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Polo naval gaúcho está consolidado

Texto de Patrícia Comunello, publicado no Jormal do Comércio - 18 de setembro de 2013 1241 Visualizações
Polo naval gaúcho está consolidado
 
A presidente da República, Dilma Rousseff, afirmou ontem que o Estado consolidou seu polo naval. Dilma, que devido ao mau tempo transferiu ao Palácio Piratini, em Porto Alegre, o ato previsto para Rio Grande, apontou que a mais recente plataforma, a P-55, a ser concluída na cidade portuária, é um símbolo da refundação da indústria naval brasileira, por ter sido projetada e montada entre a Petrobras e construtores locais. Com as duas novas plataformas (P-75 e P-77) a serem montadas no Estado e outros itens a serem fabricados (módulos e sondas), a presidente projetou que o Estado somará 18 mil empregos e US$ 6 bilhões (mais de R$ 13,7 bilhões) até 2015. 
“Essas plataformas vieram para ficar, mas precisam sair o mais rápido possível”, preveniu Dilma, num recado aos construtores do consórcio formado por Iesa, Queiroz Galvão e Camargo Corrêa (companhia Quip), diante da imposição de prazos e de necessidade de elevar a produção em novos campos da estatal. As reservas ligadas ao pré-sal movimentarão investimentos que ultrapassam R$ 230 bilhões até 2020.
No ato com autoridades, empresas do polo, lideranças empresariais, trabalhadores e políticos, Dilma louvou a destinação dos royalties do pré-sal para educação (75%, e os 25% restantes para a saúde), defendendo o aumento dos salários dos professores como um requisito para melhorar a formação de crianças e jovens. A chefe de Estado lembrou que muitos críticos, no começo dos anos 2000, duvidavam da capacidade do País em responder à demanda por equipamentos para ampliar a produção de petróleo. 
“Diziam que não iríamos conseguir, que iríamos enterrar os projetos da Petrobras e que não havia capacidade de fazer”, relembrou a presidente, citando que havia produção de ferro e parques siderúrgicos que indicavam as condições para estruturar uma nova base de construção. Parte da decisão de buscar fornecedores e formar um parque local atendeu à meta de gerar riqueza e transformá-la internamente, ressaltou. Com isso, a presidente descartou qualquer contágio na economia nacional da chamada doença holandesa.
A denominação é inspirada no exemplo da Holanda, que registrou impacto negativo da enxurrada de ingresso de divisas pela exportação de petróleo, mas sem desenvolvimento de uma diversificação industrial interna. “Evitamos a maldição do petróleo, de país rico, mas nação e povo pobres. Hoje a indústria de fornecedores se credencia a atuar no mercado internacional”, destacou. Dilma espera que o foco se mantenha na demanda da estatal e outras operações. Para dar conta da exploração de novos poços no campo de Libra, a serem leiloados pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), a estimativa é de encomenda de 12 a 17 plataformas.
Diante dos números e da convicção de Dilma, o governador Tarso Genro desfilou a desenvoltura da safra de grãos deste ano e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, que fechou em 15%. Tarso também criticou modelos anteriores de desenvolvimento e atribuiu o desempenho da atividade produtiva ao acerto da política industrial de seu governo e de um planejamento. Para o governador gaúcho, os investimentos do polo naval e de outros setores mudaram a face da chamada Metade Sul, que enfrentará agora as dores do crescimento.
Comandante da estatal petrolífera reforçou cobrança de entrega das plataformas no prazo
Primeiro a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, lustrou o moral das indústrias que estão montando plataformas em território gaúcho, dizendo que as três das oito unidades a serem entregues este ano são as principais do pacote. Depois, Graça Foster avisou que não tolera atraso e que a cobrança é pesada. “É o trabalho de puxar a obra”, definiu a executiva de uma das maiores petroleiras no mundo, convicta de que a retomada da indústria naval brasileira demarca o País como centro de excelência no setor no mundo. A executiva afirmou que 90% da demanda de equipamentos para explorar petróleo do pré-sal estão contratados para alcançar, em 2020, a produção de 4,2 milhões de barris ao dia.
Graças Foster antecipou o que a presidente Dilma Rousseff reforçaria no ato. A P-55, que sai dia 21 do porto do Rio Grande é a mais importante, por ter sido toda projetada e executada por equipes da estatal e fornecedores. “O equipamento precisa trabalhar para se pagar”, avisou a executiva, pragmática ao extremo. Na sequência, será a vez da P-58 deixar o Estado, em outubro: as duas rumo à Bacia de Campos.  
Dos novos contratos, a P-75 entra em operação em dezembro de 2016, e a P-77, em dezembro de 2017. A chegada do casco da P-75 (onde os módulos serão instalados) em Rio Grande deve ocorrer no segundo semestre de 2015, e o da P-77, na primeira metade de 2016. Cada uma das plataformas terá capacidade para produzir até 150 mil barris por dia e de comprimir 7 milhões de metros cúbicos de gás natural. Estão previstas ainda para Rio Grande as obras de três sondas para o pré-sal, com começo neste ano.
O presidente da Iesa Óleo & Gás, que compõe o consórcio das Ps 75 e 77, Valdir Lima Carreiro, disse que agora serão deflagradas as etapas de engenharia e suprimentos. Daqui a oito meses e um ano, começa a montagem do canteiro para receber depois os cascos. No pico da montagem, Carreiro prevê 4 mil trabalhadores envolvidos em cada unidade. O executivo espera que em 2014 haja licitação de mais quatro plataformas pela estatal. Sobre a possibilidade de conquistar novas encomendas, o presidente de Óleo e Gás da companhia demarcou que será decisivo preço.
A empresa também montará 24 módulos em Charqueadas,  que devem ser concluídos até julho de 2014, para serem integrados em seis futuras plataformas. Segundo o executivo, falta ainda a licença de instalação da fábrica em Charqueadas, a ser expedida pela Fepam. Por enquanto, a indústria opera com partes envolvendo 350 trabalhadores. “Até o fim do mês, deve ser liberada”, espera Carreiro, que garantiu que esse detalhe não compromete os prazos. “Montar é rápido, o problema é fazer todas as peças”, ponderou o dirigente, citando que fornecedoras gaúchas estão produzindo e que mão de obra não deve ser problema.