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Produção de petróleo de xisto é associado ao aumento significativo de terremotos em Oklahoma, nos EUA

Redação EC - 23 de fevereiro de 2018 1403 Visualizações
Produção de petróleo de xisto é associado ao aumento significativo de terremotos em Oklahoma, nos EUA
Um estudo realizado pela Universidade de Bristol, em parceria com a Universidade de Southampton, revelou recentemente que o enorme aumento no número de terremotos ocorridos em Oklahoma, nos EUA, está fortemente ligado à profundidade na qual as águas residuais da indústria de petróleo e gás vem sendo injetadas no solo. Publicada na revista Science, a pesquisa apontou que o volume de fluidos aplicados no solo aumentou de 1,85 bilhões de barris em 2009 para 2,75 bilhões de barris em 2014.
A água salgada é injetada no subsolo profundo como parte do processo de extração de petróleo de xisto, um tipo de petróleo não convencional produzido a partir de fragmentos de xisto betuminoso e por meio de pirólise, hidrogenação ou dissolução térmica. As águas residuais resultantes são então rotineiramente descartadas abaixo do solo, geralmente em profundidades de 1 km a 2 km – ou seja, bem abaixo do nível de abastecimento de água subterrânea fresca, a fim de evitar a contaminação.
Utilizando um modelo de computador especialmente desenvolvido para o estudo, que incorpora registros de poços de injeção e dados de terremotos da instituição cientifica US Geological Survey, a equipe envolvida na pesquisa examinou as relações entre volume de injeção, profundidade e localização, bem como características geológicas, ao longo de um período de seis anos.
A partir disso, foi possível identificar que o volume de injeção se torna mais influente e mais suscetível a causar terremotos ao serem aplicados a uma profundidade de 200 a 500 metros, onde as rochas sedimentares em camadas se encontram com pedras cristalinas. Isso ocorre porque poços mais profundos permitem um acesso mais fácil para fluidos em rochas fraturadas, que são muito mais propensas a terremotos.
O estudo também apontou que aumentar a profundidade de injeção para acima dessas rochas em áreas-chaves pode reduzir significativamente a energia anual liberada pelos terremotos, reduzindo, assim, a probabilidade relativa de terremotos maiores e prejudiciais – como o que atingiu Oklahoma em 2016, com magnitude de 5.8.
Para Willy Aspinall, professor da Universidade de Bristol e responsável por iniciar o estudo, essa nova descoberta tem implicações potenciais para cientistas, reguladores e autoridades civis preocupadas com a sismicidade induzida, tanto nos EUA como em outros países. “A pesquisa aborda uma necessidade crescente de uma compreensão mais ampla de como os parâmetros operacionais, espaciais e geológicos se combinam para influenciar o risco sísmico induzido”, disse.
Thea Hinks, da Faculdade de Geologia da Universidade de Bristol e principal autor da pesquisa, por sua vez, aconselha as autoridades estaduais a impor restrições a este tipo de procedimento. De acordo com ele, isso reduziria para pelo menos metade a quantidade de terremotos causados pelo homem na região.