Logotipo Engenharia Compartilhada
Home Notícias Em Portugal curso de mestrado em engenharia do Petróleo visando Brasil e Angola

Em Portugal curso de mestrado em engenharia do Petróleo visando Brasil e Angola

TEXTO DE LURDES FERREIRA - 05 de março de 2014 2240 Visualizações
Em Portugal curso de mestrado em engenharia do Petróleo visando Brasil e Angola
 
Crescimento da mão-de-obra altamente qualificada para o petróleo de grande profundidade deve ser superior a 60% até 2020. Galp Energia duplicou o número de trabalhadores dedicados à exploração e pesquisa mas não é suficiente, afirma o presidente da empresa.
O primeiro mestrado em engenharia do petróleo em Portugal organizado pela universidade escocesa de Heriot-Watt inicia em Março, em Lisboa, para responder a duas grandes dificuldades que esta indústria enfrenta hoje, a nível global, incluindo a Galp Energia: forte escassez de mão-de-obra qualificada para o petróleo de grande profundidade e perspectiva de grande desenvolvimento desta área nos próximos anos.
O curso nasce de uma parceria entre o Instituto do Petróleo e do Gás (ISPG) e a universidade escocesa de Heriot-Watt, uma das instituições europeias mais conceituadas nesta área. Dará preferência a alunos portugueses ou de “raiz lusófona”, embora possa captar candidatos internacionais, e “é um programa para ficar”, garante o presidente executivo da Galp Energia, Manuel Ferreira de Oliveira, ao público.
“Não há oferta qualificada para a procura e a tendência é para que essa escassez se agrave à medida que aumenta o consumo mundial de petróleo e gás”, explica o gestor da petrolífera portuguesa. Sublinha que esta situação “irá exigir à indústria um esforço cada vez maior de investimento e de desenvolvimento de projetos, não só para repor os níveis de reservas, como para responder a essa procura”.
Nos últimos três anos, a Galp Energia duplicou o número de trabalhadores qualificados na área da exploração e pesquisa (E&P), sobretudo para responder aos projetos que tem no Brasil, mas está longe de suprir as necessidades, prevendo um aumento “significativo” destes recursos no médio prazo. “O número depende das novas descobertas, dos planos de desenvolvimento dos projetos”, acrescenta.
Um estudo recente sobre as necessidades de mão-obra da indústria para o petróleo subaquático (especialmente grande profundidade) calcula que os atuais 92 mil trabalhadores qualificados devam subir para 150 mil em 2020, a uma taxa média anual de 7%. Os dados são da FTU-Fundação para a Tecnologia Subaquática, com sede na Noruega.
Os mercados onde se prevê que a procura seja mais acentuada são o Brasil, Austrália e África Ocidental, mas enquanto a FTU admite que o Brasil conseguirá resolver o problema com recrutamento local, o mesmo já não deverá acontecer com a Austrália, Angola e Nigéria, que terão de recorrer a importação de mão-de-obra qualificada.
“Não há qualquer dúvida sobre o desenvolvimento que se perspectiva no Brasil e Angola e será sem dúvida um crescimento explosivo, sobretudo no caso do Brasil”, afirma Ferreira de Oliveira. A expectativa é que a Agência Nacional do Petróleo do Brasil venha a apoiar, “pelo menos parcialmente”, este programa.
As previsões ainda não contam com Moçambique, que tem a que é considerada a maior reserva de gás natural do mundo, descoberta em 2010: “os projetos para colocar as reservas moçambicanas em produção ainda se encontram em fase final de discussão e aprovação”, mas “serão necessários milhares de colaboradores”, do simples soldador ao mais qualificado geocientista, de acordo com o mesmo gestor.
O estudo da FTU encontrou nesta área da indústria uma mão-de-obra eminentemente masculina (80%), mas com o recrutamento de mulheres a registar a maior taxa de crescimento entre os mais novos.
A universidade de Heriot-Watt, que recebe todos os anos uma média de 1000 candidatos de todo o mundo para 100 vagas, ajudou a desenhar os currículos do programa português. A primeira turma deste mestrado arranca com 22 alunos e decorrerá na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. O período de candidaturas encerrou a 24 de Fevereiro.
O ISPG foi lançado no ano passado pela Galp em parceria com seis universidades portuguesas: Aveiro, Lisboa, Coimbra, Nova de Lisboa e Porto.