É uma seda de aranha sem a aranha, com a mesma resistência dos plásticos descartáveis.
[Imagem:Ayaka Kamada et al. - 10.1038/s41467-021-23813-6]
Seda de aranha vegana
Um material de origem vegetal, sustentável e pronto para ser produzido em escala industrial promete substituir os plásticos descartáveis em uma ampla variedade de produtos de consumo.
Trata-se de um filme de polímero biomimético, projetado para imitar as propriedades da seda de aranha, um dos materiais mais resistentes da natureza.
Ayaka Kamada e seus colegas da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, descobriram que uma das principais características que dá essa força àseda de aranhaé estrutural, mais especificamente na organização regular e precisamente espaçada das ligações de hidrogênio que mantém coesas as proteínas da seda, dando-lhe uma densidade muito alta.
Eles então desenvolveram uma técnica para reproduzir essa estrutura usando proteínas vegetais.
O material sintético resultante é tão forte quanto muitos plásticos de uso comum, tornando-o um substituto potencial verde para o plástico à base de petróleo.
"Outros pesquisadores têm trabalhado diretamente com materiais de seda como substitutos dos plásticos, mas eles ainda são um produto animal. De certa forma, criamos a 'seda de aranha vegana' - criamos o mesmo material sem a aranha," disse o pesquisador Marc Garcia, membro da equipe.
Plástico que imita seda de aranha
A seda vegana é produzida usando uma nova técnica que a equipe desenvolveu para montar proteínas vegetais, o que resulta em um material que imita a seda em nível molecular. Segundo a equipe, a técnica tem alta eficiência energética e utiliza apenas ingredientes sustentáveis.
O produto final é um filme semelhante ao plástico, pronto para uso, sem necessidade de qualquer aditivo ou condições de armazenamento, e que pode ser fabricado em escala industrial.
Também é possível adicionarcores estruturaisao polímero durante o processo de fabricação - também conhecidas como "cores físicas", são cores que não desbotam porque não são baseadas em corantes, mas na forma como a superfície do material interage com a luz.
Ao contrário dos plásticos comuns, a seda biomimética é compostável diretamente - os bioplásticos normalmente requerem instalações de compostagem industriais para se degradarem. Além disso, o material não requer modificações químicas em seus blocos de construção naturais para que possa se degradar com segurança na maioria dos ambientes naturais ou domésticos.
O material será comercializado por uma empresa que está sendo incubada pela universidade, já com planos de lançar uma linha de sachês e embalagens descartáveis ainda este ano.