A digitalização é um desafio que se apresenta hoje a todos os setores da economia – e cujo avanço foi acelerado no último ano, dadas as demandas trazidas pela adaptação à pandemia. No mercado de material de construção, esse processo convive com uma realidade bastante específica: a maioria dessas empresas ainda está off-line, dadas as características de consumo e organização do segmento.
Com isso em mente, a empresária Luciana Carmo, decidiu utilizar sua rede de relacionamentos, resultado de uma atuação de mais de 10 anos no setor, para contribuir para este movimento. Assim surgiu a Achei4U, um marketplace pensado exclusivamente para os lojistas da construção.
“A Achei4U Marketplace nasceu durante a pandemia, como uma oportunidade de contribuir como um novo canal para aumentar as vendas do varejo de material de construção”, afirma Luciana, especialista em varejo e empreendedorismo.
“A crise sanitária acelerou esse processo. Não dá para ter uma loja e não estar onde meu cliente está. Se hoje ele está no celular, no computador, se está comprando de casa, essa loja precisa existir virtualmente.”
Hoje, o setor tem faturamento anual de R$ 150 bilhões, e a previsão é que tenha crescimento entre 3,5% e 5% neste ano, segundo dados do Ibre/FGV. O mercado, entretanto, ainda é extremamente pulverizado: são cerca de 131 mil lojas no varejo, das quais cerca de 80% são familiares e ainda não operam no ambiente digital.
“A lógica e a jornada de compra de material de construção são diferentes. E foi pensando nisso que desenvolvemos nosso modelo de negócio, 100% baseado nas dores e necessidades desse varejista”, diz Luciana, que fundou a empresa ao lado do sócio Alexandre Moreira.
A startup visita os parceiros para entender suas operações e raio de atuação, mapeia as melhores linhas e produtos para serem vendidos por meio do marketplace e, então, cria a loja digital para o empresário. Com os produtos online, a plataforma também desenvolve e executa toda a estratégia de marketing e gestão para esta loja.
“E, ao ter acesso aos dados de vendas e aos dados das campanhas digitais, reunimos informações estratégicas para esse lojista, a que hoje ele não tem acesso”, afirma Moreira.
“Como é um setor ainda novo dentro desse ambiente, queremos também contribuir para o entendimento desse mercado. Criar dados, avaliar a jornada desse consumidor no segmento digital e, assim, construir com esses empresários um novo canal de vendas e relacionamento com os seus clientes que gere mais resultados”, complementa Luciana.
Há espaço e estímulo para o crescimento do modelo de negócio da Achei4U. Em primeiro lugar, as restrições sociais impostas pela pandemia geraram um movimento de cuidado com o lar. Uma pesquisa da consultoria Consumoteca mostrou que 55% das pessoas de maior renda no país fizeram modificações em suas casas durante a pandemia. Na classe C, o percentual também foi significativo (39%).
Além disso, os empreendedores contam que anteciparam o lançamento do marketplace graças à grande demanda entre os lojistas procurados pela startup. Atualmente, o site atende os municípios da Grande São Paulo, além de Campinas e região.
“Essas empresas têm como característica os relacionamentos regionais, com as suas comunidades. Com isso em mente, criamos uma empresa que respeita essa regionalização”, diz Luciana. Dentro da Achei4U, elas vendem sempre para um raio próximo de sua localização, com possibilidade inclusive de retirada em loja.
“É a transformação do varejo, dentro deste novo contexto Figital, em que o atendimento das lojas é feito de forma física, mas também digital. Os canais de venda se complementam, de maneira a expandir o negócio”, afirma.
Para completar o ciclo de atividades do setor, a startup desenvolveu outras soluções para lojas e profissionais. Criou uma rede social em que os prestadores de serviço e especificadores do mercado –como pintores, arquitetos e marceneiros – podem divulgar e oferecer seus serviços, sem custos. Isso permite que o consumidor encontre, em um só lugar, tudo o que precisa para a sua casa.
Além disso, a plataforma possibilita que as pessoas cadastrem gratuitamente doações de sobras de materiais de construção, em linha com a demanda por sustentabilidade no mercado. Paralelamente, os empreendedores também trabalham para ampliar as conexões digitais entre as indústrias e o varejo.