O desenvolvimento de cidades inteligentes no Brasil depende do estabelecimento de Parcerias Público-Privadas - base estratégica do modelo, já adotado em diversas capitais do mundo. O tema foi debatido na manhã desta quinta-feira no I Fórum das Cidades Inteligentes, Humanizadas e Inovadoras - Smart Cities - Governança na Gestão Pública das Cidades. O evento é uma iniciativa do Fórum Nacional das Parcerias Público-Privadas e reuniu empresários, acadêmicos, prefeitos e gestores públicos.
A definição mais abrangente da expressão Smart City remete à ideia da cidade que utiliza inteligentemente seus recursos, com serviços e utilidades públicas de qualidade elevada, e que atendam as demandas sociais, como energia elétrica, iluminação pública, transporte e mobilidade, saneamento básico e organização do trânsito. A Smart City precisa ser constantemente construída, ressalta a especialista em Sustentabilidade na Siemens, Bianca Moreira.
Bianca apresentou case sobre estudo que a Siemens desenvolve junto à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para apresentar os principais pontos para implementar inteligência na cidade. Na verdade, todas as capitais enfrentam os mesmos desafios, a exemplo da mobilidade urbana, que, muitas vezes, compromete a qualidade de vida das pessoas.
Vivemos um momento de grande necessidade, em todas as cidades brasileiras, de aproveitar as oportunidades de melhoria através da tecnologia - o problema é conciliar este desejo com a falta de recursos, concordou o economista e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP) e CEO da GO Associados, Gesner Oliveira. As Parcerias Público-Privadas se constituem em um mecanismo natural para prover serviços de forma transparente e com melhores resultados, opinou. O economista apresentou sete experiências nas áreas de saúde, educação, e saneamento já implementadas no Brasil.
Um dos projetos é na área de habitação social e possibilita que famílias de baixo poder aquisitivo possam morar em regiões com infraestrutura, a exemplo do Centro de São Paulo. É um conceito novo de urbanismo, que se propõe a conceder locais da cidade com tendência ao abandono, e que precisam ser revitalizados, para que sejam construídas residências destinadas a essa parte da população viabilizando que as pessoas morem próximo do trabalho, e aproveitando a estrutura existente, explica Oliveira.
No Canadá, os projetos surgem de demandas da própria comunidade, afirmou o gerente comercial do Consulado canadense, Marcio Francesquine. Em Toronto, onde o conceito de Smart City vem sendo desenvolvido há 10 anos, foi criado, por exemplo, um aplicativo que mapeia os locais da cidade que precisam de ciclovias, com a ajuda do uso da bicicleta por parte da população. Francesquine opina que no Brasil o elemento tecnológico para a implementação de cidades inteligentes já é forte, mas há necessidade da incorporação de outros dois elementos (ainda empíricos no País) que compõem o conceito, observando que é preciso pensar no elemento institucional e no elemento humano.
Implementação de frotas de ônibus elétrico no Brasil esbarra na falta de estrutura
Diferentemente dos carros elétricos, que podem ser abastecidos na residência do proprietário, uma frota de ônibus elétricos (com cerca de 500 veículos) necessita de uma infraestrutura que ainda não se encontra nas cidades brasileiras, afirma o diretor de Engenharia da Marcopolo, Luciano Ricardo Resner. Durante a palestra O Impacto da Indústria 4.0 na Mobilidade Urbana, que abriu na manhã desta quinta-feira o I Fórum das Cidades Inteligentes, Humanizadas e Inovadoras - Smart Cities - Governança na Gestão Pública das Cidades. O gestor destacou a importância de infraestrutura urbana que possibilite este modal de transporte público.
Precisamos ter estrutura (nas cidades) capaz de comportar este tipo de solução de mobilidade, a exemplo de postos de abastecimento elétrico. Desde 2010, a Marcopolo vem trabalhando em projeto de ônibus elétricos, híbridos, a gás, entre outros, tendo fabricado 52 carros protótipos que já estão rodando em seis cidades brasileiras. Outro desafio para a implementação de frota é o alto custo dos veículos. O valor é quatro vezes mais elevado que o de um ônibus movido a Diesel, informa Resner. Mas, à medida que o volume vai aumentando, o preço vai ficando mais atraente. Para a produção de estruturas com carregadores que façam a recarga em poucos minutos será necessária uma Parceria Público-Privada (com ajuda de concessionária de energia elétrica), comenta o diretor da Marcopolo. Segundo ele, já há estudos de viabilidade ocorrendo em São Paulo. Nos grandes centros ainda há outros problemas que podem ser minimizados, como ruído e poluição, destaca.
Evento presta homenagem aos 85 anos do Jornal do Comércio
O Jornal do Comércio (JC) recebeu uma homenagem pelos seus 85 anos durante o I Fórum das Cidades Inteligentes, Humanizadas e Inovadoras - Smart Cities - Governança na Gestão Pública das Cidades, promovido pelo Fórum Nacional das Parcerias Público-Privadas na manhã desta quinta-feira, no Teatro do CIEE, em Porto Alegre.
O presidente do Fórum, Marcino Fernandes Rodrigues Junior, parabenizou o diretor de Operações do Jornal do Comércio, Giovanni Tumelero, ressaltando que o jornal é uma referência de empresa que constrói, com sua cobertura consistente, completa e muito qualificada. - Jornal do Comércio (https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/economia/2018/10/653205-forum-debate-inovacao-e-infraestrutura-para-cidades.html)