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Economia

Agronegócio movimenta 69,5% da Malha Oeste, que corta a região e está abandonada

Folha da Região - 25 de outubro de 2021 786 Visualizações
Agronegócio movimenta 69,5% da Malha Oeste, que corta a região e está abandonada

O agronegócio é responsável por 69,5% de toda a carga transportada na Malha Oeste, que é a linha ferra que vai de Mairinque (SP) até Dourados (MS) e corta a maioria dos municípios da região de Araçatuba.

Apesar de ser um número expressivo, está muito abaixo da capacidade e do que é transportado por outras vias que também servem ao interior de São Paulo. A Malha Paulista, por exemplo, que passa por Santa Fé do Sul, tem o agro como responsável por 78,1% da carga transportada. Na Malha Norte, este índice chega a 95,2%. Os dados são do Grupo de Extensão e Pesquisa em Logística Agroindustrial da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (EsalqLog).

Praticamente sem manutenção desde que a empresa Rumo desistiu da concessão, em julho do ano passado, a ferrovia está para ser relicitada. Por causa da precariedade, poucos comboios passam por ela, o que tira qualquer chance de protagonismo regional no escoamento da produção rural.

Como a Folha da Região publicou no último dia 28 de setembro, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, garantiu que a ferrovia que corta a região vai ser reativada. O processo de reativação já está em andamento e foi qualificado para ser feito por Parceria Público-Privada (PPI), segundo o Ministério da Economia. Foi aberto, então, o edital com fundo de US$ 3 milhões para que se fizesse um estudo de pregão.

Após esse procedimento, deverá ser feita a montagem de edital para o processo de relicitação em si. Por conta dos trâmites burocráticos, somente no segundo semestre de 2022 a Malha Oeste estará nas mãos de uma empresa para sua modernização, caso o processo de concessão seja conduzido de maneira tradicional.

O trecho havia sido cedido para a iniciativa privada em 2008 pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Em 21 de julho de 2020, no entanto, a Rumo Malha Oeste protocolou, junto à agência, pedido de adesão ao processo de relicitação (devolução da concessão).

IMPORTÂNCIA

Para cada quilômetro de ferrovia, há no Brasil 6,9 quilômetros de rodovias pavimentadas, além de 0,7 quilômetro de hidrovias economicamente navegáveis. Considerando que apenas um terço da malha ferroviária está em operação, a proporção piora ainda mais: para cada quilômetro de ferrovia em operação, existem 21,5 quilômetros de rodovias e 2,24 quilômetros de hidrovias.

Os números fazem parte de um estudo feito pelos pesquisadores Thiago Péra e José Vicente Caixeta Filho, do EsalqLog. Eles apontam que, além de a malha ser pequena, o índice de concentração em poucas empresas é elevado.

Desde 2010, as quatro maiores operadoras ferroviárias que trabalham com o agro respondem por mais de 85% das movimentações de cargas do setor. “Esse é um ponto que merece atenção”, diz Péra, “porque pode significar monopólio [em algumas rotas] e tarifas elevadas”. Os produtos mais transportados são açúcar, calcário, celulose, etanol, farelo de soja, fertilizantes, milho, soja e trigo.

Para cada quilômetro de ferrovia, há no Brasil 6,9 quilômetros de rodovias pavimentadas

Como os dados são de 2020, o trabalho não considerou o recente início de operações da Rumo Malha Central em parte do traçado da Ferrovia Norte-Sul, especificamente entre Palmas (TO) e Estrela D’Oeste (SP).

DESTAQUES

A principal malha ferroviária para o agro é a Rumo Malha Norte, cuja participação no volume total movimentado passou de 24%, em 2010, para 31% em 2020. “Após a extensão do percurso até Rondonópolis (MT), em 2014, esse virou o principal corredor multimodal do país. Isso ampliou muito as movimentações da companhia”, observa Péra.