Startup brasileira cria primeira impressora 3D para concreto
A impressão 3D utilizando concreto é realidade fora do Brasil. Os países mais avançados nesta área são Estados Unidos e China, que já conseguiram, literalmente, “imprimir” estruturas residenciais. No Brasil, a tecnologia despertou o interesse de um grupo de jovens engenheiros de Brasília-DF, que decidiu criar uma startup com o objetivo de construir a primeira impressora 3D para concreto do país.
A Inovahouse3D conta com o apoio de organismos como Senai, CBIC, ABCP e SindusCon-DF, inclusive para testes em laboratórios e apoio tecnológico. O próximo passo é atrair empresas que queiram apoiar tecnicamente e financeiramente o projeto. “Atualmente, contamos com editais de fomento para amadurecer o protótipo e lançar nosso primeiro produto”, afirma Juliana de Almeida Martinelli, que é estudante de engenharia elétrica pela Universidade de Brasília e que fundou a InovaHouse3D em 2015.
A startup conta ainda com outros quatro integrantes: Marcus Vinicius de Resende Maia Leite, cofundador da InovaHouse3D e também estudante de engenharia elétrica na Universidade de Brasília; Bruna Campos Figueiredo, que ocupa o cargo de desenvolvedora da metodologia construtiva, e é graduanda em engenharia civil pela Universidade de Brasília; Mariana de Mello Duarte, gestora de produtos, e Eduardo Gaspar Gonzalez, desenvolvedor tecnológico – ambos formados em engenharia elétrica. Eles concederam a seguinte entrevista para falar do projeto:
O objetivo da InovaHouse3D é construir a 1ª impressora 3D para concreto do Brasil?
O objetivo da InovaHouse3D é ser uma empresa pioneira na aplicação de impressão 3D na construção civil no Brasil. Esse processo inclui a regulamentação dessa nova tecnologia no setor, o desenvolvimento de materiais compatíveis com a máquina, a preparação do mercado para utilização desse novo processo e o desenvolvimento nacional de uma impressora 3D capaz de construir elementos não estruturais eelementos estruturais.
Como está esse processo, a empresa já conseguiu viabilizar o equipamento?
No âmbito de preparo e abertura do mercado estamos tendo muito êxito. Ao contrário do que imaginávamos, as empresas foram muito abertas, assim como os representantes de classe (CBIC e SindusCon-DF). O apoio deles nos ajudou a traçar uma boa estratégia de crescimento e uma boa perspectiva para essa tecnologia no país. Quanto ao desenvolvimento da tecnologia, hoje temos um protótipo que nos ajuda a conseguir resultados e testar as estruturas do nosso projeto. Ele também foi peça fundamental para ilustrar o funcionamento dessa tecnologia para os investidores e representantes do setor.
Outros países, como a China, já conseguem até “imprimir” uma casa com paredes de concreto. Esse é o objetivo da InovaHouse 3D?
O objetivo principal da InovaHouse3D é, através da utilização de tecnologia e de automação, conseguir reduzir o valor do metro quadrado construído, para que mais pessoas tenham acesso a um processo construtivo seguro. Durante o processo de desenvolvimento da empresa percebemos outras vantagens dessa tecnologia, que tem grande influência no objetivo principal, como: diminuição no impacto ambiental do setor, maior especialização e segurança do trabalhador, melhoria na logística e no planejamento da obra.
Ainda pegando o exemplo da China, eles usam a impressora 3D para casas de interesse social. Esse poderia ser o objetivo aqui no Brasil também?
A tecnologia pode ser utilizada em várias esferas do setor, inclusive na construção de habitação inclusiva e social. Outra área interessante é a inovação em materiais, expandindo para a utilização de materiais reciclados e locais.
Na primeira etapa, a impressora vai se dedicar a que tipos de projetos?
O primeiro produto da InovaHouse3D vai ser uma impressora capaz de imprimir módulos não estruturais, para que o desenvolvimento da tecnologia e sua inserção no mercado se dê de maneira gradual. O desenvolvimento da tecnologia vai acompanhar esse processo e contará com muito mais participação e insumos do mercado. Essa máquina terá volume de impressão de 2 m³ e possibilitará a impressão de módulos como paredes de vedação, objetos de decoração e de urbanismo. Um grande diferencial dessa máquina vai ser a versatilidade de material, além da forma como ele será inserido no mercado e os serviços de apoio à tecnologia.
O tipo de concreto usado para que a máquina possa viabilizar os objetos tem que ter alguma característica especial?
O material precisa ter vários parâmetros mapeados e incluídos no software da impressora. O traço do material final terá características pré-definidas, como: viscosidade, composição e grau de precisão. Pensando no modelo aditivo de impressão, o material será bombeado para uma extrusora e então depositado em camadas de acordo com o caminho pré-definido pela máquina. Depois, esse material deverá adquirir resistência naquela forma. Ou seja, o material precisa ter duas características: uma que permita sua manipulação e extrusão, e uma que o torne resistente.
E em termos de resistência e características do concreto?
Os traços serão testados em laboratórios. Quando houver a escolha do material, ele terá todos os resultados dos testes laboratoriais, para ajudar na escolha do material ideal para o tipo de construção que vier a ser feita. As restrições desses parâmetros vão corresponder às normas que regem cada atuação da máquina.
Entrevistados
– Juliana de Almeida Martinelli, estudante de engenharia elétrica na Universidade de Brasília e fundadora da InovaHouse3D
– Marcus Vinicius de Resende Maia Leite, estudante de engenharia elétrica na Universidade de Brasília e cofundador da InovaHouse3D
– Bruna Campos Figueiredo, estudante de engenharia civil pela Universidade de Brasília e desenvolvedora da metodologia construtiva da InovaHouse3D
Contato
www.inovahouse3d.com.br
Crédito Fotos: Divulgação/ InovaHouse3D
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330