Construção civil se une para incorporar inovação
A construção civil brasileira tomou consciência de que é preciso investir em processos inovadores. Isso ficou claro no seminário sobre melhores práticas construtivas, promovido pela ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) no Concrete Show 2014, realizado de 27 a 29 de agosto de 2014. “O potencial de inovação do nosso setor é enorme, mas ele precisa funcionar como um sistema para que opere como linha de montagem. Esse sistema passa por qualificação do produto, melhoria dos processos, busca de negócios que assimilem a inovação e a gestão desta inovação. Também precisamos entender que inovação é fazer mais com menos, tornando-nos mais competitivos e mais produtivos”, definiu Valter Frigieri Jr., diretor de planejamento e mercado da ABCP.
O ponto de partida desta inovação, no entender dos palestrantes no seminário, está nas paredes com concreto autoadensável. Mas para isso, frisou Frigieri, é preciso que o sistema se viabilize através da cadeia fornecedora, que inclui formas, esquadrias, portas e componentes hidráulicos e elétricos que serão instalados dentro das paredes. “É preciso fazer a interface de todos esses componentes, mas não é tão simples como na indústria automobilística, que conseguiu implantar um modelo de sucesso de linha de montagem. Nossa cadeia produtiva é muito complexa. Estamos falando de milhares de construtoras, operando em regiões muito distintas. Há localidades em que o sistema inovador tem fornecedores em um raio de cem quilômetros, mas em outras ele está a uma distância inviável”, ressaltou o dirigente da ABCP.
ABCP catalisa inovações
A Associação Brasileira de Cimento Portland tem funcionado como um catalisador destes sistemas construtivos inovadores – principalmente no que se refere a paredes de concreto -, fazendo a interação entre construtoras e fornecedoras. De acordo com Valter Frigieri Jr., há atualmente 54 construtoras trabalhando para melhorar o sistema de paredes de concreto. Um case de sucesso apresentado no seminário aconteceu no Distrito Federal, no condomínio Parque do Riacho. A maior construção habitacional na capital federal viabilizou 5.904 unidades em 24 meses, entre as quais 4.624 apartamentos de 2 quartos e 1.280 apartamentos de 3 quartos. No auge da obra, o empreendimento, enquadrado nas faixas 2 e 3 do Minha Casa Minha Vida, chegou a erguer 414 unidades por mês.
São 42 condomínios que ocupam uma faixa de 9,6 quilômetros. Com uso de sistema de paredes de concreto, além do aumento da produtividade, a obra obteve economia de 16% no custo de mão de obra. A sinergia entre fornecedores e construtora permitiu que as esquadrias e os caixilhos de alumínio fossem encaixados durante a fase de montagem das formas. Outra inovação usada na construção foi a que implantou as argamassas técnicas, com resistência de 7 MPa. Em comparação ao sistema convencional de acabamento de paredes, a tecnologia trouxe economia de 50% no prazo de execução, com ganho de produtividade na ordem de 32% e redução de 5% no custo. “Esse é o papel da cadeia fornecedora. Ela tem que ajudar a construtora a adotar processos inovadores”, finalizou Frigieri.
Entrevistado
Engenheiro de produção Valter Frigieri Jr., direto de planejamento e mercado da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland)
Contato: valter.frigieri@abcp.org.br
Créditos Fotos: Divulgação/Cia. de Cimento Itambé/JC Gontijo Engenharia
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330