Estação Ipiranga receberá projeto inédito na CPTM (Jean Carlos)
A futura estação Ipiranga da Linha 10-Turquesa deverá ser alvo de um projeto piloto que visa utilizar o sistema de alta tensão existente na companhia para a alimentação em baixa tensão, dispensando as ligações com empresas de energia locais. O projeto foi apresentado em um artigo técnico na edição 182 da revista Ferrovia.
Os sistemas de energia são parte fundamental do funcionamento das estações, trens e sistemas na CPTM. Cerca de 93% da energia consumida nas linhas é proveniente da operação dos trens, sendo ela proveniente de subestações de alta tensão em 88kV ou 138kV.
A energia das subestações também realiza a alimentação do sistema de sinalização através das “linhas do CTC” e alimenta subestações com linhas de transmissão internas em 34,5kV.
Entretanto, nas estações a alimentação elétrica é realizada localmente por meio de uma linha de recepção de média tensão em 13,5kV que depois é reconvertida para valores usuais (127V/220V).
Visando otimizar custos, uma equipe da CPTM propôs utilizar a linha de transmissão interna da CPTM para realizar a alimentação das estações. A ideia traz uma série de vantagens técnicas, operacionais e administrativas.
Proposta de alimentação por alta tensão (Revista Ferrovia)
Redução de custos
Sob o ponto de vista financeiro, a economia de energia poderá ocorrer através da mudança dos contratos. O contrato A2 (alta tensão) apresenta valores de impostos inferiores quando comparados aos contratos de fornecimento A4 (média tensão).
A demanda contratada também poderá diminuir, ante ao baixo impacto ao sistema de alimentação dos trens. Os primeiros estudos estimam uma economia de até 30% nos valores pagos mensalmente para a energia nas estações.
Confiabilidade
A confiabilidade está relacionada diretamente ao risco que a solução apresenta quanto à falta de energia decorrentes de eventuais interrupções de fornecimento. Os estudos apontaram que os indicadores de duração e frequência de interrupção do fornecimento de energia são menores com o novo sistema.
Segundo levantamento realizado em 2021, as instalações de alta tensão sofreram com 10 ocorrências de interrupção contra 56 ocorrências no sistema de média tensão. A confiabilidade é aumentada levando em consideração a presença de linhas de redundância na distribuição em 34,5kV.
Gestão de contratos
Uma das vantagens em termos administrativos é a redução dos contratos de energia. A CPTM conta com 57 estações, sendo que a grande maioria delas possui um contrato individual para o fornecimento de energia.
Com a adoção da alimentação através da rede de distribuição interna há potencial para a diminuição destes contratos, gerando eficiência na gestão da energia.
Simulação do sistema elétrico (Revista Ferrovia)
Estado atual
Após simulação computadorizada foi constatada a eficácia do sistema. Serão desenvolvidos os projetos básicos e executivos tendo em vista uma futura implantação na estação Ipiranga. A parada deverá ser reconstruída e será integrada com a futura estação do monotrilho da Linha 15-Prata
O financiamento deverá ser embutido dentro do orçamento da nova estação. O impacto em termos de custo será de 1% do valor total da reforma da estação.
As equipes da CPTM trabalham na elaboração do sistema de entrada de energia que converterá a tensão de 34,5kV das linhas de distribuição em 220V e 127V. Essa energia deverá ser remetida aos diversos sistemas como iluminação, sonorização, CFTV, telecontrole, etc.
A ideia foi apresentada dentro do programa de fomento à inovação dentro da companhia, o Inova CPTM. O projeto foi apresentado pelos engenheiros Claudimar Chaves, Raquel Hashigutti e Tiago Moreira.