Engenheiro civil cria projeto social para reformas de casas na periferia de São Paulo
Jovem, morador do Jardim Pantanal na zona leste de São Paulo, formado em Engenharia Civil e que, através de um empreendimento social, está mudando a realidade do bairro em que vive. Este é Matheus Cardoso, 22 anos, que fundou o Moradigna, negócio social que reforma casas de pessoas de baixa renda, tanto no Jardim Pantanal, como no bairro vizinho, o Parque Paulistano.
O Jardim Pantanal, já na divisa com Guarulhos, ficou bastante conhecido pelas enchentes, ocasionadas pelas cheias da várzea do rio Tietê, quando por semanas as ruas do bairro ficam alagadas. No fim de 2009 e início de 2010, por exemplo, o bairro ficou sob as águas da enchente por três meses. Hoje, as enchentes não são tão frequentes, mas investimentos e mudanças na região ainda são necessários. E foi essa realidade e a formação acadêmica que estimularam Matheus à criação de um projeto que pudesse ser mais do que uma opção de trabalho e sobrevivência, mas uma forma de mudar a vida de quem vive no Jardim Pantanal, proporcionando reformas em suas casas e em um valor acessível.
A criação do Moradigna
Matheus se formou no final de 2015, no Mackenzie. Estudante de escola pública, seu ingresso na instituição privada foi possibilitado por uma bolsa de estudos do ProUni. Na mesma época do início da faculdade, Matheus se tornou estagiário na Promon Engenharia e dividia seu dia entre estágio, faculdade e o deslocamento para o Jardim Pantanal ao fim do dia.
Da esquerda para a direita, Matheus Cardoso, Vivian Sória e Rafael Veiga. Imagem: Projeto Draft
Inicialmente, o sonho de Matheus era ter sucesso financeiro e fazer carreira na empresa em que trabalhava como estagiário, pensando em sair futuramente do bairro em que morava. Em entrevista ao El País, Matheus conta que as diferenças de realidades que via ao longo do dia, entre a faculdade, empresa e seu bairro, o fizeram enxergar que, ao invés de simplesmente deixar seu o Jardim Pantanal, deveria criar pontes.
Imagem: Marcos Credie
Foi após a participação em uma feira de empreendedorismo realizada na faculdade que Matheus percebeu que poderia unir os propósitos para sua carreira a um projeto que transformasse o bairro em que vivia, ajudando quem mais precisasse a ter uma moradia sem infiltrações, mofo e outros problemas, ou seja, com o objetivo de ajudar as famílias a não viverem em uma moradia insalubre.
O trabalho
A primeira reforma foi na casa de sua mãe. Depois disso, a vizinhança logo virou cliente. Da reforma da laje na casa de Andreia Barbosa, no bairro, foi possível transformar a cozinha e a sala, tudo por R$3.900, valor que poderia ser parcelado em 12 meses, no boleto ou no cartão de crédito.
Imagem: Marcos Credie
O Moradigna teve início em 2015, com 5 obras por mês. Hoje, esse número ultrapassa 30 obras, com a conclusão da reforma em uma média de 5 dias. Os preços mais baixos para a reforma são possíveis a partir da parceria com fornecedores, na compra de material de construção em valor mais acessível.
Além disso, o planejamento e a mão de obra capacitada fazem toda a diferença no resultado do trabalho. Matheus trabalha com dois sócios, o contabilista Rafael Veiga e a arquiteta Vivian Sória. Formações distintas e que se complementam no Moradigna. Além deles, fazem parte outros seis funcionários que executam o planejamento em diferentes fases do projeto e estão envolvidos diretamente com a equipe de pedreiros.
O empreendimento social
A profissionalização e o planejamento são destaques no trabalho desenvolvido pelo Moradigna. Exemplo de empreendimento social que se caracteriza por, ao mesmo tempo, ser um negócio que gera lucros, mas não somente, pois o objetivo é também de resolver problemas sociais.
É uma tendência que vem se fortalecendo no país, inclusive com estímulo aos futuros profissionais, nas universidades. Como Matheus, a partir de uma visão empreendedora e que tem como protagonista o viés social, há espaço para muitos estudantes desenvolverem projetos. Para se ter uma ideia, negócios sociais como o Moradigna podem se multiplicar. Em 2014, o Brasil investiu R$13 bilhões em empreendimentos sociais, e este número pode triplicar até 2020.
A tendência é de que não falte campo para novos jovens como Matheus colocarem em prática o que aprenderam na faculdade, terem uma renda e, ao mesmo tempo, transformarem a sociedade, e é importante que tanto os jovens como as instituições educacionais percebam este cenário o quanto antes.
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