Logotipo Engenharia Compartilhada
Home Notícias Barreiras culturais paralisam Norma de Desempenho

Barreiras culturais paralisam Norma de Desempenho

Informativo Massa Cinzenta – Cimento Itambé - 13 de julho de 2016 645 Visualizações
Em vigor há praticamente três anos – o lançamento ocorreu em 19 de julho de 2013 -, a Norma de Desempenho ainda enfrenta forte resistência. Boa parte dos que relutam adotá-la é aquela que deveria apoiá-la: engenheiros, arquitetos e projetistas. Segundo a especialista Maria Angélica Covelo Silva, isso é cultural. “Nossa cultura de atendimento a normas técnicas é muito pequena, e isso passa pelaformação de engenheiros e de arquitetos”, diz a engenheira civil, que recentemente palestrou na Construction Summit, dia 16 de junho, sobre o atendimento da ABNT NBR 15575.
Segundo Maria Angélica Covelo Silva, que foi protagonista na elaboração da Norma de Desempenho, conseguir colocá-la em vigor resultou em quebra de paradigmas. ”Na primeira fase, ela levou oito anos para ser elaborada. Em maio de 2008 foi publicada, com foco em edifícios de até cinco pavimentos, que era a prioridade da Caixa Econômica Federal, mas nem chegou a entrar em vigor e já passou por um processo de revisão, a fim de abranger qualquer tipo de edificação residencial. Finalmente, em julho de 2013, tornou-se realidade”, explica, dizendo que os primeiros empreendimentos que atendem plenamente a norma estão começando a ser entregues em 2016.
Mas ainda há resistência. Maria Angélica Covelo Silva afirma já ter ouvido que a ABNT NBR 15575 é “rigorosa demais”. Ela aproveitou a palestra para fazer uma comparação entre os profissionais antigos e os que estão recentemente no mercado. “Arquitetos antigos tinham conhecimento de desempenho térmico. Já os novos desaprenderam”, disse, completando que a Norma de Desempenho trouxe evidências sobre as falhas construtivas. Ele citou como exemplo um temporal com vendaval que atingiu Porto Alegre-RS em janeiro de 2016.
 
Campeões da não-conformidade
No início deste ano, uma tempestade com ventos superiores a 60 km/h arrancou várias esquadrias de prédios, além de fachadas. “Até fachadas de granito se desprenderam. Se os edifícios tivessem sido projetados de acordo com as normas técnicas nada disso teria acontecido”, avalia a especialista, fazendo uma observação que funciona como um calcanhar de Aquiles para a construção civil nacional. “Somos os campeões mundiais de não-conformidade de projetos em relação às normas técnicas. Mas ainda há quem compre a não-conformidade, por ser mais barato, mas que lá na frente vai se tornar mais caro”, avisa.
Maria Angélica Covelo Silva alertou que no Brasil as normas técnicas são elaboradas com base em interesses dos envolvidos, o que acaba limitando-as. De qualquer forma, ela garante que a partir da ABNT NBR 15575 acabaram as desculpas no meio técnico. “O incorporador não pode mais alegar que contratou um projeto e que não sabia que ele não atendia a norma. Todos os envolvidos na construção de uma obra devem saber da Norma de Desempenho, incluindo quem faz o estudo do solo, pois isso também influencia na vida útil da edificação”, afirma a engenheira que, apesar das dificuldades, enxerga com otimismo o futuro da ABNT NBR 15575. “Conforme o usuário for se conscientizando dos direitos contidos na norma, ela irá se consolidar”, acredita.
Ouça abaixo o áudio da palestra de Maria Angélica Covelo Silva na Construction Summit
 
Entrevistada
Doutora em engenharia civil Maria Angélica Covelo Silva, integrante do comitê que elaborou a ABNT NBR 15575 (Norma de Desempenho) e consultora no setor da construção civil
Contato: ngi@ngiconsultoria.com.br
Crédito Foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330