Açobrita ajuda a driblar a escassez de recursos naturais na construção
Não é de hoje que o setor de agregados para a construção precisa lidar com a escassez de recursos naturais fundamentais como, por exemplo, a pedra de brita, principal agregado utilizado na fabricação de concreto. Entre as alternativas encontradas para driblar o problema está o uso de pedras artificiais, solução que tem ganhado cada vez mais espaço no mercado.
Uma das iniciativas mais bem-sucedidas neste sentido foi a descoberta de que as sobras do processo de fabricação de aço por empresas como Votorantim, Gerdau, Usiminas, Villares e ArcelorMittal, poderiam trazer ganhos ambientais significativos ao planeta ao serem utilizados como alternativa ao uso de pedra de brita. Com isso, materiais que antes eram descartados em aterros ou aproveitados em processos interno, se tornaram matéria-prima para pavimentação de estradas, correção de solo, fabricação de cimento, fundições, materiais cerâmicos, entre outras aplicações.
Para se ter uma ideia do potencial deste mercado, o Instituto Aço Brasil apontou que a indústria siderúrgica do país gerou mais de 18 milhões de toneladas de coprodutos e resíduos diretos em 2016, número que representa uma geração específica próxima a 60 kg desses materiais por tonelada de aço bruto produzido. Ainda segundo dados da entidade, cerca de 87% deste total é reaproveitado, sendo que os agregados siderúrgicos gerados no processo são comercializados, predominantemente, para a produção de cimento.
Um dos queridinhos atuais da construção civil é o “açobrita”, componente proveniente do processo de produção e beneficiamento da escória de aciaria que vem sendo aplicado, principalmente, em bases e sub-bases de estradas confinadas ou não confinadas e na pavimentação de estradas vicinais.
Prova disso é que, no ano passado, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) autorizou o uso do açobrita nas rodovias federais do país. A partir da especificação técnica divulgada pela entendida, as siderúrgicas brasileiras ganharam aval para vender o agregado para uso em pavimentos rodoviários como uma alternativa mais sustentável e econômica. É o caso, por exemplo, da BR-381, que têm potencial para consumir cerca de 2 milhões de toneladas do produto.
Segundo a Gerente de Sustentabilidade do Instituto Aço Brasil, Lucila Caselato, que os benefícios do reaproveitamento destes coprodutos em uma economia circular incluem, além da preservação de recursos naturais não renováveis, a redução de emissões de CO2 referente ao processo de produção de aço. “O aço é um material prático e versátil, que imprime maior produtividade e velocidade construtiva. Trata-se do material mais reciclável e reciclado do mundo. Automóveis, eletrodomésticos, vergalhões e todos os demais produtos feitos com aço, são, ao fim de sua vida útil, coletados e retornam às aciarias, produzindo aço com a mesma excelência de qualidade”, disse.
O Instituto Aço Brasil, inclusive, criou o Centro de Coprodutos Aço Brasil - CCABrasil em dezembro de 2010, com o objetivo de desenvolver pesquisas para identificar alternativas de aplicação para seus coprodutos e otimizar as já existentes. “Nesse sentido, o CCABrasil elaborou, por exemplo, norma técnica de especificação de agregado siderúrgico (escória de aciaria beneficiada) em obras de infraestrutura rodoviária no âmbito da ABNT”, finalizou Lucila.