Desde o fim do ano passado, após a oficialização da obrigatoriedade da realização de georreferenciamento em imóveis rurais com área igual ou maior a 25 hectares, o mercado tem se movimentado para suprir a demanda por recursos humanos e tecnológicos necessários para realizar os procedimentos técnicos de mapeamento e medição de terrenos. Entretanto, de acordo com especialistas do setor, faltam profissionais qualificados e certificados para executarem essa atividade.
Dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) mostram que em 2023 existia apenas um técnico capacitado e credenciado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) e pelo Incra para cada 330 propriedades rurais no Brasil. Em números totais, são 19,4 mil trabalhadores para 6,4 milhões de imóveis.
Para Rogério Neves, CEO da CPE Tecnologia, empresa que atua no mercado de soluções para geotecnologia, as esferas públicas e a iniciativa privada precisam se movimentar para atender a demanda. “O georreferenciamento, que antes obrigatório apenas para imóveis de 100 hectares ou mais, é essencial para garantir que o proprietário da área rural faça desmembramentos, parcelamentos, remembramentos ou qualquer outra situação relativa à transferência desse imóvel. Trata-se, portanto, de um mecanismo para facilitar e desburocratizar a vida dessas pessoas”, diz.
Segundo ele, “o que discutimos então é que não adianta ter uma determinação do governo sem que o mercado consiga atender por falta de profissionais e outros recursos. É preciso investir para que se cumpra a lei, principalmente porque o próximo passo é exigir o georreferenciamento também de propriedade com menos de 25 hectares, o que obrigará todos os donos de imóveis no campo a cumprirem a determinação, acarretando um aumento ainda maior da demanda. Essa atualização deve ocorrer até 2026, portanto, estamos bastante atrasados”.
O executivo destaca ainda que "além de topógrafos, engenheiros agrimensores e cartógrafos, os órgãos também autorizaram outros profissionais a georreferenciar terrenos, desde engenheiros civis e florestais até arquitetos e urbanistas, o que aumenta a gama de opções para contratação e realização do serviço, mas é preciso capacitar, formar e oferecer os recursos tecnológicos necessários para suprir a demanda, e com urgência”.