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Curitiba avança em mobilidade movida a bateria

René Ruschel - Carta Capital - 24 de julho de 2014 1215 Visualizações
 Curitiba avança em mobilidade movida a bateria
Nos anos 1970 e 1980, Curitiba era considerada uma cidade laboratório para lançamento de novos produtos, shows musicais e peças de teatro. Obter êxito entre os curitibanos, considerados exigentes, muito críticos e pouco sociáveis, era como uma garantia antecipada de sucesso em outras praças. Agora, a cidade pretende um novo salto qualitativo. A meta é inovar no uso intensivo de carros elétricos com controles inteligentes.
Uma parceria até 2020 entre a prefeitura de Curitiba, a Itaipu Binacional, a Aliança Renault-Nissan, o Instituto Curitiba de Informática (ICI) e o Centro para a Excelência e Inovação da Indústria da Mobilidade (Ceiia), de Portugal, desenvolve um protótipo com a possibilidade de se tornar referência mundial. O Projeto Ecoelétrico para utilização de veículos movidos a bateria elétrica ainda é embrionário, mas conquistou as atenções do público presente à Feira European Mobility Exhibition – Transports Publics 2014, realizada na primeira semana de junho em Paris. A exposição do projeto brasileiro foi organizada pela secretária do Trabalho e vice-prefeita da capital, Mirian Gonçalves.
A conclusão da primeira fase foi 

na Secretaria Municipal de Trânsito, Instituto Municipal de Turismo e Guarda Municipal.
A energia é armazenada em baterias com autonomia de 100 quilômetros para os ônibus e 210 quilômetros para os automóveis. O processo é monitorado online pelo sistema Mobi.Me, desenvolvido pela Ceiia, com atualização em tempo real de indicadores da quantidade de CO2 poupado, energia consumida, economia em relação a veículos convencionais, distâncias percorridas, velocidade dispendida e peso da carga, entre outros. A análise dessas informações permitirá aos gestores públicos terem uma visão de conjunto do sistema para orientar tomadas de decisões.
Em Curitiba já foram instalados dez postos de abastecimento de carros elétricos. No futuro, serão transformados em estações de serviços online para informação dos usuários, por meio de dispositivos móveis, sobre a movimentação de ônibus e táxis, o controle do tráfego e as melhores rotas para cada deslocamento.
O principal benefício, além do menor impacto ambiental, é a economia de combustível (a manutenção também é mais barata). Um carro a gasolina com consumo médio de 1 litro por 10 quilômetros gasta 3 reais (preço do litro) para percorrer essa distância. Um carro elétrico necessita de 1 kW/hora para fazer o mesmo percurso, equivalente a um desembolso de 0,39 real, considerando-se a tarifa B1 residencial da Companhia Paranaense de Energia Elétrica, em 29 de abril.
A experiência foi aplicada em Portugal, com ênfase diferente. O lançamento incluiu cerca de 700 veículos com uma rede de manutenção básica para conquistar a confiança do público e criar condições para a evolução gradativa do programa. No Brasil, buscou-se uma parceria para integrar todos os agentes envolvidos no processo – usuário, gerador de energia e montadora do veículo.
O objetivo é transformar o projeto em um indutor de mudança do modelo atual. “A escolha por Curitiba deu-se pela consciência ecológica da cidade, e o governo municipal, na condição de usuário, decidiu aceitar o desafio”, afirmou o engenheiro português José Rui Felizardo, CEO da Ceiia.
O planejamento urbano da utilização de uma frota de carros elétricos com controles inteligentes, em uma megalópole ou no contexto de uma empresa, ganha em simplicidade e eficácia em relação ao sistema atual. O monitoramento de tráfego permite dimensionar as necessidades dos motoristas e pedestres e quantificar os custos.
Hoje nenhum município consegue avaliar com exatidão o dispêndio financeiro em mobilidade urbana. Nas metrópoles, a população enfrenta diariamente congestionamentos causadores de prejuízos para a sociedade, a economia e o poder público. A utilização de semáforos inteligentes para alterar o sentido do tráfego dos veículos em horários de pico, na realização de grandes eventos, em razão de acidentes e de obras, ou para criar mais espaços de lazer nos fins de semana pode melhorar o uso do espaço urbano, observa Felizardo. Os motoristas e pedestres seriam informados sobre as alterações pelo celular. “A mobilidade, antes de ser um problema técnico, é questão social. Mas é preciso primeiro conhecê-la bem para depois identificar a tecnologia mais adequada.”