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Por que as ruas de NY vivem eternamente em obras?

Informativo Massa Cinzenta – Cimento Itambé - 11 de outubro de 2016 1016 Visualizações
A mais importante metrópole do mundo, Nova York, nos Estados Unidos, tem quase 11 mil quilômetros de ruas pavimentadas. E esse pavimento está constantemente em obras. Ocorre que toda a infraestrutura que faz a cidade funcionar corre por baixo das ruas, e precisa sempre de manutenção. São cabos elétricos, cabos de fibra óptica, tubulações de gás, de esgoto, de águas pluviais, redes de telefonia e de TV a cabo, além do metrô.
Boa parte destas operações é realizada por prestadores de serviços privados. A prefeitura de Nova York, no entanto, controla com rigor as licenças para que as manutenções possam ocorrer. Segundo o departamento de obras de NY, a maior dificuldade é que as empresas resistem em compartilhar informações com a prefeitura, temendo que elas cheguem aos concorrentes. Além disso, o mapeamento de suas instalações não é preciso.
Existem casos em que a prefeitura de Nova York descobre que tubulações de energia elétrica correm ao lado de canos que transportam gás, o que é proibido. Para fazer essa investigação, o próprio departamento de obras necessita escavar a pavimentação. Neste caso, o poder público tem que seguir a mesma regra que vale para os serviços privados: o pavimento precisa ser recomposto sem deixar irregularidades e com o mesmo material do original.
Quem controla essas operações é a agência de gestão de obras de NY. Em 2015, foram emitidas 223.271 licenças na cidade – destas, 209.436 abriram buracos nas ruas de Nova York. A agência também realiza aproximadamente 11 mil inspeções por semana, e no ano passado emitiu 34.266 multas, que não são baratas. Em média, quem é flagrado interferindo na pavimentação das ruas nova-iorquinas sem autorização paga de 800 a 21 mil dólares, dependendo do tamanho da infração.
 
“Caos organizado”
O dinheiro arrecadado pelas multas vai para um fundo que direciona recursos para a pavimentação da cidade. Em 2015, foi arrecadado US$ 1,34 milhão em multas. Mas NY se movimenta para minimizar esse retrabalho. Em algumas ruas já está em teste um tipo de pavimento que permite ser retirado e recolocado sem maiores danos. Trata-se de placas de concreto que, ao serem removidas, dão acesso às tubulações.
Outra experiência que pode vir a ser colocada em prática é a transferência das tubulações para túneis exclusivos. Essas instalações permitiriam às equipes de manutenção operar sem agredir o pavimento das ruas e sem interferir no trânsito da cidade. O problema é o custo desta operação. Estima-se que Nova York precisaria investir cerca de US$ 16 bilhões para remodelar o sistema de cabos e canos que estão em seu subsolo.
A ideia de enterrar as tubulações de Nova York surgiu em 1888, após a cidade ser atingida por uma forte nevasca que derrubou postes e estourou encanamentos, paralisando a cidade. Desde então, NY vive em constante processo de reforma em suas ruas, obrigando o poder público a gerenciar o que os nova-iorquinos chamam de “caos organizado”. O problema é que, segundo urbanistas e engenheiros que estudam a cidade, ela não suportaria mais 50 anos de emaranhados de fios, cabos e canos em seu subterrâneo. Algo precisa ser feito, alertam.
 
Entrevistado
Com base em texto publicado na edição de 18 de agosto de 2016 do jornal New York Times, com reportagem de Emily S. Rueb
Confira texto original da reportagem
Crédito Foto: New York Times
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330