Conjunto Arquitetônico da Pampulha é patrimônio cultural da humanidade
G1
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27 de julho de 2016
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O Conjunto Arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte, se tornou patrimônio cultural da humanidade. Agora, o Brasil tem 13 patrimônios culturais e sete naturais. Todos esses são reconhecidos pela Unesco.
O primeiro deles também veio de Minas Gerais. Ouro Preto foi eleita patrimônio da humanidade em 1980. Temos ainda outros exemplos, como o Centro Histórico de Salvador, o Plano Piloto de Brasília, as Reservas da Amazônia e o Parque Nacional de Iguaçu.
Para manter esse título, a Prefeitura de Belo Horizonte tem três anos para seguir algumas determinações da Unesco, como, por exemplo, restaurar as praças do entorno e despoluir a lagoa da Pampulha. Então preservar esse patrimônio que é agora da humanidade, mas já era de todos nós.
Essa decisão, que deu à Pampulha esse título de patrimônio da humanidade, estava marcada para Istambul, no sábado (16). Agora justo lá teve uma tentativa de golpe de estado na Turquia. Com isso, a decisão acabou saindo no domingo (17).
Adiou só um dia esse título de patrimônio da humanidade, que ajuda na liberação de verbas para preservação e estimula o turismo. A Pampulha foi um projeto polêmico, que revolucionou a paisagem de Belo Horizonte há 70 anos.
A lagoa e o concreto. Um casamento perfeito da natureza com a criatividade humana.
Um contraste que demorou para ser aceito. Quando foi inaugurada, na década de 1940, a igrejinha de São Francisco de Assis não foi reconhecida pelos católicos. Durante 14 anos, ninguém casou lá. Não parecia igreja. As pessoas acharam estranho o painel do lado de dentro. Imagine um cachorro logo atrás do altar.
“De certa forma, isso não era considerado digno de representação no altar mor para a igreja católica”, declarou a diretora Fundação Municipal de Cultural de Belo Horizonte, Luciana Feres.
Era o modernismo do arquiteto Oscar Niemeyer, com as pinturas de Cândido Portinari, o painel em bronze de Alfredo Ceschiatti e, do lado de fora, o mosaico em pastilhas de Paulo Werneck.
Além da igrejinha que lembra as montanhas mineiras, tem o iate clube com telhado em vê, como uma borboleta. O antigo cassino, hoje Museu de Arte, parece uma caixa de vidro emoldurando os jardins projetados por Roberto Burle Max. E a Casa do Baile com seu desenho sinuoso, como as ondas calmas da Pampulha.
Oscar Niemeyer desenhou um traço em um painel, em 2003, depois da reforma e restauração da Casa do Baile. E disse “Pampulha foi o início de Brasília. Os mesmos problemas, a mesma correria, o mesmo entusiasmo.”
“Chega aqui na Casa do Baile, vai anoitecendo e você vê o museu acendendo as luzes”, afirmou a arquiteta Marisa Machado Coelho.
Os prédios foram construídos quase simultaneamente, entre 1942 e 1943. Juscelino Kubitschek era, então, prefeito de belo horizonte e foi ele que convidou Niemeyer para fazer os projetos.
“Não basta receber o título, a gente vai ter que honrar de fato o patrimônio cultural da humanidade, cuidando, preservando esse conjunto que tem tanto significado para todos nós”, afirmou a diretora Luciana Feres.