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Queiroz Galvão cria braço para disputar R$ 20 bi em concessões

Texto de Fábio Pupo e Ivo Ribeiro, publicado no Valor Econômico - 25 de setembro de 2013 1566 Visualizações
Queiroz Galvão cria braço para disputar R$ 20 bi em concessões
 
Em meio às bilionárias oportunidades anunciadas pelo governo em concessões de infraestrutura, o grupo nascido da construção pesada Queiroz Galvão decidiu criar uma empresa exclusivamente voltada ao setor. A Queiroz Galvão Infraestrutura - ou QG Infra, como os executivos a apelidaram - vai atuar principalmente no negócio de logística, além de energia e saneamento. A companhia tem a missão de, nos próximos cinco anos, construir uma carteira de investimentos de R$ 19,8 bilhões, a serem aplicados ao longo das próximas décadas.
Do total a ser alcançado, R$ 3,8 bilhões já foram herdados do próprio grupo. São cinco ativos, como a participação na Concessionária Rio-Teresópolis (CRT), que administra 142 km da rodovia fluminense Santos Dumont.
Nesse plano, que visa mais R$ 15,9 bilhões em novos projetos, a empresa fez sua primeira investida ao disputar a BR-050 na quarta-feira. Ofereceu um lance considerado agressivo, de deságio de 34,57%. Desse montante, R$ 5,9 bilhões seriam aplicados em forma de equity (capital próprio) e outros R$ 10 bilhões de financiamento. Em logística, são estudados aeroportos, portos, rodovias, ferrovias e mobilidade.
André de Oliveira Câncio, diretor-presidente da QG Infra, diz que a companhia tem, atualmente, capital para bancar, com dívida, a carteira almejada. Mesmo assim, já estão procurando sócios para a nova empreitada, que poderão expandir o potencial da carteira da companhia. O grupo planeja ter, como parceiros, investidores institucionais, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o FI-FGTS, além de fundos de pensão e soberanos.
Segundo Câncio, existe a possibilidade de vender parte da QG Infra ou de cada braço da nova companhia: QG Energia, QG Logística e QG Saneamento. Isso depende da vontade do investidor.
Além da operação de venda a investidores específicos, a QG Infra pode abrir capital. Isso é algo que nos atrai, diz, ressaltando que ainda não há nada definido.
Da carteira potencial em logística, R$ 2,5 bilhões podem ser direcionados a terminais portuários, R$ 400 milhões a aeroportos, R$ 2,2 bilhões a rodovias, R$ 4 bilhões a ferrovias, e R$ 1,7 bilhão a mobilidade urbana. Os números se referem à parcela de capital próprio da empresa em cada área. Segundo Câncio, os números representam apenas 5% de todo o pacote do governo em concessões.
Um dos empreendimentos mais cobiçados pelo grupo é o aeroporto do Galeão (RJ), e serve para exemplificar os números almejados pela empresa. O investimento total previsto para o aeroporto ao longo dos anos é de R$ 5,2 bilhões, segundo estimativas do governo. A princípio, parece um montante alto demais, mas 70% desse total é financiado, como acontece em geral nas obras de infraestrutura. Então os futuros controladores só precisarão investir, de capital próprio, cerca de R$ 1,6 bilhão.
Além disso, o modelo de aeroportos dá uma ajuda extra nos números, pois estabelece que a estatal Infraero participe com metade dos aportes. Isso reduz a necessidade de desembolso direto das empresas privadas para R$ 800 milhões. No caso da QG Infra, seriam R$ 400 milhões, já que tem 50% do consórcio formado para o leilão.
Para a disputa, a QG Infra já firmou uma parceria com a espanhola Ferrovial, que administra aeroportos no Reino Unido. No leilão anterior (que concedeu os terminais de Guarulhos, Campinas e Brasília), a sociedade incluía ainda o BTG Pactual - mas o banco não deve participar da nova rodada. O leilão deve ocorrer em novembro, segundo previsão do governo divulgada na semana passada.
A QG Infra também busca R$ 732 milhões em projetos de saneamento. Hoje, detém participação no grupo Águas do Brasil. Em energia (eólica, hídrica e biomassa), o plano é alcançar 1,77 mil MW até 2020. Hoje são 332 MW em operação. Além de atuar em geração e comercialização, há interesse de entrar em transmissão e distribuição, segundo Max Xavier Lins, presidente da QG Energia.