Logotipo Engenharia Compartilhada
Home Notícias Cidades inteligentes: um conceito, uma realidade

Cidades inteligentes: um conceito, uma realidade

Oficina da NET - 16 de março de 2018 1907 Visualizações
Cidades inteligentes: um conceito, uma realidade
Ao mesmo tempo em que percebemos o quanto a tecnologia avançou, vemos que as cidades também cresceram em população, veículos, habitações e em empreendimentos, e parou por aí. Cresceram, mas não evoluíram como a tecnologia. Essa expansão sobrecarrega a estrutura que, por não ter sido atualizada, acaba sendo insuficiente para suprir as necessidades da população. Assim, surgem problemas como os engarrafamentos no trânsito, a falta de qualidade no abastecimento de água e energia, o aumento da poluição no meio ambiente, entre tantos outros. Será que com tantas opções eletrônicas e digitais, não está na hora dos centros se conscientizarem a procurar soluções tecnológicas para resolver ou, pelo menos, diminuir tais problemas? Pois bem, não só está na hora como há um termo que denomina esse processo:  smart cities ou cidades inteligentes.
Esse conceito é dado às cidades que conseguem se desenvolver economicamente ao mesmo tempo em que aumentam a qualidade de vida dos habitantes ao gerar eficiência nas operações urbanas, fazendo uso da tecnologia para melhorar a infraestrutura e tornar os centros urbanos mais ágeis, adaptáveis às necessidades da população e mais agradáveis para se viver. A boa notícia é que esta realidade não existe apenas em nossos sonhos e está cada vez mais próxima de nós, brasileiros. No mundo todo já têm cidades sendo consideradas inteligentes e outras dando os primeiros passos nesse longo caminho. A primeira delas a receber essa denominação é Songdo, na Coreia do Sul.
/
Songdo Internacional Business District (Songdo IBD) é uma cidade inteligente e sustentável, que está estabelecendo novos padrões para o desenvolvimento urbano. A próspera metrópole de hoje é resultado de uma parceria público-privada única e de longo prazo. Essa união foi firmada em  2001, quando as forças de investimendo se comprometeram com o desenvolvimento de Songdo IBD - desde o planejamento inicial e implementação de infra-estrutura avançada, para a concepção e andamento nas fases subsequentes, e, finalmente, para a revitalização da cidade.
Songdo IBD está no centro de Songdo City, localizada dentro da Incheon Metropolitan City, na costa sul-coreana, a 56 quilômetros da capital Soeul. A sua construção teve início em 2005 e está prevista para ser concluída em 2018. A primeira cidade inteligente do mundo fica no entorno do grande Aeroporto Internacional de Incheon. Sua projeção é voltada para as pessoas que vivem e trabalham nessa região. Além disso, é ligada pela ponte mais longa da Coreia, Incheon Bridge, que se estende por 21 km e dá acesso diretamente ao aeroporto de Songdo, o que agrega ainda mais valor à localização da cidade.
Com soluções tecnológicas, que levam em conta a mobilidade urbana e a garantia de espaços verdes - os planejadores de Songdo reservaram 40% da cidade para parques públicos naturais -, a aerotrópole é tida como modelo de cidade do futuro. Entre os fatores que contribuem para o planejamento e desenvolvimento sustentável e digital da cidade está a forma de recolhimento do lixo.
Todo o lixo de Songdo é sugado para dentro de tubos subterrâneos, e é automaticamente classificado e reciclado, enterrado ou queimado como combustível. Estes tubos interligam todos os edifícios de apartamentos e escritórios, o que permite a inexistência de lixeiras e caminhões coletores. Este é o primeiro sistema de reciclagem de lixo, neste modelo, no mundo e exige apenas sete funcionários para toda a cidade.
Além disso, para que o tráfego flua sem complicações, foram instalados sensores subterrâneos que detectam as condições do trânsito e reprogramam as sinaleiras sempre que for necessário. Para aqueles que, mesmo sem congestionamentos, preferem evitar o trânsito há 25 quilômetros de ciclovia. Dá para ir ao trabalho e ainda manter a saúde em dia praticando uma atividade física.
/
Um lago e um canal abastecidos com água do mar mantêm a umidade sem sacrificar a água potável. Eles também são usados como via de transporte para táxis aquáticos que, além de charmosos, contribuem com a preservação do meio ambiente. Por falar nisso, o sistema de reaproveitamento da água armazenará, até o que for usado para lavar roupas e louças, para depois irrigar os parques verdes. 
Estes são apenas alguns dos fatores que contribuem para que Songdo IBD seja considerada uma cidade inteligente, sustentável, tecnológica e integrada. Atualmente a população de Songdo é de mais de 67.000 habitantes (vale destacar que a região começou a ser povoada em 2011) e a expectativa é para até 2020 passar de 250.000 moradores. E aí, ficou pensando em como seria viver num local assim? Então dá uma conferida neste vídeo (em inglês sem legenda) e veja mais detalhes desse exemplo de cidade e depois conta para nós qual foi a sua impressão.
Mais cidades no mundo, que não nasceram com os propósitos de sustentabilidade e de tecnologia , como é o caso de Songdo, estão tentando inovar em seus sistemas e estruturas para oferecer aos seus habitantes o desenvolvimento necessário para se ter uma qualidade de vida melhor. Um exemplo disso é Santa Ana (Estados Unidos) que tem um sistema de tratamento de água por micropurificação. Através dele é possível reaproveitar a água que abastece 330 mil habitantes. Assim, 230 milhões de litros de água suja deixam de ser despejados no mar para serem reutilizados.
Outro bom modelo de iniciativa sustentável é conferido na Dinamarca. Por lá a cidade de Copenhague leva muito a sério a redução de carbono tanto que é considera exemplo nesse quesito. Uma forma de diminuir os gases poluentes foi a implantação de um sistema de aluguel de bicicletas com GPS e sensores que detectam a qualidade do ar e ainda avisam os usuários, em tempo real, sobre congestionamentos. Uma forma eficaz e inovadora de incentivar a população a aderir o transporte sobre duas rodas.
/
Na terra da Rainha a evolução também pode ser percebida no trânsito. Em 2003 foi implantado em Londres (Inglaterra) o pedágio urbano que consiste em uma taxa diária de congestionamento (hoje no valor de £ 11,50) para a condução de um veículo dentro da zona de tarifação das sete horas às 18 horas, de segunda a sexta-feira. A maneira mais fácil de pagar a taxa é por meio de um registro de auto pagamento. Há uma série de isenções e descontos disponíveis para determinados veículos e indivíduos. Com a cobrança, a ideia é diminuir o trânsito e reduzir os gazes poluentes. Outra tecnologia contribui para a maior segurança no trânsito da cidade britânica. Trata-se de um sistema inteligente capaz de identificar a quantidade de ciclistas circulando em uma rota e garantir que o tempo de abertura dos semáforos seja maior quando houver mais pessoas de bicicleta nas ruas. Além disso, Londres terá taxis elétricos a partir de 2018.  A ideia é que os carros usados sejam do modelo TX5 da montadora chinesa Geely que é ligada a London Taxi Company. Este veículo é capaz de rodar até 600 km por recarga em motor elétrico e ainda conta com um extensor de autonomia movido a gasolina (serve como gerador por 40 km por litro de combustível). Mais uma tentativa da prefeitura em reduzir as emissões de carbono na cidade e, ao mesmo tempo, evoluir no quesito mobilidade urbana.
/
E por aqui, como andam as nossas cidades?
No Brasil também há algumas cidades que estão dando os primeiros passos para se adequarem às novas necessidades urbanas. Belo Horizonte (MG) é uma delas. A cidade mineira investiu em monitoramento de mais de 12.000 unidades consumidoras de energia com sistema digital, dessa mesma forma Caxias do Sul (RS) e Campinas (SP) utilizam de smart grid, sistemas de distribuição e de transmissão de energia elétrica para aferir dados de mais de 25.000 consumidores. Porto Alegre (RS) utiliza um aeromóvel, veículo movido a ar, para fazer o transporte de passageiros do aeroporto a outros pontos da cidade sem aumentar a poluição do meio ambiente.
/
O aeromóvel da capital gaúcha Porto Alegre
Em 2015, as empresas Sator e Urban Systems elaboraram o Ranking Connected Smart Cities que mapeou 700 municípios (com mais de 500 mil habitantes) e classificou 50 como os mais desenvolvidos. Além da categoria geral, a pesquisa contemplou subdivisões como, por exemplo, mobilidade integrada, urbanismo, energia, meio ambiente. No quesito mobilidade integrada a capital paulista ficou em primeiro lugar. Já em urbanismo a melhor colocada foi Maringá (Paraná). Em energia a cidade de Pirassununga (São Paulo) foi a vencedora. Belo Horizonte (Minas Gerais) se destacou em meio ambiente. Economia, tecnologia e inovação foram lideradas pela capital carioca, Rio de Janeiro que também ocupou a primeira posição no ranking geral.
Confira, a seguir, os demais classificados no ranking.
1º Rio de Janeiro (RJ) 
2º São Paulo (SP)
3º Belo Horizonte (MG)
4º Brasília (DF)
5º Curitiba (PR)
6º São Caetano do Sul (SP)
7º Vitória (ES)
8º Florianópolis (SC)
9º Porto Alegre (RS)
10º Recife (PE)
11º Santos (SP)
12º São José dos Campos (SP)
13º Uberlândia (MG)                
14º Ribeirão Preto (SP)        
15º Nova Lima (MG)
16º Maringá (PR)                  
17º Niterói (RJ)                  
18º Fortaleza (CE)                 
19º Jundiaí (SP)                  
20º Barueri (SP)                  
21º Campinas (SP)                
22º Uberaba (MG)     
23º Ilha Solteira (SP)    
24º Goiânia (GO)        
25º Amparo (SP)       
26º Balneário Camboriú (SC)  
27º Campo Grande (MS)        
28º Piracicaba (SP)
29º João Pessoa (PB)
30º Macaé (RJ)        
31º Salvador (BA)
32º Contagem (MG)
33º Aracaju (SE)
34º Osasco (SP)
35º Teresina (PI)
36º Valinhos (SP)
37º São Bernardo do Campo (SP)
38º Santo André (SP)       
39º Pato Branco (PR)       
40º Goiatuba (GO)     
41º São João da Boa Vista (SP)
42º São Carlos (SP)                  
43º Juiz de Fora (MG)          
44º Guarulhos (SP)                  
45º Votuporanga (SP)           
46º Marília (SP)                    
47º Indaiatuba (SP)     
48º Araraquara (SP)      
49º Ipatinga (MG)     
50º Betim (MG)      
Como pode se ver pelo ranking, não é só no exterior que encontramos bons exemplos de sustentabilidade e mobilidade urbana, aqui no Brasil também é possível perceber esforços nesse sentido. Sem carros voadores ou casas completamente digitais, mas com serviços e ferramentas que integram tecnologia e sustentabilidade, as cidades inteligentes se tornam uma realidade cada vez mais próxima e necessária.
A era digital constantemente nos apresenta inovações como, por exemplo, a internet das coisas, os sensores, as máquinas inteligentes, a computação em nuvem, o processamento de grandes volumes de dados e os aplicativos em dispositivos móveis e são esses recursos que devem ser usados, cada vez mais, para contribuir com o desenvolvimento dos centros urbanos. Hoje, já temos aplicativos como Waze que mudam completamente a forma como nos locomovemos e nos auxiliam, em tempo real, com a mobilidade urbana, indicando, por exemplo, caminhos alternativos ao trânsito caótico. 
Seja através de sensores que captam o som de tiros e gritos e, em seguida, emitem sinal para serviços de emergência antecipando o tempo para socorro ou de sistemas que reaproveitam a água usada nos serviços domésticos para irrigar plantas e manter os espaços verdes as cidades  que querem evoluir e serem chamadas de inteligentes devem prezar, primeiramente, pelo planejamento de uma reestruturação e, a partir daí, encontrar as melhores opções para suprir as necessidades que impedem o melhoramento na qualidade de vida da população. Opções não faltam. O que não pode faltar também é o interesse dos governos e a participação das pessoas.