No último dia 31 de outubro, especialistas do mercado de incorporação e construção civil se reuniram, em um webinar promovido pela Brain Inteligência Estratégica, para comentar os dados do setor referentes ao final deste segundo semestre de 2023. Na ocasião, também foram apontadas as expectativas do mercado para o ano de 2024.
Para Guilherme Werner, Consultor da Brain Inteligência Estratégica, apesar das incertezas levantadas no início de 2023, o mercado imobiliário brasileiro vem demonstrando notável resiliência. Isso seria resultado de várias mudanças positivas, incluindo a otimização das operações das empresas do setor e melhorias no ambiente regulatório.
No que se refere à relação entre a estabilidade econômica e a taxa de emprego, segundo Carla Santos, economista convidada, a construção civil representa atualmente cerca de 15% do saldo total de empregos no Brasil, uma contribuição significativa para a economia.
A taxa de desemprego no Brasil vem diminuindo, criando uma sensação de estabilidade no mercado de trabalho. Essa estabilidade desempenha um papel fundamental nas decisões de compra de imóveis. Além disso, o rendimento médio da população tem aumentado. Em 2022, houve um ganho real de renda de 7%, o que contribuiu para um cenário econômico mais favorável.
Por outro lado, a crescente demanda por mão de obra na construção civil começa a gerar desafios ao setor, e em 2024 a indústria pode enfrentar questões importantes neste sentido.
Indicadores econômicos e mercado de construção
Segundo Maria Fernandes, economista chefe da Brain Inteligência Estratégica, a perspectiva macroeconômica também tem se demonstrado promissora.
“As taxas de juros, representadas pela SELIC, estão previstas para diminuir, e a inflação está sob controle. Esses fatores estão impulsionando o otimismo no mercado de construção, com fortes taxas de emprego e rendimentos crescentes”, apontou.
A análise corrobora com a divulgação do último boletim Focus do Banco Central, no último 3 de novembro, que divulgou o comportamento de indicadores macroeconômico. A taxa IPCA está atualmente em 4,63%; o PIB em 2,89%; e a SELIC em 11,75%. Sendo que esta última vem sofrendo queda desde o último mês de agosto.
O cenário pode estar por trás do aumento da intenção de compra. Segundo Fernanda Santos, analista de pesquisa, nos últimos 12 meses um percentual elevado de entrevistados (10% das famílias) comprou imóveis, com a maioria das compras feitas por investidores, indicando um mercado aquecido. Além disso, as compras imobiliárias não se limitam a residências; imóveis comerciais e de lazer também têm sua relevância.
Recentemente, a empresa CV CRM, em parceria com a DataLand, lançaram um Panorama Geral do Ciclo da Incorporação Imobiliária no Brasil. Segundo os dados da pesquisa, somadas as unidades vendidas no primeiro e no segundo semestres de 2023, o número alcança 79.180 unidades comercializadas com a ajuda da plataforma.
Perfil dos compradores de imóveis em 2023
Ainda de acordo com a analista, a intenção de compra de imóveis tem variado de acordo com a geração e a renda. A geração Y (nascidos entre 1982 e 1994), e a geração Z (nascidos a partir de 1995 até aproximadamente 2010) têm buscado a formação de novos núcleos familiares e saída da casa dos pais, enquanto os Baby Boomers (nascidos entre 1945 e 1964) têm maior foco em investimento imobiliário.
A pesquisa também destaca que o público com alta renda mantém uma intenção de compra significativa, e o público com renda média está em crescimento nesse aspecto.
"Uma divisão geracional importante foi observada na pesquisa, com a geração Y representando 53% da intenção de compra de imóveis. Isso desafia a ideia de que a Geração Y não compram imóveis. Nos Estados Unidos, eles já representam a maior fatia dos compradores de imóveis, mostrando que também estão entrando no mercado de forma significativa”, explica.
O crescimento da intenção de compra e do perfil dos compradores, por outro lado, parece desafiar o mercado para 2024. Segundo João Silva, especialista em mercado imobiliário, o estoque de imóveis no Brasil está abaixo da demanda, inclusive em grandes mercados, como São Paulo. “Condomínios fechados, lotes menores e produtos de segunda moradia estão sendo bem recebidos, refletindo uma demanda por imóveis em diferentes regiões do país”, informou.