Custos com transporte disparam no país
O forte aumento da demanda em ano de
safra recorde, a alta de 5,4% no preço do diesel e os primeiros reflexos da
nova lei dos caminhoneiros, que passou a disciplinar a jornada de trabalho
dos motoristas, provocaram uma escalada nos custos de frete para o escoamento
de grãos na atual safra 2012/13.
Em Mato Grosso, que deverá ser
responsável por 9% de toda a soja produzida no mundo nessa temporada, o custo
do transporte aumentou, em média, 21,6% somente na semana passada.
De Sorriso ao porto de Paranaguá
(2.295 quilômetros), o frete chegou a R$ 290 por tonelada, alta de 20,8% em
relação aos R$ 240 da semana anterior. O valor é ainda é 50,6% maior do que os
R$ 192,50 cobrados um ano antes. De Rondonópolis ao porto de Santos (1.159 km),
o aumento na última semana foi ainda maior: 33,3%, de R$ 150 para R$ 200 por
tonelada. Trata-se de um aumento de 42,85% ante os R$ 140 praticados um ano
antes.
// Notícias relacionadas
Em relação a março do ano passado -
pico do escoamento da safra, quando o preço do frete atinge o nível mais alto
do ano - o aumento chega a 46,5% para o trecho até Paranaguá e a 34,2%, até
Santos. Na mesma comparação, a cotação média da soja em Mato Grosso subiu 20%,
de 639,83 para R$ 770,5 por tonelada. Isso significa que, dos R$ 130 que os
produtores de Mato Grosso receberam a mais pela soja vendida na semana passada,
mais da metade foi para arcar com a elevação do frete.
De acordo com Cléber Noronha,
analista de mercado do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária
(Imea), um maior volume de soja estava pronto para ser colhido em janeiro e
fevereiro deste ano, tradicionalmente um período em que chove muito no Estado.
O aumento do tráfego na estrada úmida
piora as condições da rodovia e, consequentemente, dos caminhões, o que
colabora para a elevação do frete. Nessa época do ano também chove
bastante em Santos. Por isso o processo na chegada também fica lento. Além
disso, a nova legislação fez com que a maior parte dos caminhoneiros passasse a
trafegar no mesmo período do dia, de modo que os carregamentos chegam todos
praticamente no mesmo horário no porto, ampliando o congestionamento,
afirma Noronha.
Estimativa do Imea aponta que cerca
de 60% da soja colhida em Mato Grosso chega via ferrovia ao porto de Santos
(SP), 32% seguem por hidrovia para o escoamento pela região Norte do país,
enquanto os 8% restantes seguem totalmente por rodovias, para exportação pelos
portos de Paranaguá (PR) e São Francisco do Sul (SC). Mas, para chegar aos
terminais ferroviários, a carga precisa se servir de estradas vicinais - e,
nesses trechos, os fretes subiram até 60%, de acordo com Miguel Mendes,
diretor-executivo da Associação de Transportadores de Carga de Mato Grosso
(ATC-MT). A economia para quem usa o transporte rodoferroviário não chega
a 5%, afirma o diretor de uma trading de Mato Grosso.
Mendes conta que, de Sorriso a Alto
Araguaia, onde fica o terminal ferroviário para escoamento de grãos da ALL
Logística, há um trecho urbano de 13 quilômetros com apenas meia pista
funcionando, o que leva o caminhoneiro a gastar uma hora e meia para percorrer
o trajeto. Não bastasse isso, a BR-364, que liga as duas cidades, é uma estrada
de pista única. São 840 quilômetros, trecho curto para os padrões de Mato
Grosso, mas que custa relativamente muito mais caro que a rota entre Sorriso e
Porto de Santos, diz.
Na avaliação de Noronha, do Imea, a
tendência é de que os preços do frete continuem a subir em Mato Grosso.
Como a maior parte da frota é de prestadores de serviço, e eles estão
migrando para o Sul porque a atividade está mais rentável por lá, muitas
transportadoras estão tendo de pagar mais para manter os caminhoneiros no
Estado, disse. No Sul do país, as estradas são melhores e as distâncias
percorridas são menores, o que reduz o desgaste dos caminhões. Mesmo assim, o
transporte também está mais salgado na região.
Segundo levantamento da Organização
das Cooperativas do Paraná (Ocepar), do cinturão agrícola de Cascavel ao porto
de Paranaguá (cerca de 650 km), o custo médio do frete subiu de R$ 70 para R$
90 por tonelada (alta de 28,6%) em fevereiro ante o mesmo intervalo do ano
passado. No mesmo período, a commodity subiu quase 30% na região, de R$ 725
para R$ 941 por tonelada.
Até agora, houve uma
compensação para o produtor, mas a preocupação gira em torno dos rumores de
novos aumentos para o frete em março e abril, e queda nos preços da soja,
diz o assessor técnico e econômico da Ocepar, Robson Mafioletti.
O presidente do Sindicato das
Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Rio Grande do Sul
(Setcergs-RS), Sérgio Gonçalves Neto, chama ainda atenção para as especulações
sobre um possível reajuste no preço dos combustíveis em março. O aumento
de 5,4% no diesel no mês passado gerou um impacto de 3% no preço do frete.
Novos reajustes vão pesar sobre um setor que já sofre muito com estradas ruins
e novos custos, diz.
Ainda de acordo Gonçalves Neto, a
maioria das empresas não está cumprindo todas as exigências da nova lei dos caminhoneiros
por falta de motoristas e porque não há segurança nas estradas para que os
trabalhadores façam o descanso de maneira adequada. A lei nº 12.619, que entrou
em vigor em 17 de junho do ano passado, determina que o motorista profissional
trabalhe no máximo dez horas diárias ao volante, com repouso de 30 minutos a
cada quatro horas. Também determina que o tempo de descanso à noite deve ser de
11 horas. Quando todos os ajustes forem feitos, os preços do frete
aumentarão ainda mais. Imagino que cerca de 14%, calcula.Em Mato Grosso, que deverá ser
responsável por 9% de toda a soja produzida no mundo nessa temporada, o custo
do transporte aumentou, em média, 21,6% somente na semana passada.
De Sorriso ao porto de Paranaguá
(2.295 quilômetros), o frete chegou a R$ 290 por tonelada, alta de 20,8% em
relação aos R$ 240 da semana anterior. O valor é ainda é 50,6% maior do que os
R$ 192,50 cobrados um ano antes. De Rondonópolis ao porto de Santos (1.159 km),
o aumento na última semana foi ainda maior: 33,3%, de R$ 150 para R$ 200 por
tonelada. Trata-se de um aumento de 42,85% ante os R$ 140 praticados um ano
antes.
// Notícias relacionadas
Em relação a março do ano passado -
pico do escoamento da safra, quando o preço do frete atinge o nível mais alto
do ano - o aumento chega a 46,5% para o trecho até Paranaguá e a 34,2%, até
Santos. Na mesma comparação, a cotação média da soja em Mato Grosso subiu 20%,
de 639,83 para R$ 770,5 por tonelada. Isso significa que, dos R$ 130 que os
produtores de Mato Grosso receberam a mais pela soja vendida na semana passada,
mais da metade foi para arcar com a elevação do frete.
De acordo com Cléber Noronha,
analista de mercado do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária
(Imea), um maior volume de soja estava pronto para ser colhido em janeiro e
fevereiro deste ano, tradicionalmente um período em que chove muito no Estado.
O aumento do tráfego na estrada úmida
piora as condições da rodovia e, consequentemente, dos caminhões, o que
colabora para a elevação do frete. Nessa época do ano também chove
bastante em Santos. Por isso o processo na chegada também fica lento. Além
disso, a nova legislação fez com que a maior parte dos caminhoneiros passasse a
trafegar no mesmo período do dia, de modo que os carregamentos chegam todos
praticamente no mesmo horário no porto, ampliando o congestionamento,
afirma Noronha.
Estimativa do Imea aponta que cerca
de 60% da soja colhida em Mato Grosso chega via ferrovia ao porto de Santos
(SP), 32% seguem por hidrovia para o escoamento pela região Norte do país,
enquanto os 8% restantes seguem totalmente por rodovias, para exportação pelos
portos de Paranaguá (PR) e São Francisco do Sul (SC). Mas, para chegar aos
terminais ferroviários, a carga precisa se servir de estradas vicinais - e,
nesses trechos, os fretes subiram até 60%, de acordo com Miguel Mendes,
diretor-executivo da Associação de Transportadores de Carga de Mato Grosso
(ATC-MT). A economia para quem usa o transporte rodoferroviário não chega
a 5%, afirma o diretor de uma trading de Mato Grosso.
Mendes conta que, de Sorriso a Alto
Araguaia, onde fica o terminal ferroviário para escoamento de grãos da ALL
Logística, há um trecho urbano de 13 quilômetros com apenas meia pista
funcionando, o que leva o caminhoneiro a gastar uma hora e meia para percorrer
o trajeto. Não bastasse isso, a BR-364, que liga as duas cidades, é uma estrada
de pista única. São 840 quilômetros, trecho curto para os padrões de Mato
Grosso, mas que custa relativamente muito mais caro que a rota entre Sorriso e
Porto de Santos, diz.
Na avaliação de Noronha, do Imea, a
tendência é de que os preços do frete continuem a subir em Mato Grosso.
Como a maior parte da frota é de prestadores de serviço, e eles estão
migrando para o Sul porque a atividade está mais rentável por lá, muitas
transportadoras estão tendo de pagar mais para manter os caminhoneiros no
Estado, disse. No Sul do país, as estradas são melhores e as distâncias
percorridas são menores, o que reduz o desgaste dos caminhões. Mesmo assim, o
transporte também está mais salgado na região.
Segundo levantamento da Organização
das Cooperativas do Paraná (Ocepar), do cinturão agrícola de Cascavel ao porto
de Paranaguá (cerca de 650 km), o custo médio do frete subiu de R$ 70 para R$
90 por tonelada (alta de 28,6%) em fevereiro ante o mesmo intervalo do ano
passado. No mesmo período, a commodity subiu quase 30% na região, de R$ 725
para R$ 941 por tonelada.
Até agora, houve uma
compensação para o produtor, mas a preocupação gira em torno dos rumores de
novos aumentos para o frete em março e abril, e queda nos preços da soja,
diz o assessor técnico e econômico da Ocepar, Robson Mafioletti.
O presidente do Sindicato das
Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Rio Grande do Sul
(Setcergs-RS), Sérgio Gonçalves Neto, chama ainda atenção para as especulações
sobre um possível reajuste no preço dos combustíveis em março. O aumento
de 5,4% no diesel no mês passado gerou um impacto de 3% no preço do frete.
Novos reajustes vão pesar sobre um setor que já sofre muito com estradas ruins
e novos custos, diz.
Ainda de acordo Gonçalves
Neto, a maioria das empresas não está cumprindo todas as exigências da nova lei
dos caminhoneiros por falta de motoristas e porque não há segurança nas
estradas para que os trabalhadores façam o descanso de maneira adequada. A lei
nº 12.619, que entrou em vigor em 17 de junho do ano passado, determina que o
motorista profissional trabalhe no máximo dez horas diárias ao volante, com
repouso de 30 minutos a cada quatro horas. Também determina que o tempo de
descanso à noite deve ser de 11 horas. Quando todos os ajustes forem
feitos, os preços do frete aumentarão ainda mais. Imagino que cerca de
14%, calcula.