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Os avanços da inteligência artificial tomaram conta dos cadernos de tecnologia nos últimos meses, com a crescente adesão a novas tecnologias como o ChatGPT, um modelo de inteligência artificial treinado para conversar e responder perguntas, e o Midjourney, capaz de gerar imagens inéditas a partir de comandos de texto. Na arquitetura, há expectativa de que o aprimoramento desses sistemas auxilie profissionais em projetos complexos, seja na resolução de problemas, cálculos ou apenas otimizando processos.
“Acredito que uma das evoluções que mais esperei e que se aproxima cada vez mais da realidade é a diminuição da quantidade de cliques no esboço de uma ideia. Em um escritório de arquitetura, tempo é dinheiro, quanto menos tempo você leva em um projeto, maior seu lucro”, comenta Leonardo Zanatta, arquiteto que integra a lista Forbes Under 30, que reúne jovens promissores de 15 setores distintos.
Por outro lado, abre-se espaço para debates éticos sobre, entre outros temas, a substituição dos arquitetos pelas máquinas e os direitos autorais das imagens geradas por máquinas.
Na visão de Leonardo, as máquinas ainda não criam algo totalmente do zero para a arquitetura. “Esse uso é algo que não estimulo mais ninguém a fazer, uma vez que a máquina basicamente se apropria de um acervo visual existente, de artistas reais, usando o trabalho deles para produzir suas próprias criações. Há uma apropriação indevida de imagens de vários artistas que não estão recebendo por isso”, explica.
Parece, no entanto, que a inserção da IA nos processos de criação pode encontrar um meio-termo, ainda assim de forma disruptiva. Em artigo publicado pela Fast Company Brasil, Mauro Cavelletti, arquiteto e Diretor Executivo de Criação Latam na Huge, acredita que o valor da criatividade está sendo reformulado, não destruído. “As novas ferramentas são poderosas, sedutoras, nos empurram para novas trilhas cheias de inspiração. Assim, uma massa enorme de profissionais está encontrando caminhos criativos nas plataformas de IA adotando novas ferramentas em seus processos de trabalho”, afirma.
No Brasil, por exemplo, a otimização por meio da tecnologia para arquitetos têm se tornado comum através de plataformas como o Archabox, sistema que organiza a biblioteca de blocos 3D de produtos e texturas em nuvem. “Em breve, se o arquiteto der o comando “selecionar todas as poltronas brancas em blouclet”, serão selecionadas todas as opções disponíveis no mercado. Isso é revolucionário para profissionais que desperdiçam horas com essa busca e solicitações de orçamentos”, ressalta Raphael Tristão, diretor da empresa.
A maior parte dessas tecnologias funcionam a partir de um comando textual, por isso a expertise dos profissionais ainda será muito valorizada. O arquiteto Jeferson Branco, vencedor de concursos como o Archathon, destaca que a necessidade do conhecimento técnico em áreas complexas, como no caso da arquitetura e da construção civil, inviabiliza a ideia de “substituição” dos profissionais.
“Quanto mais detalhado o texto, com referências e informações possíveis, melhor o resultado. Não acredito que sejam ferramentas que o cliente vá usar sozinho, até por existirem conceitos mais técnicos que são imprescindíveis para a execução de um projeto. Enxergo a utilização desses mecanismos quase que como um briefing, um brainstorming que, aí sim, poderia ser feito junto do cliente”, diz.