Indústria fica dividida em relação aos novos índices de conteúdo local para plataformas
Uma nova regra e diferentes opiniões. A indústria ficou dividida em relação aos novos índices de conteúdo local válidos para as Rodadas de Concessão de 7 a 13, Cessão Onerosa e 1º e 2º leilões de Partilha. O Petronotícias ouviu entidades representativas para avaliar os números colocados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). O Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) considera que 40% de conteúdo nacional para plataformas não é o percentual ideal, e que terá como consequência direta a construção de casco totalmente no exterior. A entidade também espera que esse número seja aplicado nos próximos leilões, como a 4ª rodada do pré-sal. Já para a Associação Brasileira das Empresas de Serviços do Petróleo (Abespetro), o novo índice vai aumentar a atratividade do Brasil, e que a indústria nacional será beneficiada com os novos contratos que virão, podendo aumentar ainda mais sua competitividade.
Sérgio Bacci, vice-presidente executivo do Sinaval
Vamos começar com o vice-presidente executivo do Sinaval, Sérgio Bacci:
Como a entidade avalia a decisão da ANP?
Esse índice, referente aos contratos da 7ª a 13ª rodada, não é o ideal para a indústria naval, mas é fruto de um acordo. O Sinaval conversou com a ANP sobre isso e foi o número possível de se chegar. Com 40%, o casco vai ser feito praticamente todo no exterior. Então, isto não é o ideal, mas foi o possível, que foi fruto de um acordo. Agora, precisamos seguir em frente. Nós esperamos que esse índice também tenha validade para as futuras rodadas. O Sinaval quer que esse número de 40% esteja nos próximos editais, como é o caso da 4ª rodada de partilha. O sindicato espera que esse número [do edital da 4ª rodada, atualmente em 25%] vá a 40%, porque não tem sentido termos 40% para trás e 25% para frente.
Quais as perspectivas para a indústria nacional a partir de agora?
O mercado naval está passando por um momento muito difícil, basicamente sem obras. O Rio de Janeiro, por exemplo, tinha 30 mil empregos em 2014 neste setor. Hoje, esse número é de menos de 3 mil, uma redução de 90%. Nós achamos difícil retomarmos os números de empregos vistos anteriormente, mas esperamos que parte da mão de obra seja recontratada.
José Mauro Ferreira, diretor da Abespetro
Agora, vejamos a opinião do diretor da Abespetro, José Mauro Ferreira:
Como a entidade avalia a decisão da ANP?
A posição da Abespetro em relação a estes movimentos é que o foco no momento é atrair investimentos e mais operadoras. O conteúdo local era percebido como uma espécie de barreira. Quando as regras ficam mais atrativas e flexíveis, acreditamos que isso vai demandar mais encomendas para o País, independente do percentual que está sendo requerido. Sem encomendas, não há conteúdo local. Então, mesmo com um percentual aquém do desejado, o fato do Brasil começar a ter encomendas vai possibilitar a indústria investir e se preparar mais. Isso é importante.
Quais as perspectivas para a indústria nacional a partir de agora?
Acreditamos que essas mudanças que a ANP está fazendo vão no sentido de aumentar a atratividade. Em um primeiro momento, acho que se o percentual está baixo em algumas categorias, é uma oportunidade que o Brasil tem de poder aumenta-los no futuro, a partir do crescimento da competitividade da indústria.
Hoje, o importante é atração de investimento. Existem muitos campos que foram comprados que praticamente não foram desenvolvidos. Nos últimos 20 anos, tirando a Petrobrás, praticamente só os campos da Rodada 0 foram desenvolvidos. Da Rodada 1 para cá, nada ou muito pouco foi desenvolvido. Isso reflete um ambiente não atrativo dentro do País. O governo está tentando consertar isso.