Surge um novo nicho de mercado: o agroconcreto
O agronegócio brasileiro desconhece a crise e cresce a taxas anuais superiores à mundial. Segundo dados da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), através de seu Deagro (departamento de agronegócios), a produção de arroz, feijão, trigo, milho, café, carnes, laticínios, ovos, soja, algodão e açúcar levará o país a deter mais de 50% do mercado mundial até 2023. Para dar sustentação a esse crescimento, os empresários do setor investem em infraestrutura – na maioria das vezes, por conta própria.
São silos, galpões, pavimentação de pequenos trechos de estrada, barragens, alojamentos, residências, enfim, obras que precisam de concreto. Ao mesmo tempo, o setor é carente de fornecedores do material. Nem todas as áreas rurais possuem concreteiras disponíveis. Por isso, alguns empreendedores do setor decidiram investir no agroconcreto, ou seja, vêm comprando minicentrais, com capacidade de até 100 m³/dia, a fim de suprir suas demandas por concreto e fornecer material para outros empreendimentos no entorno.
O empreendedor Ronaldo Coutinho, da cidade de Mutum, na região leste de Minas Gerais, é um exemplo. Ele adquiriu uma minicentral e fornece concreto em um raio de 80 quilômetros. Seus principais clientes são produtores de café. A maior demanda dos cafeeiros é por áreas planas (radier de concreto) para a secagem dos grãos. Segundo Coutinho, que também fornece material para pequenos construtores da região, o agroconcreto responde por 20% de sua produção mensal.
Este nicho de mercado tem se mostrado tão atrativo, que fabricantes de equipamentos decidiram projetar máquinas especialmente para atender o fornecimento de concreto para o agronegócio. Na mais recente edição do Concrete Show, realizada no final de agosto, na cidade de São Paulo-SP, uma parte da feira foi dedicada exclusivamente para o agroconcreto. O setor tem se revelado tão atraente, que até indústrias estrangeiras se instalaram no país para atender o mercado. A italiana Fiori é uma delas.
A fabricante apresentou ao mercado brasileiro o CBV (Concrete Batching Vehicle). Trata-se de um equipamento que é uma central sobre rodas. Com tração 4 x 4, ele pode trafegar em qualquer terreno. Além disso, carrega um minilaboratório a bordo, que possibilita pesar e medir todos os materiais componentes (brita, areia, cimento, água e aditivos). Segundo o fabricante, a máquina tem capacidade para fazer 20 tipos diferentes de concreto. Com vários tamanhos de balão, ela pode produzir de 1,1 m³ até 5,5 m³ por batelada.
Pré-fabricados
Além de movimentar o setor de equipamentos, o agroconcreto estimula também o mercado de pré-fabricados à base de cimento. São vários os artefatos consumidos atualmente por fazendas e sítios. De postes, que substituem os palanques de madeira, a estruturas para erguer galpões.
Segundo o mais recente anuário da ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada do Concreto), 12,5% dos associados indicaram crescimento na produção. Parte destes indicadores positivos veio das indústrias localizadas no interior dos estados das regiões sul e sudeste do país, e que aproveitaram as oportunidades geradas pela nova fronteira da construção pré-fabricada: o agronegócio.
Entrevistados
– Deagro (Departamento de Agronegócios) da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) (via assessoria de imprensa
– Fiori Group (expositor na Concrete Show)
– ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada do Concreto)