Plástico, fibras de vidro e de pneu viram cimento sustentável
G1
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05 de outubro de 2018
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Cimento sustentável foi desenvolvido por acadêmicos do curso de engenharia civil de uma faculdade de Macapá — Foto: Rede Amazônica/Reprodução
A busca por materiais alternativos e sustentáveis para a construção civil virou um desafio para um grupo de acadêmicos de uma faculdade deMacapá. Eles criaram um tipo de concreto que ganhou o nome de “cimento sustentável”. O projeto está em teste e terá de ser aperfeiçoado, mas a intenção é que ele possa substituir a mistura tradicional.
A ideia foi apresentada na 6ª Feira de Ciências e Engenharia do Estado do Amapá (Feceap 2018) e rendeu aos estudantes o primeiro lugar no concurso de projetos inovadores de iniciação científica, na categoria “Engenharia”.
Além de vencedor, o projeto “Utilização de resíduos sólidos na produção de concreto sustentável” credenciou o grupo a participar de duas feiras de tecnologia internacionais, em Portugal e no México.
O cimento ecológico é desenvolvido a partir de resíduos provenientes de materiais que a população costuma descartar na natureza, muitas vezes de forma equivocada, como plástico, fibras de vidro e de pneu e fibra de têxtil.
Resultado final é um concreto que pode ser usado na construção de calçadas — Foto: Rede Amazônica/Reprodução
Todos os envolvidos são estudantes do quarto período de engenharia civil. Rivaldo Santos é um dos jovens cientistas e ele explica como funciona as substituições de matéria-prima para se chegar ao produto final.
“O concreto tradicional é composto por brita, cimento, areia e demais aditivos. Então a gente resolveu substituir a brita pelos resíduos sólidos que são o têxtil, plástico, fibra de vidro, fibra de pneu. A gente tritura e mistura tudo, substituindo a brita, assim nós conseguimos o resultado do bloco compacto. Precisa de um tempo de cura, de no mínimo 21 dias, para ser usado”, explicou.
Aos 19 anos, Arley Dias também integra a pesquisa e conta que o concreto que ele ajudou a fazer resistiu ao peso de 18 toneladas e também a umidade, em testes feitos pela equipe. Além da resistência, o acadêmico ressalta as vantagens de se usar materiais sustentáveis.
“As vantagens para o meio ambiente são evitar o descarte inadequado de resíduos sólidos, o que pode causar contaminação de solos e das águas subterrâneas, e proporcionar a economia de recursos naturais. Semana passada, uma ONG retirou do rio Amazonas 40 toneladas de lixo aqui na orla de Macapá”.
Embora a criação seja inovadora, o objetivo de usar o concreto para fins estruturais, como na construção de uma casa, por exemplo, ainda não foi alcançado. Por essa razão, novos experimentos serão realizados.
Nathalye, Luiz Eduardo, Rivaldo, Arley e Vitor formam o grupo de cientistas iniciantes.
Acadêmicos são do 4º semestre do curso de engenharia civil — Foto: Rede Amazônica/Reprodução
Enquanto o grupo não chega ao resultado desejado, o cimento sustentável, segundo o aluno Vítor Ferreira, de 20 anos, pode ser usado com sucesso para construir calçadas, com uma redução de até 50% no custo da obra, garante.
“Fizemos o teste de umidade, de flexão, eletricidade (para ver se passava corrente), esclerômetro e PH. O principal foi o de flexão, que infelizmente apontou que o concreto não chegou ao padrão para fins estruturais. Então, nós decidimos dar um novo rumo a ele que foi a utilização em calçadas. Mas é um projeto-piloto que pode ser aperfeiçoado e vamos buscar melhorias”, garantiu.
Professora Sabrine Gemelli é a coordenadora do projeto de iniciação científica da faculdade — Foto: Rede Amazônica/Reprodução
Visionários, os acadêmicos já pensam em colocar o produto no mercado, e dizem estudar formas para a produção em larga escala. A caminhada de descobertas é orientada e acompanhada pela coordenadora do projeto de iniciação científica da faculdade, a professora Sabrine Gemelli.
Sabrine conta que o evento em Portugal acontece em junho de 2019, mas os alunos já estão se preparando para a viagem. Para quem quiser colaborar, eles estão fazendo uma coleta online. Basta procurá-los nas redes sociais.
Acadêmicos querem aperfeiçoar o produto para apresentar ao mercado — Foto: Rede Amazônica/Reprodução
*Com informações da Rede Amazônica