Novo metrô será testado nos Jogos Olímpicos
A Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro, obra estratégica para os Jogos Olímpicos, entra em operação dia 1º de agosto, mas sem estar concluída. A estação da Gávea, por exemplo, só ficará pronta no primeiro semestre de 2018. Além disso, o período de testes do trecho de 16 quilômetros, que engloba as cinco estações recentemente concluídas (Nossa Senhora da Paz, Jardim de Alah, Antero de Quental, São Conrado e Jardim Oceânico), vai ocorrer durante o evento.
O planejamento inicial previa que a obra seria concluída 16 meses antes das Olimpíadas, e que seria testada sem passageiros por 12 meses. Por conta do cronograma atrasado, os testes começaram dia 1º de junho de 2016, no período da madrugada, e irão até o dia 31 de julho de 2016. A partir do dia 1º de agosto de 2016, e no período olímpico (de 5 a 21 de agosto de 2016), o metrô só estará acessível para quem tiver ingressos ou credenciais. Serão seis composições, cada uma com seis vagões, com capacidade para transportar 11 mil passageiros por hora, em cada um dos sentidos.
Após os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, em setembro, a Linha 4 voltará a ser fechada para receber os ajustes finais, e só deve ser plenamente liberada no começo de 2017. A previsão é que o modal transporte 300 mil passageiros por dia. Recente relatório do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) julgou temerário esse procedimento de testes com passageiros no período olímpico, principalmente pelo histórico de obras que apresentaram problemas logo após terem sido inauguradas.
Diz o relatório do TCE-RJ: “É preciso cautela, lembrando o que aconteceu com algumas obras do legado olímpico: os buracos que surgiram na pista do novo Joá (túnel) apenas dez dias depois da inauguração; a queda de um trecho da ciclovia Tim Maia, em 21 de abril, e que provocou a morte de duas pessoas, além das falhas na geração de energia para o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), o que deixou dezenas de passageiros a pé.”
Custo superior a R$ 10 bilhões
A secretaria de transportes do Estado do Rio de Janeiro rebate a preocupação do TCE-RJ. “A fase de testes ocorreu durante as madrugadas dos meses de junho e julho, em paralelo à conclusão das obras. Já a etapa atual, com “marcha em branco” (simulação da operação sem passageiros), é utilizada para o treinamento da equipe de profissionais, a checagem de tempo do percurso entre as estações, a abertura e fechamento de portas e a aceleração dos trens. Para esses procedimentos, a gestão da Linha 4 usou a mais rigorosa norma técnica de segurança para funcionamento de metrô no mundo: a NFPA-130”, conclui a nota.
A NFPA-130, que ganhará uma nova versão em 2017, define que antes de uma linha de metrô entrar em operação ela precisa passar pelas seguintes averiguações, com as composições em funcionamento, e sem passageiros: bitola dos trilhos; risco de estrangulamento na entrada das estações; sistema de freios automáticos; sinalização da via; energia da linha férrea; energia das estações e energia das composições; cruzamentos X e Y dos trilhos; sistema de ventilação; elevadores, escadas rolantes, iluminação, bilheterias, catracas, sistema de alto-falantes, situações de pânico e emergência; saídas de emergência, baldeação e testes de oferta, além de demanda para não superlotar o metrô.
Orçada inicialmente em R$ 5 bilhões, a Linha 4 do Metrô do Rio chegou ao custo de R$ 9,77 bilhões, dos quais R$ 6,6 bilhões foram financiados pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em junho de 2016, o Estado do Rio de Janeiro precisou levantar mais R$ 989 milhões para concluir a obra no trajeto olímpico e reservar mais R$ 500 milhões para continuar as obras do trecho da estação da Gávea. Apesar de todos os recursos disponíveis, mesmo assim as obras atrasaram cerca de um ano e meio.
Entrevistados
Secretaria de transportes do Estado do Rio de Janeiro e Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) (via assessorias de imprensa)
Contatos
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Créditos Fotos: Henrique Freire/Ascom Secretaria de Transportes RJ/