Aliado na Infraestrutura
-
26 de julho de 2018
1139 Visualizações
NOS ÚLTIMOS ANOS, a construção de grandes obras de infraestrutura esteve no radar do setor público, especialmente aquelas para apoiar o desenvolvimento urbano e melhorar os sistemas de transporte no país. E o aço vem marcando forte presença em obras dessa natureza, agilizando a execução e conferindo leveza às estruturas.
Na região Sudeste, temos importantes exemplos, como o viaduto Deodoro, localizado em um trecho do BRT (Bus Rapid Transit) no bairro de Deodoro, no Rio de Janeiro, obra que consumiu 1.100 toneladas de aço. “Todas as vigas do viaduto são metálicas, em aço de maior resistência à corrosão. A estrutura não é composta por vigas retas, mas, sim, por um caixão fechado que ajuda a formar o perfil curvo da ponte”, conta José Augusto Piechnik Cordeiro, diretor executivo da Brafer Construções Metálicas, empresa fornecedora da estrutura metálica.
Balanços sucessivos
De acordo com o profissional, o viaduto foi executado com o uso da técnica de balanços sucessivos para a montagem do vão central de 80 m, o que permitiu montar o trecho sobre as linhas férreas existentes no local sem qualquer apoio intermediário, eliminando interferências no fluxo de trens. Por este método, o vão foi dividido em várias seções. Cada seção foi montada na seção anterior e nela soldada. O processo aconteceu simultaneamente a partir dos dois apoios, permitindo, por fim, que o vão central fechando todo o segmento fosse concluído.
O destaque da obra, entretanto, ficou pelo uso das vigas de aço em todo o perfil curvo da ponte. Com elas, foi possível vencer o vão de 80 m localizado sobre as linhas férreas com peças mais leves. Além disso – também devi - do a essa leveza –, possibilitaram montagens com raios maiores de operação e reduziram os esforços transferidos às fundações.
Para permitir a interface do aço com o concreto, as faces superiores das mesas dos caixões receberam conectores de cisalhamento do tipo stud bolts – soldados nas vigas metálicas. Tais conectores ficam inseridos na laje após a concretagem, possibilitando que o aço e o concreto trabalhem em conjunto.
Desafios da montagem
As dimensões das peças, a restrição de acesso e o processo de montagem, em local de grande fluxo de trens, foram alguns desafios da obra do viaduto Deodoro. A solução foi dividir a seção transversal do caixão em três partes e executar a solda do conjunto na obra, próximo ao local de içamento. As peças foram içadas no período noturno, entre 1h e 5h da manhã.
“Manter a geometria no espaço, levando em consideração as contraflechas e a deformação variável dos segmentos, já que esta vai aumentando à medida que o trecho em balanço cresce, também demandou dedicação de nossa equipe”, completa o diretor da Brafer.
Ponte ferroviária
Outra importante obra de infraestrutura que está sendo executada com aço é a ponte sobre o Rio Grande, na divisa de São Paulo com Minas Gerais. A obra da ponte ferroviária de 250 m, com um vão central de 125 m, faz parte da extensão sul da estratégica ferrovia Norte- -Sul, chegando até o estado de São Paulo.
De acordo com Cordeiro, da Brafer Construções Metálicas, empresa que forneceu a estrutura metálica, a ponte é estruturada com duas vigas metálicas I paralelas, intertravadas e contínuas em todo o vão de 250 m. O método construtivo usado na montagem foi o de empurramento. “A viga foi montada em uma das margens do rio, sendo empurrada sucessivamente à medida que novos segmentos eram acoplados à ponte”, explica o diretor.
Como a viga metálica tem 5 m de altura, foram fabricados dois perfis “T” com 2,5 m de altura, que depois foram montados no canteiro da obra. “É muito oneroso transportar uma peça de 5 m, por isso decidimos dividi-las ao meio na fabricação”, completa Cordeiro. Segmentos de viga de 9 a 14 m são montados e depois soldados à viga já existente. Após a montagem, cada um é empurrado para a posterior conexão ao próximo.
Neste processo de execução também está sendo empregado um bico de lançamento para que a ponte atinja o apoio consecutivo com menor peso em balanço. Os segmentos da ponte são empurrados sobre apoios deslizantes e usa-se um sistema de strand jacks para protensão das cordoalhas que puxam a ponte. A obra está em fase final de execução e deve ser entregue em junho deste ano. (G.C.)