Da porteira ao porto: R$ 200 bi para impulsionar o agronegócio
A produção de grãos da safra 2017/18 deve atingir 228 milhões de toneladas, representando um recuo de 4,1% em relação à safra passada 2016/2017, celebrada pelo recorde de 238 milhões de toneladas. As primeiras estimativas do valor da produção agropecuária (VBP) para este ano chegam a R$ 515,9 bilhões, 5,2% abaixo da registrada em 2017 (R$ 544,2 bilhões). O montante das lavouras é de R$ 346,1 bilhões, e o da pecuária, de R$ 169,8 bilhões. Ambos apresentam redução de 5,7% e de 4,1%, respectivamente, em relação ao ano passado, de acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Apesar do pequeno recuo, a área total de plantio cresceu 1,1%, atingindo 61,53 milhões de hectares.
O fato dos números em 2017/2018 terem sido menores que os da safra anterior não configuram exatamente tendência de retração. O que ocorreu foi que o produtor rural investiu em um pacote tecnológico avançado na safra 2016/2017 e foi presenteado com condições climáticas mais favoráveis que a registrada na média dos anos, o que garantiu uma safra recorde. Informações apresentadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) confirmam uma tendência de crescimento da produção e expansão da fronteira agrícola, graças à sofisticação das técnicas de cultivo, com o processo de mecanização do campo e os avanços da biotecnologia, na chamada agricultura de precisão. A se consolidar essa tendência, enfrentaremos, nos próximos anos, um apagão na logística a serviço do agronegócio no Brasil, uma vez que os investimentos em infraestrutura de transporte e armazenamento não têm acompanhado os avanços deste setor da economia.
A deficiência da infraestrutura, notadamente nos principais corredores de exportação, podem até comprometer o papel do agronegócio como um dos principais motores da economia brasileira. No ano passado, o setor contribuiu com 23,5% Produto Interno Bruto (PIB) do país, a maior participação em 13 anos, segundo estimativas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Também em 2017, a economia que vem do campo se destacou como um dos maiores empregadores do País. O setor gerou mais de 37 mil novas vagas, o melhor resultado desde 2011. Os números de emprego fazem parte do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho.
Nos últimos 25 anos a produção agrícola cresceu 207% e houve um aumento de 57% da área plantada no Brasil, de acordo com a Conab. As áreas agricultáveis têm avançado, sobretudo, no Cerrado e na Amazônia.