Troca do cimento tradicional pelo material feito a partir de algas poderia reduzir duas gigatoneladas por ano de emissões de dióxido de carbono.
Crédito: Envato
A indústria do cimento cada vez mais busca soluções para reduzir os impactos ambientais. Pensando nisso, uma pesquisa feita pela Universidade do Colorado desenvolveu um cimento Portland à base de calcário biogênico, isto é, com microalgas que ajudam a reduzir as emissões de CO2.
O projeto chamou atenção do Departamento de Energia dos Estados Unidos, que investiu US$ 3,2 milhões para aumentar o cultivo da alga utilizada no projeto, que é chamada cocolitóforo.
Processo de produção
De acordo com os pesquisadores da Universidade do Colorado, este processo é, basicamente, uma industrialização da forma como os recifes de coral e o plâncton criam o calcário.
“O que estamos fazendo é mudar a fonte de calcário. Ao invés de retirá-lo do solo, estamos cultivando-o usando algas”, afirmou Wil Srubar, líder do trabalho e diretor do Laboratório de Materiais Vivos da Universidade do Colorado. O trabalho acontece da seguinte forma: os cocolitóforos que florescem nos oceanos usam luz solar, água do mar e dióxido de carbono dissolvido para produzir carbonato de cálcio (calcário), que está contido em seus corpos e conchas – e eles produzem calcário muito mais rápido do que os recifes de coral em expansão.
De acordo com Srubar, se a transição total for feita, trocando as pedreiras pelo calcário cultivado usando cocolitóforos, será possível evitar duas gigatoneladas por ano de emissões de dióxido de carbono. Esse cálculo pressupõe o crescimento da construção urbana nas taxas atuais em todo o planeta – um ritmo acelerado que grupos da indústria da construção estimam ter triplicado nas últimas quatro décadas, adicionando o equivalente a uma cidade de Nova York a cada mês.
O financiamento federal concedido em julho de 2022 destina-se a enviar engenheiros da Universidade do Colorado para trabalhar em conjunto com colegas que coletam e cultivam algas na Universidade da Carolina do Norte, em Wilmington, e com cientistas de energia do Laboratório Nacional de Energia Renovável do DOE, em Golden.
As algas teriam que ser cultivadas em lagoas, e estas cobririam cerca de 2 milhões de acres no total para atender às necessidades da indústria de construção dos EUA, segundo Srubar. “Isso é cerca de 0,5% da terra do país. Os pesquisadores preveem lagoas dispersas para eficiência econômica na entrega de cimento. A partir de dois anos, os pesquisadores embarcarão no cultivo em larga escala dos organismos em instalações no Arizona”, disse o pesquisador.
Vantagens
Além de diminuir as emissões de CO2, o que ajudaria a conter o aquecimento climático, a mudança para esta modalidade de produção de cimento também melhoraria, ligeiramente, o efeito de ilha de calor urbano que amplifica o aquecimento, uma vez que este tipo de cimento mais branco não absorveria tanto calor quanto o cinza.
Fonte
Wil Srubar é diretor do Laboratório de Materiais Vivos da Universidade do Colorado e tem PhD em Engenharia Civil pela Universidade de Stanford University