Arquitetura aterrissa nos aeroportos futuristas
Projetado pelo escritório britânico Foster+Partners, o aeroporto de Pequim inaugurou uma nova fronteira para os terminais aéreos. Ao invés de maciços de concreto e aço, passaram a ser tratados como obras de arte da arquitetura. Além disso, tornaram-se equipamentos conectados com as cidades, agregando o máximo de mobilidade urbana: de metrô a ciclovias. O empreendimento erguido em Pequim, cuja construção começou em 2003 e terminou em 2007 – um ano antes dos Jogos Olímpicos realizados na capital chinesa -, foi porta de entrada para os aeroportos futuristas.
Os novos terminais projetados no mundo, desde o final da década passada, seguem os conceitos inaugurados em Pequim: linhas impactantes, áreas amplas, acessos rodoviários que fogem dos congestionamentos e interligação com outros modais. A própria China viabiliza um novo terminal, em Hong Kong, sem se desviar destes padrões. “A ideia é pensar o aeroporto como um edifício sustentável. Ele precisa ajudar a cidade, e não atrapalhar. Então, deve agregar design e se beneficiar de sua grande área para gerar energia solar e minimizar o consumo”, define o renomado arquiteto Normam Foster.
A tendência de transformar os terminais aéreos em usinas de energia está presente em todos os projetos de aeroportos futuristas. No novo terminal do Kuwait, as fontes fotovoltaicas abastecem o gigantesco sistema de ar-condicionado que abrange a construção. Ele cobre uma área de 1,2 km². Essa foi uma das exigências para que o edifício obtivesse a certificação LEED ouro, já que as temperaturas no Kuwait ultrapassam facilmente os 40 °C. Outra opção para resfriar o ambiente foi priorizar grandes colunas deconcreto aparente, já que o material tem baixa condutividade de calor.
O mesmo conceito se aplica ao aeroporto de Amã, na Jordânia. Concreto e vidro predominam na estrutura que envolve o terminal, cujo projeto arquitetônico lembra uma praça. A ideia foi transformar o empreendimento não apenas em um lugar de chegadas e partidas, mas de encontros entre famílias. “O local é um oásis em pleno deserto”, define Normam Foster, que investiu em gigantescas estruturas pré-fabricadas de concreto para criar grandes vãos e facilitar a circulação do ar. O aeroporto atende a um projeto ambicioso da Jordânia: o de se transformar no país com o maior fluxo de turistas do Golfo, até 2030. Por isso, foi projetado para receber até 30 milhões de passageiros por ano.
Maior do mundo
A preocupação com o futuro também levou a Cidade do México e a Cidade do Panamá a investirem emaeroportos futuristas. No caso do projeto mexicano, o design aerodinâmico do terminal tem um propósito: aproveitar as correntes de ar da região, que fica a mais de 2.200 metros de altitude, para criar um sistema que utilize a ventilação natural. Assim, em boa parte do ano o prédio dispensa a refrigeração artificial. No Panamá, o aeroporto de Tocumen, que fica a 24 quilômetros da Cidade do Panamá, apostou em um projeto arquitetônico que fizesse a fusão da estrutura já existente com um novo complexo de embarque e desembarque. O desafio, neste caso, foi conseguir a harmonia arquitetônica entre o velho e o novo.
Com o know-how adquirido em construir aeroportos futuristas, três dos maiores escritórios de arquitetura do mundo (Foster + Partners, Halcrow e Volterra) se uniram para projetar um terminal novo para Londres, aproveitando o estuário do rio Tâmisa. A um custo de 20 bilhões de libras (cerca de R$ 85 bilhões), o empreendimento poderá receber 150 milhões de passageiros por ano. A expectativa é que leve 16 anos para ficar pronto, transformando-se no maior aeroporto do mundo e também na edificação mais sustentável do planeta. Para aproveitar a correnteza do rio, uma usina hidrelétrica de médio porte será instalada no subsolo do aeroporto, a fim de torná-lo autossustentável em geração de energia.