Se a indústria do cimento fosse um país, ela seria o terceiro maior emissor de CO2 do mundo, emitindo cerca de 2,8 bilhões de toneladas de dióxido de carbono por ano na atmosfera – quantidade que é menor, apenas, a emitida por China e EUA. As informações são de levantamento feito pela BBC e revelam o quanto a produção desse material é insustentável. Mas isso pode estar com os dias contados!
Pesquisadores da Universidade de Tóquio, no Japão, desenvolveram uma técnica capaz de transformar restos de comida – mais especificamente folhas de chá, cascas de laranja, restos de cebola e repolho e borras de café – em concreto.
A ideia não é novidade: pesquisadores já haviam testado a técnica, mas “empacaram” na hora de encontrar uma forma sustentável de grudar os restos de comida na etapa de compressão do material, recorrendo ao plástico para isso. Agora, os cientistas da Universidade de Tóquio descobriram que o problema pode ser resolvido ajustando a temperatura e pressão utilizadas ao longo do processo de transformação dos restos de alimento em cimento sustentável.
A técnica usa exatamente a mesma lógica da transformação do pó de madeira em compensado, submetendo os restos de alimento a processos de secagem, pulverização e compressão. O resultado é um cimento verde, que evita geração de lixo e pode ser até quatro vezes mais resistente a tração e flexão do que o convencional.
Desta vez, o desafio encontrado foi outro: por ser feito de restos de alimentos e não levar nenhuma substância industrial no processo, o cimento verde acaba sendo comestível, o que pode ser um chamariz para roedores e outras pragas. A solução? Impermeabilizar ou revestir o material com resina laca ou outra substância química, a fim de afastar os animais.
O material já passou em todos os testes feitos em pequena escala e agora os cientistas se preparam para pensar formas de produzir o concreto de restos de alimento em grande escala. Será que vem aí uma possível revolução na indústria da construção civil?