Legenda da foto: O consultor Paulo Roberto Bertaglia, Danielle Bernardes, Gerente Executiva do Poder Executivo da CNT, Carolina Tascon, Diretora Comercial da VLI, Elias Francisco da Silva Júnior, Secretário de Assuntos Portuários e Empregos do Seport/Santos, Fernando Machado Diniz, Diretor de Comunicação e Relações Institucionais do MoveInfra, e Horacidio Barbosa Leal, Presidente Executivo da ABM, na "Mesa Redonda Integração de modais de transportes: oportunidades e desafios" (Crédito: divulgação ABM)
Coordenada por Delmi Vicente de Carvalho, Coordenador do GT de Logística do CRAMG, e Vitor José Melo Soares, Gerente Geral de Logística da Usiminas, com moderação do Consultor Paulo Roberto Bertaglia, a mesa-redonda teve como foco discutir como a integração eficiente dos diferentes modais de transporte pode otimizar processos logísticos, utilizando tecnologias adequadas para maximizar o potencial de crescimento do país.
Carolina Tascon, Diretora Comercial da VLI, apontou o desequilíbrio entre os meios de transporte utilizados no país, principalmente em relação a cargas da indústria siderúrgica. Segundo ela, as rodovias deveriam ser utilizadas para transporte em distâncias de até 300 quilômetros, as ferrovias de até 1500 quilômetros e, acima disso, o meio hidroviário seria o mais adequado. No entanto, segundo dados apresentados por ela, atualmente 73% dos volumes de produtos siderúrgicos brasileiros são transportados por modais rodoviários e 27% por ferrovias. "A matriz multimodal da siderurgia está muito desequilibrada. Ela se alavanca hoje no modal rodoviário, que tem benefícios, mas tem muitos desafios. Então, a grande oportunidade que existe atualmente é equilibrar essa matriz multimodal por meio de desenvolvimento e investimento na capacidade ferroviária e outros modais de longa escala, que consigam trazer mais eficiência e mais competitividade ao setor", constatou. "Transporte faz parte da cadeia de valor dos produtos de siderurgia e de minerais, temos que ter um cuidado especial para garantir que esse componente da cadeia de valor seja competitivo. A logística faz diferença ou para dar competitividade ao produto ou para destruí-la. Dependendo do produto, ela é mais cara que o produto em si", afirmou.
Necessidade de investimento em infraestrutura
Os fatores econômicos são, em grande parte, responsáveis pelo desequilíbrio entre os modais no Brasil, segundo Danielle Bernardes, Gerente Executiva do Poder Executivo da Confederação Nacional do Transporte (CNT). "Para fazer o transporte de longa distância por via ferroviária, temos grandes desafios. As bitolas não são integradas, os transbordos ainda precisam ser feitos, a integração da rodovia com a ferrovia ainda merece atenção na infraestrutura. Tudo isso dificulta e deixa o valor mais alto, por isso as empresas acabam indo para o modal rodoviário em razão do preço", explicou. Para ela, um dos grandes desafios do Brasil é ter uma política de Estado que foque no desenvolvimento de infraestrutura de transportes. "Uma ferrovia não é construída em quatro anos, demora mais de 10 anos para ficar pronta, então precisamos ter uma política de Estado que foque nisso, e que vá além de um governo de quatro anos, e isso é sempre um desafio", disse.
Fernando Machado Diniz, Diretor de Comunicação e Relações Institucionais do MoveInfra, relatou que o investimento por parte das empresas do setor de infraestrutura pode ser incentivado com a melhoria de alguns aspectos relacionados ao ambiente de negócios no Brasil, que possam proporcionar mais segurança ao investimento. "As seis empresas participantes anunciaram no lançamento do MoveInfra, em 2022, que em cinco anos investiriam R$ 80 bilhões em infraestrutura no Brasil, mas que poderiam fazer mais, caso o país melhorasse em alguns aspectos, que são: segurança jurídica, com leis e normas claras, condições de financiamento adequadas para o investimento em infraestrutura e compromisso socioambiental, pois todas elas são listadas no Novo Mercado da B3, têm compromissos socioambientais fortíssimos e tem uma demanda dos acionistas de cada vez mais agregarem valor na descarbonização e na adaptação das infraestruturas para as mudanças climáticas", afirmou.
Elias Francisco da Silva Júnior, Secretário de Assuntos Portuários e Empregos do Seport/Santos, destacou também outros fatores desafiadores para o desenvolvimento do setor. "Foi falado sobre segurança jurídica, ambiente de negócios e eu citaria também estabilidade regulatória, pois são investimentos de longo prazo", completou.
Para Diniz, além dos entraves físicos, a burocracia e as obrigações acessórias do transporte também são impedimento para o desenvolvimento do setor. "Quando a carga passa de um estado para o outro, como compensar o ICMS? Em 2021, foi sancionada uma lei que cria o DTR, Documento de Transporte Eletrônico, que tinha a ideia de fazer a conexão entre os fiscos estaduais para que fosse simplificado. Essa lei tinha um viés de multimodalidade, para também simplificar a passagem de um caminhão para uma ferrovia ou hidrovia. Porém, essa regulamentação ainda está parada, até onde sei", lembrou.
Bernardes destaca também as questões regulatórias. "Quando investidores internacionais vêm conhecer nossa realidade, a nossa malha e as oportunidades fazem brilhar os olhos deles. Mas quando vão analisar a complexidade regulatória, ficam assustados. Então, para além da morosidade e do alto valor de investimento e toda a burocracia, a gente tem um conteúdo regulatório muito exigente. As normas do Brasil, comparadas com outros países, até mesmo com a Europa, são muito exigentes", relatou. "Todos os desafios que foram colocados são comuns entre todos e esbarram na inibição do investimento, principalmente estrangeiro, porque entender nosso arcabouço regulatório, nossa complexidade tributária, toda essa complexidade esbarra nos investimentos e nos projetos que estão em cima da mesa, esperando um avanço nessas questões de governo", concordou Silva Júnior.
"Hoje, o governo está muito focado nas parcerias público-privadas, que está tendo uma evolução imensa e é uma saída, uma das alternativas, mas ainda existe muita coisa que precisa de investimento público e projetos e de um olhar diferenciado", informou Bernardes.
"O Brasil é o país das oportunidades, não tenho dúvidas disso. Todos os projetos estão à mesa esperando um avanço nas questões de governo. A indústria entendeu, no movimento pós-pandemia, a necessidade de investir na indústria nacional, de investir na indústria de transformação, além da indústria de base, que é uma referência mundial, e o Brasil tem uma participação comercial muito importante. Então, os projetos e as oportunidades estão aí. A boa notícia é que a gente tem muito trabalho pela frente", incentivou Silva Junior.
"Já tem muitas iniciativas privadas olhando para concessões e autorizações e, certamente, o governo também na inclusão dos seus programas e do apoio que faz a esse desenvolvimento de infraestrutura poderia ser uma grande alavanca para acelerar o desenvolvimento da infraestrutura de transportes no Brasil", concluiu Tascon.
Sobre a 8ª ABM Week
A ABM Week é o principal evento técnico-científico da América Latina voltado para os setores de metalurgia, materiais e mineração. Realizada anualmente pela Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM), a conferência reúne profissionais, pesquisadores e empresas para discutir as últimas inovações e os desafios enfrentados pela indústria.
A ABM Week 8ª edição tem a ArcelorMittal como anfitriã e conta com o patrocínio das seguintes empresas: DME Engenharia, Gerdau, Vale, CBMM, Gecal, Primetals, Shinagawa, SMS group / Paul Wurth / Vetta, Ternium, Usiminas, White Martins, HWI - a member of Calderys, Carboox, Ibar, Vesuvius, Villares Metals, Aperam, Danieli, Kofre, PSI, Reframax, RHI Magnesita, Beda / Lechler, BRC, Bruker, Clariant, Cordstrap, D&M, DHM Group, DITH Refractories, GMI, Harsco, IMS, Kuttner, Lhoist, Magna, Nalco Water, Phoenix, Polytec, RIP, Russula, Sinomach, Tecnosulfur, Yellow Solutions, ABB, AçoKorte, Alkegen, Atomat, Bautek, Cisdi, Coalician Carbon, Dassault Systemes, Data Engenharia, Densit, Direxa Engineering, Eirich, ElectraClean, Enacom, ESW, Evonik, Fluke, Fosbel, GE Vernova, Hastec, Heraeus Electro-Nite, Ingersoll Rand, Intelbras, Irle Rolls, Köppern, Lumar Metals, Maud Group, Nouryon, Rimac, Serthi Hidráulica, Sinosteel, Smarttech, Solenis, Spectraflow, Spraying Systems, SunCoke Energy, Timken, TSR Mill Rolls, Vamtec Group, Veolia, Vika Controls, Vixteam, Weir e ZwickRoell.