São Paulo – O Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam) solicitou ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) o envio de uma comissão para analisar as obras do trecho Norte do Rodoanel, que custará aproximadamente R$ 6 bilhões, sendo R$ 2 bilhões financiados pelo banco. O término das obras está previsto para 2016. “Como sociedade civil, queremos transparência absoluta e controle social sobre os gastos. Precisamos nos conscientizar de que o governo deve repensar e, se for o caso, paralisar as obras”, diz o conselheiro do Proam e engenheiro agrônomo Mauro Victor, em entrevista à Rádio Brasil Atual. Segundo Victor, a comissão deve ser “isenta, transdisciplinar e suprapartidária” a fim de fazer uma avaliação sobre os impactos econômicos, sociais e ambientais da obra, como a remoção de cerca de 20 mil pessoas, a remoção de vegetação nativa e um gasto de 6 bilhões de reais dos cofres públicos. “Se esse dinheiro fosse aplicado em metrô, daria para transportar 2 milhões de usuários por dia. O Rodoanel vendeu uma propaganda enganosa dizendo que vai melhorar o trânsito da malha urbana, o que não é verdade.” Victor afirma que é “propaganda enganosa” a promessa feita pelo governo do Estado de plantio de 1,6 milhão de espécies nativas a fim de “compensar” a retirada de vegetação decorrente das obras: “Não se pode cortar absolutamente Mata Atlântica, vegetação já adulta, e depois substituir por plantinhas e mudinhas, que vão demorar até 50 anos para crescer. Essa aritmética não fecha”. Segundo o engenheiro, o Proam realizou um estudo sobre as obras e o enviou à Secretaria do Meio Ambiente, ao Ministério do Meio Ambiente e ao BID. “Queremos mediar o impacto ambiental disso, porque será altamente prejudicial para a qualidade de vida dos moradores da capital”, diz. |