*Por João Irineu Medeiros
Neste momento histórico tão singular como o que estamos vivendo, muitos desafios decisivos se cruzam diante de nós. De um lado está a luta contra a pandemia da Covid-19, em que a humanidade lança mão de todo o acervo científico para produzir vacinas em tempo recorde e estabelecer protocolos médicos e comportamentais para superar a crise. De outro lado, há a aceleração de esforços tecnológicos em escala mundial para atenuar as emissões dos gases de efeito estufa (GEEs) e seus efeitos sobre o aquecimento global.
Somando-se a outros setores, a indústria da mobilidade trabalha para a redução das emissões de carbono em seu processo produtivo e para desenvolver sistemas de propulsão mais limpos. Apesar das limitações impostas pela pandemia, as pesquisas e os desenvolvimentos na área de powertrain avançam em todo o mundo.
Particularmente no Brasil o programa Rota 2030 une indústria, academia, ICTs, agências de fomento e governo, e proporciona notáveis avanços em projetos para a eficiência energética, entre os quais se destacam os sistemas de propulsão com aplicação de biocombustíveis e sua combinação com a eletrificação.
Os desafios relacionados à redução das emissões dos GEEs determinam novos horizontes e, sobretudo, motivam a indústria da mobilidade. Nesse contexto a eletrificação se apresenta como uma tendência mundial para os próximos anos, mas outros sistemas eficientes de powertrain ainda estarão presentes nos diversos tipos de veículos híbridos, em especial na fase de transição para veículos puramente elétricos.
Na Europa os motores ciclo Diesel já são substituídos pela combinação de evoluídos motores ciclo Otto, com eletrificação de baixa e alta voltagens. É provável que a partir de 2030 veículos puramente elétricos sejam produzidos em grande escala em alguns países europeus.
Em função da matriz energética diversificada e favorável em termos de sustentabilidade, no Brasil a indústria da mobilidade busca a associação entre as mais avançadas tecnologias do setor e as características regionais.
De forma inovadora a comunidade científica brasileira se prepara para propor soluções sustentáveis do ponto de vista social, ambiental e econômico, para chegar à mobilidade eficiente e limpa de que o País precisa.
Nesse escopo é possível esperar surpreendentes evoluções tecnológicas relacionadas aos motores de combustão interna e transmissões, principalmente pela intensificação do uso de biocombustíveis, com sistemas de propulsão que podem facilmente se associar à eletrificação e com isso gerar híbridos altamente eficientes.
O tema da mobilidade sustentável será o eixo do debate no 19º Simpósio SAE BRASIL de Powertrain, liderado por especialistas da mobilidade brasileira e internacional.
*João Irineu Medeiros é chairperson do 19º Simpósio SAE BRASIL de Powertrain Seção Regional São Paulo – Interior e Regulatory Director da Stellantis América do Sul