Vagas ociosas em escolas de engenharia voltam a aumentar
Dados consolidados do ministério da educação (MEC) revelam que a ociosidade de vagas nos cursos de graduação chega a 52,9%. Na prática, significa que as faculdades e universidades brasileiras têm duas vezes mais vagas para oferecer do que estudantes dispostos a ingressar no ensino superior. A rede privada, que responde por 75,3% dos alunos matriculados – contra 24,7% das universidades públicas – é a que mais sofre com o desequilíbrio entre vagas ofertadas e demanda de estudantes.
Analistas avaliam que o cenário se deve às restrições ao FIES (Fundo de Financiamento Estudantil), que até 2014 inflou a demanda por cursos de graduação. No que se refere às escolas de engenharia civil, a ociosidade está no patamar de 40% e voltou a crescer entre 2016 e 2017. Apesar da graduação ainda estar entre as 10 que mais despertam interesse dos alunos do ensino médio, o cenário atual é motivado por duas razões: o alto valor das mensalidades nas universidades privadas e a evasão nas universidades públicas – estudantes que iniciam o curso, mas desistem.
Sala de aula com mais da metade dos assentos vazios: realidade nas universidades brasileiras. Crédito: UFRB
Para o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) está desordenada a taxa de desistência de graduações em engenharia civil. Em 2010, o percentual era de 11,4%. Entre 2014 e 2017, oscilou entre 40% e 49%. Ou seja, atualmente, de cada 100 alunos que ingressam nos cursos, quase 50 desistem no meio do caminho. De acordo com o MEC, outro fator que causa o abandono é um ensino médio que não promove orientação vocacional para estimular os estudantes a escolherem com mais acerto os cursos universitários que pretendem seguir.
De acordo com o censo da educação superior, promovido pelo MEC em 2016, apenas 8% dos estudantes do ensino médio se inscrevem em programas vocacionais, e quando o fazem é por conta própria e financiados pelos pais. O Brasil tem atualmente 8.033.574 alunos matriculados no ensino superior, distribuídos em 34.366 cursos de graduação, e em 2.407 universidades. Haveria potencial, sem aumentar o número de instituições e de vagas por curso, de que mais 6 milhões de estudantes pudessem frequentar o ensino superior, ocupando as vagas ociosas em instituições públicas e privadas.
Lista do Inep traz cursos com maior e menor evasão de alunos
Para a presidente do Inep, Maria Inês Fini, a reforma do ensino médio pode começar a modificar essa realidade. “A falta de interesse em ocupar as vagas amplamente oferecidas, tanto na rede pública quanto na particular, deve-se ao fato do jovem não se identificar com os cursos. É preciso haver uma conexão entre a educação de nível médio com as oportunidades de acesso à educação superior. As vagas remanescentes indicam pouca eficiência do sistema. A reforma do ensino médio vai dar a esses jovens a oportunidade de vivenciar algumas trajetórias acadêmicas mais associadas a cursos e carreiras no ensino superior”, avalia.
Outra ideia fomentada pelo MEC é a de usar as vagas ociosas para abrir mais cursos noturnos, a fim de atrair pessoas casadas, com filhos ou que trabalhem, para que tenham acesso ao ensino superior. Pelos dados do Inep, os cursos com maior ociosidade no Brasil são engenharia do petróleo (85,8%), segurança no trabalho (85,3%), engenharia de produção (83,1%), gestão hospitalar (82,6%), gestão da qualidade (79,4%), turismo (78,1%), marketing (77,4%), gestão financeira (77,2%) e gestão ambiental (75,9%). Já os cursos com menor evasão são medicina (2%), direito (16%), odontologia (19,8%), estatística (21%), engenharia florestal (21,5%), agronomia (24,5%), biotecnologia (24,6%), zootecnia (25,2%), medicina veterinária (25,9%) e física (26,3%).
Entrevistados
Ministério da Educação e Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) (via assessoria de imprensa)
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330