Edifícios respondem por 50% do consumo de energia no Brasil
A tecnologia pode ajudar a otimizar o uso do recurso, uma vez que 20% da energia usada em instalações comerciais é desperdiçada.
Um edifício inteligente, de acordo com o Institute of Building Sciences, usa a rede e a tecnologia para controlar e monitorar aspectos dos sistemas elétrico, hidráulico e mecânico. A tecnologia, como a de gestão de ativos, conhecida como EAM, ajuda a atuar preventivamente e evitar falhas, além de apresentar melhor controle dos custos e manutenção.
A prevenção já é uma característica do Brasil em algumas áreas da saúde, por exemplo. No País, a medicina preventiva acontece muito bem. Um bom exemplo é que os planos de saúde oferecem um check up anual, em que é possível fazer os principais exames a fim de prevenir as doenças antes que elas cheguem de repente. E, se o mesmo acontecesse na construção civil? E, se as edificações fossem sustentáveis ainda na fase do planejamento? Evitaríamos não apenas falhas futuras, mas reduziríamos o desperdício de recursos naturais e minimizaríamos os gastos com manutenção.
Vou ilustrar com o exemplo da energia elétrica. A diversidade e intensidade no uso dos recursos naturais renováveis no Brasil é forte e atinge a margem de 41% frente a média mundial de 13%, de acordo com o Balanço Energético Nacional de 2015, do Ministério de Minas e Energia. O mesmo relatório mostra que é preciso atenção sobre a origem do consumo no País, que apresentou retração de 2,1% nos gastos de energia em relação a 2014, no entanto, as edificações brasileiras foram responsáveis por, praticamente, 50% do consumido, contando com setores industrial, público, residencial, comercial e de serviços. Nos EUA, esse número foi de 41% no ano passado, segundo a US Energy Information Administration (EIA).
Há um amplo espaço para otimizar os recursos energéticos nos edifícios, pois esse é um gargalo quando se fala do segmento corporativo, uma vez que 20% da energia consumida em construções comerciais é desperdiçada, e elas representam, pelo menos 80% dos custos operacionais e de manutenção para CEOs e CFOs. Por isso, a boa gestão do ativo impacta não apenas a margem de lucro, mas também na responsabilidade social de uma empresa. Além de ser um desafio constante para o País com a crise energética e hidráulica enfrentada no último ano.
A tecnologia de EAM quando conectada a sensores e à Internet das Coisas oferece informações em tempo real sobre os sistemas AVAC (aquecimento, ventilação e ar condicionado), hidráulico e elétrico, conectando os sistemas de gestão do edifício com medidores de energia e gerando informações precisas e em tempo real para melhor gestão do empreendimento.
É uma integração que automatiza o envio das informações e define parâmetros para controle da gestão dos ativos prediais – que são muitos. É uma forma de munir os gestores de informações sobre o sistema de energia e ter acesso ao que quase ninguém enxerga, como a origem das falhas. É possível saber, por exemplo, se o aumento do consumo tem origem no ar condicionado de uma unidade que está operando fora do tempo e do padrão previsto, ou, como na medicina, agir de forma preventiva, mostrando quando será necessário realizar a manutenção para evitar um colapso.
* Lisandro Sciutto é diretor de produtos da Infor Latam.