Mineração do futuro – se quiser continuar – tem de gastar menos energia. E ponto.
infraroi
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19 de outubro de 2016
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A indústria brasileira pena quando o assunto é o custo da tarifa de energia elétrica. Segundo a Empresa de Planejamento de Energia (EPE), ligada ao Ministério de Minas e Energia, o preço médio para o setor foi de R$ 262,32 por megawatt hora (MWh) em 2012. Segundo a Firjan, federação das indústrias do Rio de Janeiro, o valor teria sido de R$ 329/MWh em 2011, o que colocava o país acima dos R$ 215,5 MWh, que era o valor médio de um total de 27 países. E mais: o preço cobrado no Brasil seria 134% maior do que o da média dos BRICS, sigla que inclui a nós e outros dois outros grandes da economia mundial – China e Índia – e o ilustre convidado, que é a Rússia.
Se o cenário para o setor industrial parece complexo, na mineração o problema cresce ainda mais. Dados da EPE indicam que o setor industrial respondeu por 40% do consumo total de energia no Brasil em 2012 (números do anuário de 2013, o mais recente). Dos dez segmentos industriais com maior participação no consumo, a EPE lista a metalurgia (com 25%), a fabricação de minerais não-metálicos, com 7,4%, e a extração mineral, com 7,3%. Ou seja, direta ou indiretamente, a energia elétrica como insumo pesa e pesa bem na conta das mineradoras.
Não é por acaso que os fabricantes que atendem essa indústria se antecipem no lançamento de novas tecnologias para tornar mais racional o consumo de energia. É o caso da multinacional finlandesa Metso. No final de setembro, a empresa trouxe especialistas internacionais para um seminário realizado em Belo Horizonte, que apresentou alguns modelos da mineração do futuro. A engenheira australiana Kristy Duff, mostrou pesquisas da área de Tecnologia de Processamento Mineral (PTI) que indicam a possibilidade de uma mineração mais sustentável. É o caso da cominuição, que pode representar até 70% do custo de energia do processamento mineral. Ela aponta que moinhos de rolo verticais, por exemplo, são entre 25% e 40% mais eficientes em consumo de energia do que os tradicionais moinhos de bola. De forma geral, as otimizações tecnológicas podem reduzir em mais de 35% o consumo de energia no processamento mineral, segundo a especialista.
De olho na mesma questão, a ABB também aposta na tecnologia para otimizar o consumo de energia no segmento mineral. A empresa criou um sistema de controle elétrico chamado MIDAS Library. Trata-se de um conjunto de softwares integrados à automação da mina, o qual monitora todos os processos de gerenciamento da subestação de energia das mineradoras. A proposta, de acordo com a multinacional, é reduzir o tempo de diagnóstico de falhas na planta, reduzindo igualmente o desperdício de energia elétrica.
Um operador que usar o MIDAS Library será capaz de monitorar toda a infraestrutura elétrica de uma mina de uma única estação de trabalho, usando um único pacote de software. Os dados analíticos são apresentados em tempo real usando uma interface gráfica que seja compreensiva e intuitiva. A tecnologia funciona dentro do sistema 800xA, da ABB, que é uma plataforma para monitoramento e controle de diversos processos industriais automatizados e que tem como base a norma 61850, da International Electrotechnical Commission (IEC).
De acordo com a ABB, as minas dotadas de tecnologias nesse padrão podem adequar o MIDAS com facilidade. Ao oferecer mais informações sobre o estado dos sistemas elétricos das plantas de processamento mineral, a fabricante europeia destaca que as correções poderão ser feitas remotamente. Literalmente sem gasto de energia.