Pesquisa usa fungos para combater patologias do concreto
Equipe de Congrui Jin acredita que em três anos terá desenvolvido fungos capazes de preservar e regenerar o concreto. ?Crédito: Jonathan Cohen/Binghamton University
A Binghamton University, no estado de Nova York, nos Estados Unidos, pesquisa tipos de fungos que podem ajudar a tornar o concreto resistente à determinadas patologias e, em alguns casos, até contribuírem para que o material se reconstitua. À frente dos estudos está Congrui Jin, professora-assistente do departamento de engenharia mecânica da universidade. “Partimos da seguinte pergunta: e se o concreto pudesse se regenerar como o corpo humano? Acreditamos que em três anos consigamos desenvolver um fungo que não só preserve como ajude o concreto a se curar de patologias”, afirma.
No entender de Congrui Jin, o desenvolvimento de tecnologias que ajudem o concreto a se auto-regenerar traria grandes ganhos econômicos e de tempo à construção civil. “Evitaria ter que enviar engenheiros para enfrentar situações de risco em pontes, estradas e arranha-céus, a fim de detectar patologias. Também seria possível canalizar o tempo e o dinheiro gasto na reparação de obras para a construção de infraestruturas novas. O objetivo da pesquisa é esse”, completa Congrui Jin, que atua há cinco anos na busca de um fungo geneticamente modificado capaz de preservar e regenerar o concreto.
A pesquisa na Binghamton University partiu de experiências bem-sucedidas que usaram bactérias para estimular o concreto a se auto-regenerar. “Cientistas na Europa têm trabalhado para fazer concreto auto-regenerativo usando bactérias, mas somos os primeiros a usar fungos. Os primeiros resultados mostram que os fungos emprestam maior durabilidade ao concreto que as bactérias. Além disso, os fungos se mostraram mais resistentes e mais reativos à umidade, o que aumenta a capacidade de curar rachaduras maiores quando comparadas as bactérias”, assegura Jin.
Fungos podem ser aplicados na mistura ou no concreto já curado
Em laboratório, foram desenvolvidas duas tecnologias. Em uma delas, os esporos de fungos são acrescentados à mistura do concreto; em outra, pulverizados em estruturas de concreto já consolidadas. “Nas duas técnicas, a capacidade de sobrevivência dos fungos é comprovadamente longa. Após a cura do concreto, ele se mantém latente e só reage ao entrar em contato com o oxigênio e a água, ou seja, quando ocorre uma fissura capaz de propiciar a entrada da umidade, deixando o material vulnerável a algum tipo de patologia”, cita.
O fungo que mostrou mais eficiência entre os pesquisados é o Trichoderma reesei. Encontrados em áreas de situações extremas do planeta, eles se desenvolvem em ambientes totalmente desprovidos de luz, água e oxigênio. Agora, os engenheiros da Binghamton University estão trabalhando em modificações genéticas do Trichoderma reesei para ele desenvolver funções regenerativas. A equipe de pesquisadores inclui, além de Congrui Jin, o professor Guangwen Zhou e os professores-associados David Davies, e Ning Zhang. As primeiras conclusões do estudo foram publicadas na revista científica Construction and Building Materials, sob o título “Interactions of fungi with concrete; Significant importance for bio-based self-healing concrete” (Interações de fungos com concreto: importância significativa para biobase de concreto auto-regenerativo).
Entrevistada
Congrui Jin, professor-assistente do departamento de engenharia mecânica da universidade Binghamton e Ph.D. em mecânica dos sólidos.
Contato: cjin@binghamton.edu
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330.