A gestão pública sempre tem muitos e muitos desafios. As mudanças nos poderes, as votações por mudanças na legislação e também a bipolaridade política fazem com que o processo governamental seja complexo. Aos servidores que estão alocados nas repartições, é preciso redobrar a atenção, afinal, eles lidam diretamente com a população. A partir da reflexão sobre a realidade atual, conseguimos ter uma dimensão sobre alguns dos principais desafios da gestão pública no Brasil.
Neste artigo, tentaremos mostrar quais aspectos estão em pauta, e o que pode ser feito nesse sentido. Apesar de ser um problema que já deveria ter sido sanado, o atual cenário da administração pública ainda é marcado por constantes ações ilegais e antiéticas praticada por servidores de diferentes níveis hierárquicos, que colocam seus interesses pessoais ou de terceiros à frente do público. Tudo isso converge em casos de escândalos e corrupção em diferentes esferas do poder.
Há, por isso, uma dificuldade para manter os serviços à população. Afinal, quando se tem desvios, o atendimento das necessidades básicas muitas vezes não consegue ser feito de maneira eficaz.
O resultado é a inadequação dos serviços prestados, principalmente naqueles essenciais, como segurança, saúde, educação e moradia e outros. Sem contar que os custos para o uso desses serviços que deveriam ser prestados pelo poder público, acabam tendo que ser pagos pela população em forma de elevada carga tributária.
No Brasil, a participação na gestão pública é assunto tratado como tabu. Apesar de a Constituição Federal garantir a participação popular na administração governamental, ainda é um desafio incluir os cidadãos no processo de tomada de decisões e também na fiscalização dos problemas e mudanças que afetam diretamente a sociedade. O emprego público é muitas vezes associado à estabilidade. De fato, a característica é forte no segmento, mas isso não significa que os servidores devem parar de se qualificar. Afinal, se eles quiserem crescer, precisarão provar que se encaixam e podem desempenhar um trabalho de qualidade. A eficácia e a qualidade demandam servidores públicos comprometidos e satisfeitos, mas também capacitados.
A dificuldade, hoje, é estabelecer uma política de gestão de pessoas que mantenham processos de seleção que valorizem as especialidades e sejam transparentes. Ainda vemos muitos cargos por indicação que dão o retorno esperado, gerando comodismo. Sem contar que ainda há problemas ligados à remuneração, que costuma ser muito desiguais entre certas categorias. Portanto, romper com esse ciclo é um desafio da gestão pública no Brasil, que precisa oferecer oportunidades e mais igualdade entre os seus servidores, e se for nomear, não buscar pessoas amigas ou que deve favores, e sim, pessoas qualificadas, para ocupar os cargos mais importantes na administração.
Paulo Nogueira é jornalista e membro da Associação Brasileira de Jornalismo Científico