Retrofit se especializa para atender Norma de Desempenho
A Norma de Desempenho acrescentou um novo segmento ao mercado da construção civil: a de produtos voltados para atender a ABNT NBR 15575, quando o assunto é retrofit. Eles procuram se adequar a três dos principais pontos da norma, que são desempenho térmico, desempenho acústico e luminosidade. Vão de esquadrias para janelas, passando por portas, argamassas, tintas, mantas, pisos, luminárias e até papéis de parede.
Recentemente, o Labaut (Laboratório de Conforto Ambiental e Eficiência Energética da Universidade de São Paulo) realizou estudo sobre a qualidade destes produtos. A conclusão foi que alguns não cumprem significativamente o que prometem. A recomendação ao consumidor é que, ao adquirir materiais pararetrofit, se observe os selos de qualidade e as certificações do produto.
Sobre este quesito, o engenheiro civil Carlos Borges, vice-presidente de tecnologia e qualidade do Secovi-SP, e que esteve à frente da coordenação da Norma de Desempenho em sua primeira fase, lembra ainda que, a partir da ABNT NBR 15575, os materiais e produtos passaram a ser obrigados a trazer informações sobre desempenho, a fim de que todos os profissionais vinculados à obra (projetistas, engenheiros e arquitetos) tenham como especificá-los, seja para uma construção nova ou para uma reforma.
Vantagens e riscos
No entanto, vale lembrar que a Norma de Desempenho não exige que edificações construídas antes de 19 de julho de 2013 – data em que entrou em vigor – atendam seus requisitos. Portanto, a decisão por reformas que busquem eficiência termoacústica ou ganhos de consumo de energia e de água deve ser, exclusivamente, dos usuários e dos arquitetos que irão viabilizar o retrofit. “O que pesa, neste caso, é o grau de exigência de quem habita a edificação e o desejo de requalificar o edifício dentro de conceitos de conforto e sustentabilidade”, diz o arquiteto Nelson Solano Vianna, especialista em retrofit predial e coordenador de um curso específico sobre o tema.
Por outro lado, reforça Carlos Borges, é salutar pensar em reformas dentro dos padrões exigidos pelaNorma de Desempenho. “Edificações são organismos vivos que precisam de manutenção, e eventualmente reformas. Penso que adequar retrofit à norma é positivo, pois temos um acervo de um milhão e meio de edifícios no Brasil que já completou ou está completando cinquenta anos. Já imaginou ter de derrubá-los para construir novos prédios? Então, é de interesse da sociedade que as construções durem bastante e sejam readequadas aos padrões atuais de desempenho”, afirmou.
Estima-se que produtos com especificações para atender a Norma de Desempenho tenham custo entre 20% e 40% a mais do que os convencionais. Isto ocorre por que eles precisam passar por ensaios, que ainda custam caro no Brasil. Por outro lado, corre-se o risco de que fabricantes declarem que seus produtos cumprem a ABNT NBR 15575, mesmo que não tenham sido submetidos a ensaios. “Isso faz com que a prática de autodeclaração de desempenho ganhe espaço, o que é uma questão que considero extremamente perigosa”, alerta Luiz Henrique Ferreira, diretor da Inovatech Engenharia.
Portas estão entre os produtos que evoluíram significativamente após a publicação da norma
Entrevistados
– Laboratório de Conforto Ambiental e Eficiência Energética da Universidade de São Paulo
– Engenheiro civil Carlos Borges, presidente-executivo da construtora Tarjab e vice-presidente de tecnologia e qualidade do Secovi-SP
– Arquiteto Nelson Solano Vianna, diretor Geros Arquitetura e consultor em retrofit predial
– Engenheiro civil Luiz Henrique Ferreira, diretor da Inovatech Engenharia
Contatos
labaut@usp.br
secovi@secovi.com.br
geros@geros.com.br
www.inovatechengenharia.com.br
Crédito Fotos: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330