Logotipo Engenharia Compartilhada
Home Notícias USA de olho no leilão do campo de Libra

USA de olho no leilão do campo de Libra

Texto de Sergio Barreto Motta, publicado no blog Monitor Digital - 11 de setembro de 2013 1210 Visualizações
USA de olho no leilão do campo de Libra
 
Assume níveis gravíssimos a relação entre Brasil e Estados Unidos, pois, ao contrário do que declarou o presidente Barack Obama, a espionagem não se resume a temas de segurança, mas inclui energia. E, em desacordo com nota da agência de segurança norte-americana (NSA), a espionagem em energia não visa apenas a evitar crises mundiais, mas parece ter conotação empresarial. Com isso, há chances de adiamento do bilionário leilão de Libra, pois todos os dados guardados a sete chaves na estatal da Avenida Chile devem agora estar à disposição dos gigantes norte-americanos, em Houston. Não se sabe até que ponto os ianques compartilham informações empresariais com os seus aliados, integrantes da aliança política e militar, a Otan.
Antes mesmo desse escândalo, já havia reações duras ao leilão. O ex-diretor da Petrobras Ildo Sauer afirma que Libra tem 50 bilhões de barris confirmados e, com pequeno investimento, a Petrobras poderia saber se no local há mesmo reservas de até 300 bilhões de barris. “ O governo está vendendo Libra por preço aviltado, para estancar uma crise específica no balanço de pagamentos”, diz. Em artigo no Jornal dos Economistas, do conselho e sindicato da classe fluminense (Corecon-RJ e Sindecon-RJ), o senador Roberto Requião, em texto de co-autoria de Raul Bergmann, diretor da entidade dos engenheiros da estatal (Aepet), afirma: “O Governo Dilma está promovendo um leilão para entregar o campo de Libra, já descoberto, com risco zero, diretamente às multinacionais do petróleo”.
Para Requião e Bergmann, o governo está prestes a receber uma “ninharia” por um campo que poderia valer US$ 1 trilhão. O valor a ser recebido por Libra é estimado em US$ 15 bilhões, bom para fechar as contas externas, mas insignificante ante o potencial real de lucros para a nação, garantem Requião e Bergmann. Já Paulo Metri, conselheiro do Clube de Engenharia, diz que, propositadamente, exauriram a capacidade financeira da Petrobras, na hora dos leilões. Segundo Metri, um benefício para o Brasil, que seria o conteúdo local – produção no país de plataformas e equipamentos – é duvidoso, pois “a Agência Nacional do Petróleo não divulga descumprimentos da exigência de conteúdo local”.
Marcelo Simas, professor de Geopolítica do Petróleo na UFRJ, analisa que a energia está coligada à estratégia econômica e bélica mundial. Os Estados Unidos estão dando incentivos ao xisto (shale gas) para reduzir sua dependência do Oriente Médio, com sucesso. Lembra que, em 2005, o gigante norte-americano dependia de 60% de petróleo importado, e hoje essa participação se limita a 45%. Informa que, em 2035, os Estados Unidos terão apenas 10% de importações líquidas de energia. E conclui que, com o fim das importações norte-americanas, restará para o Brasil vender óleo do pré-sal para China e Índia, “motivo pelo qual devemos acelerar o pré-sal”.