Legado da Rio 2016 melhora mobilidade e fica devendo em saneamento
infraroi
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30 de agosto de 2016
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Obras aumentam capacidade de transporte massa e incluem metrô, VLT e corredores rápidos para ônibus. Meta para despoluição da Baía da Guanabara, no entanto, foi descumprida.
A Rio 2016 deixou vários legados, incluindo os conjuntos esportivos do Parque Olímpico e o Complexo Esportivo do Deodoro, cuja manutenção anual somaria R$ 59 milhões. Há também uma infraestrutura social como o Parque Radical, onde foram disputadas algumas modalidades de ciclismo. O que chama a atenção, no entanto, são as grandes obras de infraestrutura, com destaque para mobilidade urbana. Segundo reportagem da edição brasileira do Deutsche Welle (DW) dessa segunda. Para o veículo, a mobilidade melhora, mas não o suficiente.
Na área de transportes as obras que acompanharam os Jogos Olímpicos permitem que 1,6 milhão de pessoas possam se movimentar por dia. O conjunto envolve a construção da Linha 4 do metrô, faixas exclusivas para ônibus rápidos (BRTs) e o veículo leve sobre trilhos (VLT) Citando o governo estadual, o DW diz que o número de habitantes que serão atendidos por transporte em massa passará de 18% (2009) para 63% (2017).
BRT TransCarioca, chegando ao aeroporto do Galeão.
A linha do metrô, que liga Ipanema e Barra, tem 16 quilômetros e cinco estações. As obras, que começaram em 2010, custaram R$ 10,4 bilhões, dos quais R$ 8,5 bilhões de reais vieram do tesouro do estado e o restante da concessionária Rio Barra. Já o VLT possui 28 quilômetros e liga o Centro à Região Portuária, conectando passageiros de barcas, trens e metrôs, incluindo os que descem no aeroporto Santos Dumont. A contribuição desse modal não é pequena: o tempo de viagem entre a Barra e o Centro caiu pela metade, passando de uma hora para 34 minutos.
Os BRTs envolvem três linhas entregues – Transolímpica, Transoeste e Transcarioca – e uma quarta em construção, com previsão de entrar em funcionamento em 2017, o chamado corredor Transbrasil. No total são 155 quilômetros de extenso, que devem reduzir os tempos de viagem entre 40% e 60%. De acordo com o DW, as linhas terão capacidade para transportar mais de um milhão de passageiros por dia.
“A mobilidade será melhorada em parte, porque os investimentos foram feitos de forma incompleta”, afirma Marcus Quintella, engenheiro de transportes da FGV. “A espinha dorsal de transporte baseada em BRT não tem como atender a grande demanda de transporte daquela região por onde ele passa. Quer dizer, temos investimentos em transporte de baixa capacidade para atender alta demanda, e isso não vai resolver o problema na cidade.”
O especialista afirma que não existe uma solução a curto prazo a não ser a continuidade de grandes investimentos em metrô. “A espinha dorsal da cidade deveria ser baseada totalmente em metrô. E a Linha 4 teve o traçado mudado e não chegou ao centro da Barra da Tijuca”, explica.
VLT, com 28 km de extensão,recolhe passageiros de metrô, três e ônibus.
Outro projeto de destaque é a revitalização da região portuária da cidade. O projeto prevê, em 30 anos, a reurbanização de 70 quilômetros de vias, renovação de praças e sistemas de transporte. Na região, a cidade ganhou o Museu de Arte do Rio e o Museu do Amanhã, este último desenhado pelo espanhol Santiago Calatrava e inspirado na natureza brasileira.
Os Jogos, porém, não conseguiram deixar um importante legado ambiental para a cidade: a despoluição da Baía de Guanabara, um dos compromissos assumidos pela cidade em sua candidatura para os Jogos. A promessa de reduzir em 80% o esgoto e lixo jogados na baía até 2016, palco das competições de vela, não foi cumprida. Estima-se que menos de 40% do esgoto atualmente sejam tratados.