denominados como Jandaia, Louro, Tango e Xaxado.
Estratégia
Para reverter o declínio da produção de petróleo no Ceará, que chegou a 57,4% entre 2001 e 2012, além dos novos investimentos, a Petrobras tem aplicado em técnicas para elevar a produção dos poços já existentes.
Na área marítima, a estatal tem adotado o sistema de bombeio centrífugo submerso para levar o petróleo à superfície e o método de injeção de água, que auxilia no aumento do volume do óleo extraído do reservatório. Já na área terrestre, ela utiliza unidades de bombeio (cavalo de pau) e o método de injeção de vapor aquecido nos poços de petróleo. Como resultado, a média diária de produção realizada até março de 2013 está maior que a média diária realizada em 2012, observa a estatal.
Plano de Negócios e Gestão
Conforme a Petrobras, no atual Plano de Negócios e Gestão 2013-2017, a companhia pretende investir US$147,5 bilhões na exploração e produção de Petróleo. Sendo US$24,3 bilhões na exploração e US$106,9 bilhões na produção.
A Petrobras destaca ainda que, somente em 2012, foram investidos 21,9 bilhões em produção e exploração de petróleo.
Já em relação à bacia Potiguar, a companhia informou que os investimentos se manterão estáveis nos próximos anos e em níveis similares aos realizados nos últimos anos.
Novos blocos: exploração no Estado vai demorar até 7 anos
A etapa de exploração dos 11 blocos da Bacia do Ceará (todos em águas profundas) que serão oferecidos hoje em leilão da Agência Nacional de Petróleo (ANP) durará até sete anos - divididos em duas fases -, os quais irão anteceder a etapa de produção. Assim, dados detalhados sobre qualidade e quantidade de petróleo nos blocos licitados hoje só deverão ser conhecidos entre 2018 e 2020.
Conforme o diretor da área de Exploração da ANP, Florival Carvalho, a primeira fase da exploração - que, no caso do Ceará, durará até cinco anos - será caracterizada por uma série de análises, como os estudos sísmicos na área da bacia, para que se possa ter uma ideia melhor da possibilidade de existência e qualidade do petróleo no local.
Após esse período, a empresa responsável pela exploração no local terá que decidir se irá devolver a concessão para intervir na bacia ou se continuará na análise. Caso pretenda prosseguir, entrará na segunda fase do processo, que irá durar dois anos e durante a qual terá de ser construído um poço - usado ainda para a exploração, e não produção.
Pecém
A respeito do poço denominado Pecém, através do qual foi descoberta a existência de petróleo em águas profundas do Ceará, o diretor afirmou que, como as constatações se deram em agosto último, os resultados mais concretos sobre o potencial da área provavelmente serão apresentados pela Petrobras em um prazo aproximado de nove a 15 meses, já que essa etapa costuma demorar entre um ano e meio e dois anos. Ele acrescenta que, após essa etapa, a estatal ainda levará em torno de dois ou três anos para iniciar o processo de instalação de uma plataforma para a produção. Isso caso esse investimento seja considerado viável. Desse modo, a produção de petróleo na região, caso ocorra, deve demorar ainda cerca de cinco anos. Conforme Carvalho, a mão de obra necessária para a etapa de exploração dos novos blocos será formada por profissionais altamente qualificados e em pouca quantidade. Embora o número de trabalhadores necessários à perfuração de um poço de exploração varie conforme as condições do lugar, informa, é demandada uma equipe de 15 a 20 pessoas por turno para desempenhar esse trabalho. O impacto mais significativo que deve ocorrer, quanto à geração de postos de trabalho nesse período, afirma, é sobre os empregos indiretos, ligados principalmente ao transporte e à alimentação dos funcionários contratados para executar o serviço.
Impacto na Premium II
Sobre a expectativa de que a refinaria Premium II, em São Gonçalo do Amarante, seja instalada no Estado nos próximos anos, a diretora geral da ANP, Magda Chambriard, disse acreditar que o fato não deverá pesar na escolha dos investidores, uma vez que a etapa de exploração - que antecede a de produção - deverá se estender até depois do início da operação do empreendimento cearense. Hoje, temos as nossas refinarias no gargalo, mas temos outras previstas. Vamos ter a de Pernambuco até 2015, vamos ter o Comperj no Rio de Janeiro e Premium I (no Maranhão) e II. Não vai dar tempo, porque a exploração demora de cinco a oito anos. Até lá, as refinarias já vão estar ´tinindo´.
Mesmo com as novas unidades de refino, salienta a diretora, a posição geográfica das bacias ofertadas deverá ser um fator mais importante na escolha dos investidores. O interesse das empresas é também de refinar, mas é (principalmente) de pôr o maior valor possível no seu óleo. O óleo ali é caro porque está mais perto dos Estados Unidos e da Europa do que a Bacia de Campos, comenta.
Ela informa que o transporte marítimo de petróleo feito das bacias na margem equatorial aos mercados norte-americano e Europeu é em torno de cinco dias mais rápido do que o deslocamento da carga a partir de estados do Sudeste.
Licitação
A 11ª Rodada de Licitações inicia hoje e, caso não haja tempo de receber as ofertas para todos os 289 blocos oferecidos, continuará amanhã. Esta é a edição com o maior número de empresas habilitadas a participar: 64.
Cada empresa deverá apresentar propostas contendo três itens: bônus de assinatura (o quanto ela pagará pela concessão), com peso de 40% no cálculo para determinar a melhor proposta, programa exploratório mínimo (um plano de trabalho descrevendo ações), também com peso de 40%, e conteúdo local (percentual de aquisição de bens e serviços nacionais), com peso de 20%. O prazo de concessão oferecido pelo lote é de cinco a oito anos de exploração, somados a 27 anos de produção. Entre os 11 lotes oferecidos na Bacia do Ceará, o menor bônus de assinatura é de R$ 4,5 milhões, enquanto o maior é de R$ 8,3 milhões.