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Pré-sal desafia as economias do RJ e ES

Fernanda Nunes e Nicola Pamplona, do Brasil Econômico - 23 de outubro de 2013 1347 Visualizações
 Pré-sal desafia as economias do RJ e ES
 
A disputada renda do pré-sal, sobre a qual repousam as apostas do desenvolvimento brasileiro, é também um risco para as indústrias produtoras de aço, polpa e papel e outros produtos minerais não-metálicos já estabelecidas no Rio de Janeiro e no Espírito Santo, onde estão concentradas as reservas.
A constatação faz parte do estudo inédito do Banco Mundial Descobertas de Petróleo do Pré-sal e o Desenvolvimento de Longo Prazo no Brasil. Nesta segunda-feira, o governo realiza o leilão de Libra, maior descoberta de petróleo do país, com potencial de produção de até 1,4 milhão de barris por dia.
Como antídoto, o Banco Mundial sugere o investimento em gargalos de infraestrutura, para que os ganhos com o pré-sal sejam distribuídos e impulsionem também outros segmentos industriais. A sugestão contraria a proposta do governo de aplicação, em educação e saúde, dos recursos obtidos com a exploração das reservas.
Para avaliar os efeitos do pré-sal sobre a economia, foi realizada uma simulação a partir das projeções da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) de produção de petróleo na área. E a perspectiva, segundo o Banco Mundial, é de a economia brasileira passar pela temida doença holandesa, termo usado para caracterizar efeitos de desindustrialização em decorrência de surtos de exportação de recursos naturais, como o petróleo.
As descobertas de petróleo oferecem oportunidades extraordinárias para ajudar a lançar o Brasil em uma nova era de desenvolvimento econômico equitativo e estável. Mas, para alcançar esses objetivos, será necessário vencer desafios impostos pela própria receita do petróleo, bem como pelos atuais desafios em diferentes aspectos da formulação de políticas no Brasil, alerta.
A previsão é de que, na próxima década, sejam produzidos 3,4 milhões de barris por dia no pré-sal, volume superior ao extraído atualmente em todos os campos produtores brasileiros, de 2 milhões de barris por dia. Concretizadas as projeções de produção, o crescimento no volume embarcado terá sido de 70% a 90%, o que levaria as exportações de petróleo a alcançar o montante de US$ 15 bilhões em 2020.
Entre os riscos de tamanha expansão na entrada de recursos, o Banco Mundial cita a valorização de 8% da taxa real do câmbio de equilíbrio, resultado do crescimento das exportações, o que ainda poderia provocar um aumento da volatilidade do PIB, devido ao peso que a commodity ganharia na pauta de exportação.
Além disso, a pujança do pré-sal tende a causar uma contração da oferta de mão de obra e dos equipamentos destinados aos demais setores industriais. E, por consequência, o encarecimento de bens e serviços, com efeito, principalmente, sobre o bem estar da população mais pobre.
Embora as simulações impliquem que os estados produtores de petróleo poderiam terminar com níveis mais altos de renda e consumo per capita, as evidências econométricas sobre a volatilidade macroeconômica é uma preocupação, uma vez que a volatilidade prejudica o bem estar social, mesmo que não esteja associada com diminuições no nível médio de consumo ou renda, conclui o estudo.
O risco persiste mesmo com a adoção de políticas de conteúdo local, diz o banco. Se a rentabilidade dos fornecedores da Petrobras depende ou está correlacionada com a rentabilidade do setor petrolífero e com os preços do petróleo, em particular, o risco não seria afastado com essa estratégia, aponta.
Entre as soluções apontadas pelo estudo, o banco sugere não apenas resolver gargalos de infraestrutura, como também um esforço para aumentar a produtividade da mão de obra.